1378 - MIGUEL ARCANJO

Revelado pelo Sporting de Benguela, Miguel Arcanjo, com pouco mais do que a maioridade atingida, em Junho de 1951 haveria de embarcar em direcção a Portugal, com o destino a apontá-lo ao FC Porto. No entanto, aquilo que era um sonho prestes a concretizar-se, tomaria os contornos de um susto enorme. Durante a longa viagem de barco, o defesa viria a sofrer uma infecção na vista esquerda, o que acabaria por atrapalhar a sua integração desportiva. Alertados para o facto, os responsáveis pelo emblema portuense depressa agarrariam o assunto com as próprias mãos e acabaria por ser o Doutor Abílio Urgel Horta, oftalmologista e Presidente dos “Azuis e Brancos”, a comandar a difícil recuperação do jovem praticante que, só por sorte não perdeu a visão.
Com o fim do recobro, ainda assim Miguel Arcanjo não teria grandes facilidades nos primeiros anos a trabalhar com o FC Porto. Inicialmente integrado na equipa de “reservas”, só na temporada de 1953/54 é que o defesa conseguiria estrear-se pelo conjunto principal. Por essa altura treinado por Cândido de Oliveira e, na época seguinte, por Fernando Vaz, só com a entrada para o comando técnico de Dorival Yustrich, é que seria dada a oportunidade ao atleta para ocupar, com bastante regularidade, um lugar como titular. A partir dessa temporada de 1955/56, ao lado de colegas como Virgílio ou Osvaldo Cambalacho, o jogador passaria a ser tido como um dos pilares dos “Dragões” e a estabilidade que daria ao sector mais recuado da equipa logo traria resultados, com o FC Porto a conquistar a “dobradinha”.
No que diz respeito a títulos, Miguel Arcanjo, ao serviço do FC Porto, ainda ajudaria a conquistar outro Campeonato Nacional e mais 1 Taça de Portugal. Porém, o maior prémio viria com as chamadas às diferentes selecções portuguesas. Tendo integrado o conjunto militar, pelo qual venceria o Campeonato Europeu de 1958, e também o conjunto “b”, a sua estreia com a principal “camisola das quinas” dar-se-ia a 26 de Maio de 1957. Aferido como um elemento de surpreendente recorte técnico, característica pouco usual para alguém da sua posição, as qualidade apresentadas dentro de campo levariam Tavares Silva a chamá-lo para uma partida da Fase de Qualificação para o Campeonato do Mundo organizado na Suécia. Depois dessa vitória por 3-0 frente à Itália, o defesa continuaria a ser arrolado às pelejas lusas e arrecadaria, no cômputo da sua caminhada futebolística, 9 internacionalizações “A”.
Voltando àquilo que foi o seu percurso com o FC Porto, houve outros momentos, sendo os mesmos de fulcral importância no erigir da história do clube, que não poderia deixar de referir. Um deles, como resultado de uma, das já aludida nos parágrafos anteriores, vitórias no Campeonato Nacional, seria a estreia, tanto da colectividade nortenha, como a de Miguel Arcanjo, nas competições sob a intendência da UEFA. Nesse capítulo, na sequência do triunfo naquela que é a principal prova do calendário futebolístico português, viriam as partidas frente ao Athletic Bilbao. Com o defesa a ser chamado ao “onze” em ambas as mãos, infelizmente para os “Azuis e Brancos”, a eliminatória referente à edição de 1956/57 da Taça dos Clubes Campeões Europeus não correria de feição e a agremiação basca ganharia o embate ibérico.

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