Por obra do acaso, Bentes nasceria, aquando de uma visita de seus pais ao Minho, numa aldeia perto de Braga. Regressados ao Alentejo, seria na cidade de Portalegre que haveria de crescer e se faria menino. Ora, quis o destino que esse mesmo rapaz, pequeno, mas de uma agilidade surpreendente, fosse um às com a bola nos pés. Quem também não deixaria de reparar em tal facto, seria o antigo seleccionador nacional, Armando Sampaio. Também ele alentejano, a ligação que mantinha com a Académica, fez com que levasse o veloz rapaz a treinar com os "Estudantes". Bentes agradou e por lá ficou!
Tais eram as suas habilidades, que, com apenas 18 anos de idade, é chamado à estreia na equipa principal dos conimbricenses. Rapidamente, bem à imagem daquilo que era dentro de campo, conseguiu ganhar um lugar no "onze" inicial. Na ala esquerda do ataque, a sua velocidade, aliada a uma finta estonteante e a um remate potente, eram a dor de cabeça para qualquer defesa contrária. Mas, muito para além daquilo que sabia fazer, Bentes tinha na regularidade exibicional, o sustento para uma época inteira. Para ele, como testemunharia Mário Wilson, "jogar mal estava fora de hipótese". Destabilizava, e era nesse caos gerado pelas suas corridas, que alicerçava todo o seu brilhantismo.
Homem distinto, jogaria toda sua vida profissional por um só clube. Pela Académica, numa década e meia de jogos, tornar-se-ia no melhor marcador da história do emblema estudantil. Essa ligação, ao contrário daquilo que hoje seria normal, foi feita por sua vontade. Convites para mudar sempre os teve. Mas nenhum dos "Grandes" que o namoraram, mereceram a paixão que despendia pela sua "Briosa".
Brio também é uma das palavras que se ajusta à sua pessoa. Um dos episódios mais conhecidos sobre a sua vida de futebolista, fotografa, exactamente, o carácter vertical da sua pessoa. Em certo dia, aquando de um encontro entre "O Elvas" e a Académica, um remate seu é dado como golo. O árbitro, validando o lance, aponta para o círculo central. Logo de seguida, sem, por certo, entender o porquê de tal indignação, o juiz vê-se rodeado pelos atletas da casa. Todos gesticulavam, todos reclamavam sobre veracidade daquele momento. É então que Bentes também se acerca do aglomerado de jogadores. Para ele, muito mais do que um golo, do que uma vitória ou do que um sucesso, estava a justiça do mesmo. Bentes, de uma rectidão exemplar, explica ao árbitro que a bola, ao invés daquilo que ele tinha pensado, havia entrado na baliza por um buraco existente na lateral da rede. O golo seria anulado, um pontapé de baliza seria assinalado e a Académica acabaria por sair derrotada por 3-2!!!
Outro momento engraçado na sua carreira, haveria de acontecer numa partida frente ao Lusitânia. Ora, já a goleada ia em números expressivos, quando um remate de Bentes é travado pelo guardião adversário. Orgulhoso do seu feito, o guarda-redes, já de pé e com a bola em sua posse, vira-se para o extremo e diz-lhe: "este não marcaste tu"! Não satisfeito com a provocação, diz-se que ainda tentou fazer um manguito. É então que o caricato acontece, com o esférico a fugir-lhe das mão e a entrar dentro da baliza!!!
Pela selecção conseguiu 3 internacionalizações. Notoriamente pouco, para um jogador da sua categoria. Ainda assim, o orgulho de ter vestido a "camisola das quinas" ninguém lhe o pode tirar. Tal como nada apagaria da sua memória o facto de ter partilhado essa experiência com um dos seus ídolos de sempre, o benfiquista Rogério Carvalho. Ironia do destino, seria também frente ao antigo capitão "encarnado" que Bentes perderia a oportunidade de ganhar um grande título. Nessa final da Taça de Portugal de 1950/51, como o próprio Bentes viria a reconhecer, a sua Académica tinha sido derrotada (5-1) "por um génio do futebol, chamado Rogério Lantes de Carvalho".
Claro que todos os aspectos aqui retratados, fizeram do antigo avançado um dos símbolos, talvez o maior, da história da Académica. No entanto, há outro que vinca ainda mais a sua ligação aos ideais do clube. É que Bentes, para além de excepcional desportista, era, do mesmo modo, um modelo nos estudos. Por essa razão, foi já depois de terminar a carreira, que concluiria o curso do Magistério. "Pendurava as botas", mas naquele preciso momento nascia ali um exemplar professor primário.
Tais eram as suas habilidades, que, com apenas 18 anos de idade, é chamado à estreia na equipa principal dos conimbricenses. Rapidamente, bem à imagem daquilo que era dentro de campo, conseguiu ganhar um lugar no "onze" inicial. Na ala esquerda do ataque, a sua velocidade, aliada a uma finta estonteante e a um remate potente, eram a dor de cabeça para qualquer defesa contrária. Mas, muito para além daquilo que sabia fazer, Bentes tinha na regularidade exibicional, o sustento para uma época inteira. Para ele, como testemunharia Mário Wilson, "jogar mal estava fora de hipótese". Destabilizava, e era nesse caos gerado pelas suas corridas, que alicerçava todo o seu brilhantismo.
Homem distinto, jogaria toda sua vida profissional por um só clube. Pela Académica, numa década e meia de jogos, tornar-se-ia no melhor marcador da história do emblema estudantil. Essa ligação, ao contrário daquilo que hoje seria normal, foi feita por sua vontade. Convites para mudar sempre os teve. Mas nenhum dos "Grandes" que o namoraram, mereceram a paixão que despendia pela sua "Briosa".
Brio também é uma das palavras que se ajusta à sua pessoa. Um dos episódios mais conhecidos sobre a sua vida de futebolista, fotografa, exactamente, o carácter vertical da sua pessoa. Em certo dia, aquando de um encontro entre "O Elvas" e a Académica, um remate seu é dado como golo. O árbitro, validando o lance, aponta para o círculo central. Logo de seguida, sem, por certo, entender o porquê de tal indignação, o juiz vê-se rodeado pelos atletas da casa. Todos gesticulavam, todos reclamavam sobre veracidade daquele momento. É então que Bentes também se acerca do aglomerado de jogadores. Para ele, muito mais do que um golo, do que uma vitória ou do que um sucesso, estava a justiça do mesmo. Bentes, de uma rectidão exemplar, explica ao árbitro que a bola, ao invés daquilo que ele tinha pensado, havia entrado na baliza por um buraco existente na lateral da rede. O golo seria anulado, um pontapé de baliza seria assinalado e a Académica acabaria por sair derrotada por 3-2!!!
Outro momento engraçado na sua carreira, haveria de acontecer numa partida frente ao Lusitânia. Ora, já a goleada ia em números expressivos, quando um remate de Bentes é travado pelo guardião adversário. Orgulhoso do seu feito, o guarda-redes, já de pé e com a bola em sua posse, vira-se para o extremo e diz-lhe: "este não marcaste tu"! Não satisfeito com a provocação, diz-se que ainda tentou fazer um manguito. É então que o caricato acontece, com o esférico a fugir-lhe das mão e a entrar dentro da baliza!!!
Pela selecção conseguiu 3 internacionalizações. Notoriamente pouco, para um jogador da sua categoria. Ainda assim, o orgulho de ter vestido a "camisola das quinas" ninguém lhe o pode tirar. Tal como nada apagaria da sua memória o facto de ter partilhado essa experiência com um dos seus ídolos de sempre, o benfiquista Rogério Carvalho. Ironia do destino, seria também frente ao antigo capitão "encarnado" que Bentes perderia a oportunidade de ganhar um grande título. Nessa final da Taça de Portugal de 1950/51, como o próprio Bentes viria a reconhecer, a sua Académica tinha sido derrotada (5-1) "por um génio do futebol, chamado Rogério Lantes de Carvalho".
Claro que todos os aspectos aqui retratados, fizeram do antigo avançado um dos símbolos, talvez o maior, da história da Académica. No entanto, há outro que vinca ainda mais a sua ligação aos ideais do clube. É que Bentes, para além de excepcional desportista, era, do mesmo modo, um modelo nos estudos. Por essa razão, foi já depois de terminar a carreira, que concluiria o curso do Magistério. "Pendurava as botas", mas naquele preciso momento nascia ali um exemplar professor primário.
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