Filho de emigrantes polacos na França ocupada da Segunda Guerra Mundial, ao pequeno Raymond pouco mais havia a fazer do que seguir as pegadas dos homens mais velhos da casa - "Eu via o meu pai e o meu irmão a irem para o trabalho (...). Eles lavavam-se e vestiam-se e iam para as minas. E eu observava-os e entendi tudo. Eu sabia que aquela vida horrível, cedo havia de ser a minha vida também"*.
Com o destino aparentemente traçado, Kopa acabaria por se ver a empurrar, túnel acima, carros cheios do carvão minerado 600 metros abaixo. Mas apesar deste fado, os seus sonhos tinham a forma redonda de uma bola. Por causa deles, nada mais o instigava do que um bom desafio de futebol. Com os seus amigos, também filhos de polacos e igualmente apaixonados pela modalidade, acabaria por fundar um pequeno clube de rua, ao qual se daria o nome de "Chemin-Perdu" (caminho perdido). Jogavam com os meninos franceses; usavam bolas de trapos ou latas velhas; e, por conta da desfaçatez de infância, num verdadeiro acto de insurreição, roubariam uma bola a um grupo de soldados alemães.
A escapatória para rotina vivida nas minas, encontrá-la-ia no clube de Noeux-les-Mines, a sua cidade natal. Daí, até a um concurso que pretendia eleger o melhor jovem jogador francês, foi o passo que, radicalmente, mudaria a sua vida. Apesar de ter apenas conseguido o segundo lugar, as suas qualidades futebolísticas destacá-lo-iam dos demais concorrentes. Clubes de nomeada entraram, assim, na sua peugada, e Kopa acabaria por assinar pelo Angers.
A passagem pela Segunda Divisão gaulesa serviria de experiência e, principalmente, de rampa para o maior clube francês da década de 50. No Stade de Reims, integrado num grupo onde coabitou com inúmeros internacionais franceses, como Just Fontaine, ou outros craques, como o nosso conhecido Fernando Riera (treinador do Benfica, Belenenses, Sporting e FC Porto), Kopa cresceria para se tornar numa das maiores estrelas do futebol mundial. Rápido e dono de uma técnica estonteante, o atacante, para além de conseguir driblar qualquer adversário, era uma sumidade na perfeita colocação da bola nos companheiros.
O seu contributo, fez com que o clube crescesse muito para além-fronteiras. Para acrescentar aos títulos nacionais que, entre 1951/52 e 1955/56, ajudou a conquistar (2 Campeonatos; 1 Supertaça), podemos ainda acrescentar as campanhas europeias que permitiram ao Stade de Reims a conquista da Taça Latina de 1953 (disputada em Lisboa) e a presença na final da primeira edição da Taça dos Campeões Europeus, em 1956.
Seria este desafio, perdido frente ao Real Madrid, que levaria Kopa a deixar o emblema gaulês para se juntar... nada mais, nada menos, que aos "Merengues". Na capital espanhola, numa equipa que já contava com Di Stéfano, Puskás ou Gento, Kopa perfilava-se para ser apenas mais um!!! Pior ainda, era saber que, no seio tantas estrelas, era o astro hispano-argentino que ocupava a sua posição de campo. No entanto, desengane-se quem pensou que o francês estaria vetado ao esquecimento. Adaptado à ala-direita do ataque “madridista”, Kopa continuaria a mostrar as suas qualidades.
Nos três anos em que vestiu de branco, acabaria por conquistar 3 Taças do Campeões Europeus. Curiosamente, seria uma dessas finais que, mais uma vez, mudaria o rumo do avançado. Ao que parece, após o terceiro desses confrontos (1958/59), jogado com o Stade de Reims, Kopa recebe um convite do seu antigo clube. Não consegue resistir e, por essa razão, na viragem para a temporada de 1959/60, voltaria a trajar o branco e vermelho dos franceses.
Ora, por esta altura já o atleta era uma figura consagrada do desporto. Para tal, muito tinham contribuído as presenças nos Mundiais de 1954 e 1958. Contudo, e se no primeiro, disputado na Suíça, a França não iria para além da Fase de Grupos, já no torneio que se sucedeu, os "Bleus" seriam uma das melhores equipas. Para além da medalha de bronze conseguida, Kopa, que muito contribuiria para o título de melhor marcador de Just Fontaine (13 golos), acabaria por ser considerado o melhor atleta do certame sueco. Esse prémio, juntamente com aquilo que havia feito ao serviço do Real Madrid, acabaria por levá-lo à vitória num dos melhores prémios individuais de sempre, o "Ballon d'Or" da "France Football".
Mas o regresso ao Stade de Reims, que, ainda assim, acrescentou ao seu rol de conquistas mais 2 títulos franceses, haveria de marcar o início da fase descendente da sua carreira. Muito afectado pela doença do filho, que acabaria por falecer na sequência da tal leucemia, Kopa acabaria por perder o fulgor de outros tempos. Abatido animicamente, a vontade de jogar parecia ter-se esgotado. Para piorar este cenário, o próprio clube entraria em franca decadência, acabando mesmo por ser relegado ao segundo escalão. Kopa acabaria por se retirar aos 35 anos de idade.
* retirado de "Mon Football", Raymond Kopa e Paul Katz
Com o destino aparentemente traçado, Kopa acabaria por se ver a empurrar, túnel acima, carros cheios do carvão minerado 600 metros abaixo. Mas apesar deste fado, os seus sonhos tinham a forma redonda de uma bola. Por causa deles, nada mais o instigava do que um bom desafio de futebol. Com os seus amigos, também filhos de polacos e igualmente apaixonados pela modalidade, acabaria por fundar um pequeno clube de rua, ao qual se daria o nome de "Chemin-Perdu" (caminho perdido). Jogavam com os meninos franceses; usavam bolas de trapos ou latas velhas; e, por conta da desfaçatez de infância, num verdadeiro acto de insurreição, roubariam uma bola a um grupo de soldados alemães.
A escapatória para rotina vivida nas minas, encontrá-la-ia no clube de Noeux-les-Mines, a sua cidade natal. Daí, até a um concurso que pretendia eleger o melhor jovem jogador francês, foi o passo que, radicalmente, mudaria a sua vida. Apesar de ter apenas conseguido o segundo lugar, as suas qualidades futebolísticas destacá-lo-iam dos demais concorrentes. Clubes de nomeada entraram, assim, na sua peugada, e Kopa acabaria por assinar pelo Angers.
A passagem pela Segunda Divisão gaulesa serviria de experiência e, principalmente, de rampa para o maior clube francês da década de 50. No Stade de Reims, integrado num grupo onde coabitou com inúmeros internacionais franceses, como Just Fontaine, ou outros craques, como o nosso conhecido Fernando Riera (treinador do Benfica, Belenenses, Sporting e FC Porto), Kopa cresceria para se tornar numa das maiores estrelas do futebol mundial. Rápido e dono de uma técnica estonteante, o atacante, para além de conseguir driblar qualquer adversário, era uma sumidade na perfeita colocação da bola nos companheiros.
O seu contributo, fez com que o clube crescesse muito para além-fronteiras. Para acrescentar aos títulos nacionais que, entre 1951/52 e 1955/56, ajudou a conquistar (2 Campeonatos; 1 Supertaça), podemos ainda acrescentar as campanhas europeias que permitiram ao Stade de Reims a conquista da Taça Latina de 1953 (disputada em Lisboa) e a presença na final da primeira edição da Taça dos Campeões Europeus, em 1956.
Seria este desafio, perdido frente ao Real Madrid, que levaria Kopa a deixar o emblema gaulês para se juntar... nada mais, nada menos, que aos "Merengues". Na capital espanhola, numa equipa que já contava com Di Stéfano, Puskás ou Gento, Kopa perfilava-se para ser apenas mais um!!! Pior ainda, era saber que, no seio tantas estrelas, era o astro hispano-argentino que ocupava a sua posição de campo. No entanto, desengane-se quem pensou que o francês estaria vetado ao esquecimento. Adaptado à ala-direita do ataque “madridista”, Kopa continuaria a mostrar as suas qualidades.
Nos três anos em que vestiu de branco, acabaria por conquistar 3 Taças do Campeões Europeus. Curiosamente, seria uma dessas finais que, mais uma vez, mudaria o rumo do avançado. Ao que parece, após o terceiro desses confrontos (1958/59), jogado com o Stade de Reims, Kopa recebe um convite do seu antigo clube. Não consegue resistir e, por essa razão, na viragem para a temporada de 1959/60, voltaria a trajar o branco e vermelho dos franceses.
Ora, por esta altura já o atleta era uma figura consagrada do desporto. Para tal, muito tinham contribuído as presenças nos Mundiais de 1954 e 1958. Contudo, e se no primeiro, disputado na Suíça, a França não iria para além da Fase de Grupos, já no torneio que se sucedeu, os "Bleus" seriam uma das melhores equipas. Para além da medalha de bronze conseguida, Kopa, que muito contribuiria para o título de melhor marcador de Just Fontaine (13 golos), acabaria por ser considerado o melhor atleta do certame sueco. Esse prémio, juntamente com aquilo que havia feito ao serviço do Real Madrid, acabaria por levá-lo à vitória num dos melhores prémios individuais de sempre, o "Ballon d'Or" da "France Football".
Mas o regresso ao Stade de Reims, que, ainda assim, acrescentou ao seu rol de conquistas mais 2 títulos franceses, haveria de marcar o início da fase descendente da sua carreira. Muito afectado pela doença do filho, que acabaria por falecer na sequência da tal leucemia, Kopa acabaria por perder o fulgor de outros tempos. Abatido animicamente, a vontade de jogar parecia ter-se esgotado. Para piorar este cenário, o próprio clube entraria em franca decadência, acabando mesmo por ser relegado ao segundo escalão. Kopa acabaria por se retirar aos 35 anos de idade.
* retirado de "Mon Football", Raymond Kopa e Paul Katz
Sem comentários:
Enviar um comentário