643 - RONNIE ALLEN

Foi ainda no decorrer da 2ª Guerra Mundial que Ronnie Allen começaria a jogar pelo Port Vale. O conflito acabaria por adiar o recomeço das provas nacionais até 1946/47, temporada que marcaria a estreia do atleta nas Ligas Profissionais. No entanto, logo na época do regresso, a carreira do jovem jogador acabaria por sofrer uma interrupção. Chamado ao serviço militar e integrado na “Royal Air Force”, o atacante acabaria por continuar a jogar, representando a equipa de futebol desse ramo das forças armadas.
O regresso ao clube dar-se-ia, sensivelmente, dois anos após a sua incorporação. Rapidamente, mesmo com o Port Vale a disputar as divisões secundárias inglesas, as qualidades do atacante começam a despertar a cobiça de emblemas de outra monta. É nesse sentido que, para a temporada de 1949/50, o West Bromwich Albion (WBA) decide contratá-lo.
Sendo habilidoso com a bola, extremamente veloz e com “faro” para o golo, a ambientação de Ronnie Allen à realidade do escalão máximo, aconteceria muito depressa. Tão rápida seria a sua adaptação que, ainda no mês da sua chegada, dá-se a sua estreia. O embate frente ao Wolverhampton acabaria por dar, safando a sua equipa da derrota, o primeiro golo ao atacante. Desse modo, também nas bancadas, o nome de Ronnie Allen passou a ser familiar.
Habituado a ocupar os extremos do ataque, a grande mudança a que Ronnie Allen haveria de ser sujeito, seria a mudança de posição. Percebendo que seu físico franzino não era impedimento para jogar noutras partes do campo, o treinador Jack Smith adapta-o a avançado-centro. É nessa posição que ganha fama e que, em Maio de 1952, disputa o primeiro jogo pela selecção nacional.
Apesar de reconhecidas as suas qualidades, a sua relação com a equipa inglesa acabaria por retractar-se pela distância. Reféns de alguns “lobbys”, os responsáveis técnicos da selecção, justificariam a exclusão de Ronnie Allen com a sua falta de altura. No entanto, o 1,73m do avançado não haveria de ser entrave para, na temporada de 1954/55, vencer o prémio de melhor marcador da Liga. Na época anterior, também não havia impedido o atleta de ajudar a sua equipa nas eliminatórias da Taça de Inglaterra. No derradeiro encontro, em pleno Estádio de Wembley, dois golos seus ajudariam a colorir o placard com o 3-2. O dito resultado faria com que o WBA, frente ao Preston North End, conquistasse o tão almejado troféu.
Mais de uma década ao serviço do WBA, durante parte da qual dividiria o balneário com o lendário Bobby Robson, terminaria com a sua mudança para o Crystal Palace. Tendo ultrapassado a barreira dos 30 anos de idade, Ronnie Allen, provavelmente, achou por bem afastar-se das competições mais exigentes, para terminar a sua carreira a disputar os escalões inferiores. O avançado abandonaria os relvados na temporada de 1964/65, não sem antes envergar a braçadeira de capitão, daquele que haveria de ser o seu último emblema enquanto futebolista.
No seu percurso como treinador, rapidamente viraria as primeiras páginas. Logo após ter “pendurado” as chuteiras, o antigo internacional assumiria os ofícios de adjunto no Wolverhampton Wanderers. Contudo, pouco tempo passaria no desempenho de tais tarefas. Corridos 6 meses da sua chegada, por razão do despedimento de Andy Beattie, os dirigentes do clube dirigem-lhe o convite e, desse modo, Ronnie Allen conseguiria o seu primeiro o trabalho como “manager”.
Após esta primeira experiência como treinador principal, ele que nunca havia representado um emblema estrangeiro, é contratado pelo Athletic de Bilbao. No País Basco, o treinador inglês haveria de pôr o clube na luta pelos lugares cimeiros, tendo, na temporada de 1969/70, atingido o 2º lugar da tabela classificativa.
Ora, é já com um bom currículo que Ronnie Allen chega ao Sporting. No entanto, aquilo que era uma grande aposta do emblema de Alvalade, revelar-se-ia num autêntico desastre. Desde o princípio da época, até ao momento em que seria dispensado, o britânico acumularia uma série de tropeções. Muito para além das sucessivas derrotas “caseiras”, também na Europa os “Leões” somariam um bom desaire. Fica para história, sendo a maior vitória do Hibernian nas competições europeias, a goleada por 6-1, sofrida na 1ª mão, da 1ª ronda da Taça dos Vencedores das Taças de 1972/73.
Depois desta passagem por Portugal, Ronnie Allen, tornando-se num verdadeiro “globetrotter”, daria continuidade ao seu caminho. Entre alguns regressos ao seu país, destaque para a sua passagem pela selecção da Arábia Saudita ou pela Grécia, na liderança do Panathinaikos. O “adeus” ao futebol aconteceria já no começo dos anos 80, e de volta ao seu West Bromwich Albion.

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