Com o pai como fundador, jogador e treinador do Sporting de Luanda e dois irmãos mais velhos, também eles dados à prática da modalidade, a Jorge Mendonça pouco mais coube fazer do que abraçar o destino do futebol. Seria, no entanto, a mudança da família para Lisboa e a posterior entrada nas “escolas” do Sporting Clube de Portugal, que surgiriam como os passos definitivos para o lançamento de uma carreira, muito mais do que cheia de episódios curiosos, repleta de momentos gloriosos.
Depois de brilhar nos juniores do emblema leonino, sendo as suas exibições muito louvadas pelos jornais da altura, a consciência de que dificilmente conseguiria assegurar um lugar na equipa principal, levá-lo-ia a viajar até ao Minho. No Sporting de Braga, onde passaria a partilhar o balneário com os irmãos Fernando e João, estrear-se-ia depois de completar 18 anos de idade. A época de 1956/57, a sua primeira como sénior, terminaria com os “Guerreiros” a assegurar a subida ao escalão máximo. Já a campanha seguinte, com os “Arsenalistas” a terminarem o Campeonato Nacional num honroso 5º lugar, serviria para lançar o avançado em sendas de outra monta.
Ao destacar-se como um atacante possante, de fino recorte técnico, drible fácil e belíssimo no jogo aéreo, o final da temporada de 1957/58 traria ao atleta a convocatória à selecção nacional. Todavia, a chamada de José Maria Antunes para o particular frente a Espanha, apesar da promessa reiterada na antevisão da partida, acabaria por não redundar na tão almejada internacionalização. O jogo, para além do resultado final, ficaria na memória de todos por razão das agressões ocorridas durante grande parte dos 90 minutos. Já o atacante guardaria para si a frustração de não ter entrado em campo. Ainda assim, a partida disputada em Madrid como que surgiria em jeito de premonição.
Devido ao Campeonato português terminar bem antes do congénere espanhol, surgiria a oportunidade de Jorge Mendonça, ao lado do irmão Fernando, terminar a temporada de 1957/58 do outro lado da fronteira. Após um convite de um empresário com fortes ligações à família, os dois atletas rumariam a La Coruña, onde o Deportivo lutava para manter-se na 2ª divisão. Com grandes exibições, Jorge Mendonça começaria a chamar a atenção de outros emblemas. Surgiria então o treinador Ferdinand Daucik que, bem disfarçado, iria observá-lo a uma das partidas disputadas pelo emblema galego. Com as indicações do técnico, à altura à frente do Atlético Madrid, a apontar para a sua contratação, o avançado seguiria caminho para a capital. Depressa conseguiria tornar-se num dos ídolos “colchoneros” e, mais uma vez, surgiriam cogitações sobre a sua inclusão nos trabalhos da selecção de Portugal.
Com a tropa no horizonte e com tal obrigação a afastá-lo da competição, Jorge Mendonça recusar-se-ia ao serviço militar. Ao dar prioridade ao acordo que, havia dias, tinha rubricado com o Atlético Madrid, o avançado seria listado como desertor e veria esfumar-se a oportunidade de vestir a “camisola das quinas”. Mesmo com o seleccionador Armando Ferreira a prometer-lhe um salvo-conduto, o jogador manter-se-ia irredutível na decisão de, tão cedo, não regressar a Portugal. Anos mais tarde, depois de concluído o processo de naturalização e de rebaptizado como Mendoza, nova ocasião emergiria para que pudesse envergar outro equipamento nacional. Com o Mundial de 1962 a abeirar-se, o atleta receberia da Federação espanhola a convocatória para representar o país no referido torneio. O pior é que, alguns dias depois, tudo mudaria e, num estranho volte-face, o atacante seria informado que, afinal, já não seguiria viagem até ao Chile.
Sem nunca ter representado qualquer nação, seria com as cores do Atlético Madrid que Jorge Mendonça mais brilharia. Como um dos nomes indiscutíveis no alinhamento inicial, o atacante seria crucial para os títulos ganhos durante o período em que representaria o emblema do bairro de Vallecas. Durante 9 temporadas, as suas exibições no terço mais ofensivo da equipa, ajudariam os “Colchoneros” a acrescentar aos escaparates do clube os troféus correspondentes às vitórias em 1 Campeonato, 3 Taças de Espanha e 1 Taça dos Vencedores das Taças. Aliás, a conquista europeia de 1961/62 transformar-se-ia no pináculo de uma carreira bem recheada. Com presença no “onze” que enfrentaria a final e a finalíssima, o avançado marcaria um golo no derradeiro encontro da prova, contribuindo para o 3-0 com que a Fiorentina sairia derrotada de Estugarda.
Com tão boas prestações, a aproximação de outros emblemas acabaria por ser uma consequência natural dos seus predicados. Apesar da iminência de um contrato com o Benfica, as avultadas somas exigidas pelo Atlético Madrid acabariam por inviabilizar o negócio. Não viajaria para Lisboa, seguiria então para a Catalunha. No Barcelona a partir de 1967/68, Jorge Mendonça ver-se-ia envolvido numa polémica para além dos limites do futebol. Depois de uma primeira temporada com o atleta a exibir os índices habituais, a eleição para a presidência do clube de Agustí Montal iria alterar tudo. Conhecido por ser um católico fanático, ao referido dirigente não agradou a ideia do avançado ser Testemunha de Jeová. A descriminação tomaria tais contornos que o jogador, mesmo contra a vontade dos adeptos, não mais voltaria a jogar de azul-grená.
Ainda com um ano de contrato por cumprir, a solução para o conflito encontrar-se-ia com a sua saída. Já como elemento do plantel do Mallorca, outro problema surgiria. Com poucas partidas realizadas pelo emblema das Baleares, o avançado ver-se-ia sem qualquer tipo de remuneração. Sem ordenado a ser pago, entraria com uma acção judicial contra a colectividade insular, acabando por vencer a contenda. Com tanto percalço e com uma lesão no menisco a apoquentá-lo, Jorge Mendonça decidir-se-ia pelo fim da carreira. Com apenas 31 anos de idade, a temporada de 1969/70 haveria de ser a última da sua caminhada enquanto futebolista.
Depois de brilhar nos juniores do emblema leonino, sendo as suas exibições muito louvadas pelos jornais da altura, a consciência de que dificilmente conseguiria assegurar um lugar na equipa principal, levá-lo-ia a viajar até ao Minho. No Sporting de Braga, onde passaria a partilhar o balneário com os irmãos Fernando e João, estrear-se-ia depois de completar 18 anos de idade. A época de 1956/57, a sua primeira como sénior, terminaria com os “Guerreiros” a assegurar a subida ao escalão máximo. Já a campanha seguinte, com os “Arsenalistas” a terminarem o Campeonato Nacional num honroso 5º lugar, serviria para lançar o avançado em sendas de outra monta.
Ao destacar-se como um atacante possante, de fino recorte técnico, drible fácil e belíssimo no jogo aéreo, o final da temporada de 1957/58 traria ao atleta a convocatória à selecção nacional. Todavia, a chamada de José Maria Antunes para o particular frente a Espanha, apesar da promessa reiterada na antevisão da partida, acabaria por não redundar na tão almejada internacionalização. O jogo, para além do resultado final, ficaria na memória de todos por razão das agressões ocorridas durante grande parte dos 90 minutos. Já o atacante guardaria para si a frustração de não ter entrado em campo. Ainda assim, a partida disputada em Madrid como que surgiria em jeito de premonição.
Devido ao Campeonato português terminar bem antes do congénere espanhol, surgiria a oportunidade de Jorge Mendonça, ao lado do irmão Fernando, terminar a temporada de 1957/58 do outro lado da fronteira. Após um convite de um empresário com fortes ligações à família, os dois atletas rumariam a La Coruña, onde o Deportivo lutava para manter-se na 2ª divisão. Com grandes exibições, Jorge Mendonça começaria a chamar a atenção de outros emblemas. Surgiria então o treinador Ferdinand Daucik que, bem disfarçado, iria observá-lo a uma das partidas disputadas pelo emblema galego. Com as indicações do técnico, à altura à frente do Atlético Madrid, a apontar para a sua contratação, o avançado seguiria caminho para a capital. Depressa conseguiria tornar-se num dos ídolos “colchoneros” e, mais uma vez, surgiriam cogitações sobre a sua inclusão nos trabalhos da selecção de Portugal.
Com a tropa no horizonte e com tal obrigação a afastá-lo da competição, Jorge Mendonça recusar-se-ia ao serviço militar. Ao dar prioridade ao acordo que, havia dias, tinha rubricado com o Atlético Madrid, o avançado seria listado como desertor e veria esfumar-se a oportunidade de vestir a “camisola das quinas”. Mesmo com o seleccionador Armando Ferreira a prometer-lhe um salvo-conduto, o jogador manter-se-ia irredutível na decisão de, tão cedo, não regressar a Portugal. Anos mais tarde, depois de concluído o processo de naturalização e de rebaptizado como Mendoza, nova ocasião emergiria para que pudesse envergar outro equipamento nacional. Com o Mundial de 1962 a abeirar-se, o atleta receberia da Federação espanhola a convocatória para representar o país no referido torneio. O pior é que, alguns dias depois, tudo mudaria e, num estranho volte-face, o atacante seria informado que, afinal, já não seguiria viagem até ao Chile.
Sem nunca ter representado qualquer nação, seria com as cores do Atlético Madrid que Jorge Mendonça mais brilharia. Como um dos nomes indiscutíveis no alinhamento inicial, o atacante seria crucial para os títulos ganhos durante o período em que representaria o emblema do bairro de Vallecas. Durante 9 temporadas, as suas exibições no terço mais ofensivo da equipa, ajudariam os “Colchoneros” a acrescentar aos escaparates do clube os troféus correspondentes às vitórias em 1 Campeonato, 3 Taças de Espanha e 1 Taça dos Vencedores das Taças. Aliás, a conquista europeia de 1961/62 transformar-se-ia no pináculo de uma carreira bem recheada. Com presença no “onze” que enfrentaria a final e a finalíssima, o avançado marcaria um golo no derradeiro encontro da prova, contribuindo para o 3-0 com que a Fiorentina sairia derrotada de Estugarda.
Com tão boas prestações, a aproximação de outros emblemas acabaria por ser uma consequência natural dos seus predicados. Apesar da iminência de um contrato com o Benfica, as avultadas somas exigidas pelo Atlético Madrid acabariam por inviabilizar o negócio. Não viajaria para Lisboa, seguiria então para a Catalunha. No Barcelona a partir de 1967/68, Jorge Mendonça ver-se-ia envolvido numa polémica para além dos limites do futebol. Depois de uma primeira temporada com o atleta a exibir os índices habituais, a eleição para a presidência do clube de Agustí Montal iria alterar tudo. Conhecido por ser um católico fanático, ao referido dirigente não agradou a ideia do avançado ser Testemunha de Jeová. A descriminação tomaria tais contornos que o jogador, mesmo contra a vontade dos adeptos, não mais voltaria a jogar de azul-grená.
Ainda com um ano de contrato por cumprir, a solução para o conflito encontrar-se-ia com a sua saída. Já como elemento do plantel do Mallorca, outro problema surgiria. Com poucas partidas realizadas pelo emblema das Baleares, o avançado ver-se-ia sem qualquer tipo de remuneração. Sem ordenado a ser pago, entraria com uma acção judicial contra a colectividade insular, acabando por vencer a contenda. Com tanto percalço e com uma lesão no menisco a apoquentá-lo, Jorge Mendonça decidir-se-ia pelo fim da carreira. Com apenas 31 anos de idade, a temporada de 1969/70 haveria de ser a última da sua caminhada enquanto futebolista.
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