766 - GERVÁSIO

Começou a jogar pelas “Águias“ e, ainda como atleta das camadas jovens do Benfica, seria chamado à selecção portuguesa de Juniores. Curiosamente e sendo um dos futebolistas em destaque nas “escolas” do clube, Gervásio, na altura de fazer a transição para o patamar sénior, escolhe representar outro emblema. Talvez para dar continuidade aos estudos, sonho que veria concretizado ao formar-se em Direito, é no Verão de 1962 que assina pela Académica. Em Coimbra tornar-se-ia numa das maiores figuras do emblema beirão. Ainda assim, os primeiros tempos não seriam fáceis e só passados alguns anos é que o jogador consegue conquistar um lugar na equipa.
É já na época de 1964/65 que o seu estatuto de lenda começa a tomar forma. Sendo um médio trabalhador, Gervásio também era reconhecido pelas boas capacidades técnicas. Aos poucos, essas suas qualidades levam-no a transformar-se num dos esteios da equipa. Sendo importante no balancear do jogo ofensivo, tal como nas manobras defensivas, o jogador passa a ser um dos nomes habituais na ficha de jogo.
Gervásio, com um papel muito importante nas glórias do clube, estaria presente naqueles que foram os melhores anos da história desportiva da Académica. Na época de 1966/67, ajudaria os “Estudantes” a desafiar os “grandes” do nosso futebol e a alcançar o 2º lugar da tabela classificativa. Também nessa temporada, disputaria a derradeira partida da Taça de Portugal. Já passados dois anos, e encarregue da braçadeira de capitão, estaria, mais uma vez, presente no Jamor. Em ambos os casos veria a sua equipa ser batida pelos adversários. Contudo, e mesmo tendo em conta essas derrotas, não há quem ponha em causa o mérito da sua carreira. Outro exemplo do seu contributo, foram as provas europeias. Tendo disputado diversas edições, há que destacar a sua participação na Taça dos Vencedores das Taças de 1969/70. Nessa campanha, tendo entrando em campo em todas as 6 partidas, ajudaria a Académica a atingir os quartos-de-final.
Mas não é só de algarismos que se constrói uma carreira. Todavia, os números alcançados por Gervásio são impressionantes. 17 temporadas a representar a “Briosa”, 10 das quais como “capitão”, representam 430 desafios jogados e 284 na posse da braçadeira. Esta equação faz dele o 2º jogador com mais jogos no emblema conimbricense e, ultrapassando o recorde de Mário Wilson, o 1º como líder dentro de campo.
Para além do seu percurso nos campos da bola, o médio representaria outros papéis dentro da modalidade. Dando azo à sua faceta lutadora, e tendo tomado posse ainda nos últimos anos como atleta, Gervásio abraçaria as funções de Presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol. Já depois de, no final da temporada de 1978/79, ter “pendurado as chuteiras”, o antigo atleta ainda voltaria ao futebol. Sempre ao serviço dos “Estudantes”, primeiro entregar-se-ia aos deveres de treinador. Já na viragem do milénio, aceitaria o convite de José Eduardo Simões e assumiria o cargo de Vice-Presidente.
A derradeira homenagem à sua entrega seria feita em 2004, quando o novo museu da Académica de Coimbra foi baptizado com o seu nome.

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