1646 - JOSEPH SZABO

Nascido no seio de uma família operária húngara, seria no Györ que Joseph Szabo viria a dar corpo à paixão pelo futebol. Com a caminhada sénior a começar em 1915, o médio-centro não demoraria muito tempo até chamar a atenção de outros emblemas. Transferido para o Ferencváros na temporada de 1919/20, a sua carreira, como elemento da colectividade sediada em Budapest, ganharia outro significado. Nesse sentido, também chegaria ao seu caminho o triunfo na Magyar Kupa de 1921/22 e, mais tarde, no Campeonato de 1925/26. Porém, seriam as chamadas à selecção do país a dar-lhe grande notoriedade e com o estatuto engrandecido pelas internacionalizações acabaria convidado pelo Szombately para, em 1926, participar numa digressão a passar por Portugal.
No Funchal seria convidado para ingressar no Nacional da Madeira. Ao aceitar o desafio, o centrocampista, na campanha de 1926/27, encetaria um trajecto a levá-lo, no ano seguinte, a envergar a camisola do Marítimo. Seria já com o listado dos “Leões do Almirante Reis” que, ao integrar uma selecção do arquipélago, ajudaria a derrotar o FC Porto. Por essa altura, nos “Dragões” exibia-se Mihaly Siska, que, impressionado com o desempenho do conterrâneo, lançaria ao médio o repto para uma mudança de ares. Na “Cidade Invicta” a partir de 1928/29, onde chegaria na condição de treinador-jogador, Szabo daria início a uma verdadeira revolução. Os resultados não tardariam a chegar e também seria da sua responsabilidade, para além dos títulos conquistados, a vinda para os “Azuis e Brancos” de um dos futuros mitos da colectividade nortenha, o atacante Artur Pinga.
Para além das 8 vitórias no Campeonato do Porto, as 8 campanhas com o cunho de Joseph Szabo nos “Dragões” também traduziriam, para a agremiação, as conquistas do Campeonato de Portugal de 1931/32 e do Campeonato da I Liga de 1934/35. Tal sucesso, numa altura em que começaria a ser especulado o interesse dos emblemas da capital na sua contratação, levaria a que os responsáveis dos “Azuis e Brancos” começassem a “proibir” a sua saída da cidade. O pior viria com o temperamento irascível do técnico húngaro que, a meio da temporada de 1935/36, após uma acesa discussão onde esmurraria um dirigente do clube, sairia da colectividade portuense para, pouco tempo depois, assumir o comando técnico do Sporting de Braga. A passagem pelo Minho serviria de interlúdio para o ingresso noutro conjunto e a campanha de 1936/37 marcaria o arranque da mais prolífera relação que o treinador viria a conhecer na carreira.
A entrada no Sporting, com a última campanha referida no parágrafo anterior já a meio, encetaria um processo a sublinhar Joseph Szabo como um dos maiores nomes do futebol português de todos os tempos. Em Lisboa, os títulos continuariam a surgir em catadupa e a primeira passagem do técnico magiar pelos “ Leões” traduzir-se-ia na conquista de 6 Campeonatos de Lisboa, 1 Taça Império, 1 Campeonato e Portugal, 1 Taça de Portugal e 2 Campeonatos Nacionais. Tal sucesso impediria que as relações azedas com os jogadores e com os dirigentes dessem jus a um despedimento mais precoce. Porém, tal separação viria mesmo a suceder e com a época de 1944/45 em andamento, o treinador, afastado do conjunto a trabalhar no Lumiar, arrancaria num périplo a levá-lo a diferentes emblemas lusos.
O regresso ao FC Porto, Sanjoanense, Olhanense, Portimonense, Oriental, Sporting de Braga e o Atlético, entre os dois principais escalões do futebol português, dariam corpo a pouco menos de uma década na carreira de Joseph Szabo. Voltaria ao Sporting a meio da temporada de 1953/54 e, logo na campanha seguinte, brindaria os adeptos leoninos com a conquista da “dobradinha”. Ainda assim, essa passagem pelos “Verde e Brancos” terminaria mais depressa que a anterior e, em 1955/56, o treinador daria início a outra senda a levá-lo ao Caldas, Sporting de Braga, Torreense, Leixões, Portimonense, Barreirense e Vila Real. Já no final da carreira, onde também passaria pelo comando de uma selecção de Angola ainda em eras coloniais, tempo ainda para outra presença, em 1964/65, à frente dos “Leões”.
Já no fim da vida, como um verdadeiro apaixonado pelo clube, entregou o seu destino aos cuidados da colectividade mais representativa da sua vida futebolística e as palavras de Octávio Barrosa traduziriam essa inquestionável dedicação – “Foi sempre tão Sporting que quis morrer em… Alvalade. Passou os seus últimos dias no centro de estágio. E foi aí que morreu. Como um leão. Dos mais verdadeiros da nossa história. E dos mais fascinantes. Era um trabalhador insano. Treinava, de manhã, todas as categorias e, à tarde, ia para a sede do clube dar massagens. Jamais o Sporting terá um treinador assim, tão honesto, tão empolgado”*.

*retirado de *retirado de “100 figuras do futebol português”, de António Simões e Homero Serpa; A Bola (1996)

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