746 - MARCO MATERAZZI

Filho de Giuseppe Materazzi, treinador que teve uma curta passagem por Alvalade, a carreira juvenil de Marco acabaria por moldar-se um pouco ao percurso profissional do seu progenitor. Tendo jogado pelas escolas dos clubes onde o pai treinava, acabaria por ser sob a alçada deste que também daria os primeiros passos no patamar sénior. No Messina, no decorrer da temporada de 1990-91, Marco Materazzi faz então a sua estreia numa equipa principal. Depois, tendo abandonado a alçada do seu pai, o jovem central, que chegaria a jogar no lado esquerdo da defesa, começa um pequeno périplo que o levaria a passar por clubes das divisões inferiores do “calcio”.
A sua chegada ao Perugia, em 1995/96, iria alterar a essência da sua carreira. Tendo, a partir dessa altura, começado a fazer parte de um emblema com aspirações maiores, o seu percurso começa a encaminhar-se noutro sentido. Mesmo depois do empréstimo ao Capri e, mais tarde, após uma curta passagem pelo Everton, Marco Materazzi afirma-se como um dos bons elementos do conjunto do centro de Itália.
A disputar, quase sempre, a Serie A, as suas exibições começam a despertar a atenção de outros emblemas. Fortíssimo no jogo aéreo e impiedoso na hora de disputar a posse de bola, Marco Materazzi rapidamente ganha a fama de jogador agressivo. Paralelamente, e ao contrário daquilo que dava a entender, o atleta mostrava alguma habilidade perto da área adversária. Mormente na sequência da marcação de pontapés de canto, mas, também na execução de livres directos, o atleta tornar-se-ia num dos defesas que, na história do futebol italiano, mais golos haveria de conseguir concretizar.
Os bons índices competitivos haveriam de levá-lo à “Squadra Azzurra”. Tendo feito a estreia num particular frente à África do Sul, é ainda durante a sua ligação com o Perugia que Marco Materazzi é chamado à campanha de apuramento para o Mundial de 2002. Quase de seguida, concretiza-se a sua transferência para o Inter. Em Milão a sua vida profissional muda radicalmente e os troféus começam a fazer parte do seu currículo.
Mas se as vitórias, ainda que só mais tarde, começaram a tornar-se um hábito com a sua ida para Milão, rotinas houve que pareciam teimar em manter-se. Tal como no Perugia, ou até na sua estadia em Inglaterra, as advertências disciplinares continuariam uma constante. Entradas arrepiantes, pisadelas nas costas, marcas de pitons em todas as partes do corpo, murros, cotoveladas, hematomas e suturas eram uma pequena parte do rol de “serviços” com que Marco Materazzi presenteava muitos dos seus adversários. Ainda assim, e entendo a força que o jogador representava nas manobras defensivas, a sua presença no “onze” inicial manter-se-ia uma constante.
Tal como no Inter, com a camisola da selecção a sua presença tornar-se-ia indispensável. Já depois de Giovanni Trapattoni tê-lo chamado ao Mundial de 2002 e ao Euro 2004, é sob a batuta de Marcelo Lippi que Marco Materazzi faz parte do conjunto que sairia vitorioso do Mundial de 2006. Na final, muito mais do que o desempate por penalties, e que decidiria o desfecho do encontro, o jogo ficaria marcado por um momento insólito. Após provocar Zinedine Zidane, o defesa acabaria por provar do seu próprio veneno. Contrário à tradição, seria Materazzi a ser agredido. Depois de ouvir ofensas dirigidas à sua irmã, o francês responde com uma cabeçada no peito do italiano.
Voltando ao Inter, é com a chegada de Roberto Mancini (2004/05) e, mais tarde, com a substituição deste por José Mourinho, que o destino do clube embica na senda das vitórias. Já depois do desfecho do caso “Calciopoli”, e com os castigos aplicados a desviar do caminho alguns dos mais importantes rivais, os “Nerazzurri” tomam a dianteira no futebol italiano. Com tudo isso, Materazzi começa a colorir o seu currículo. 5 “Scudettos”, 4 “Coppas” de Itália, 4 “Supercoppas”, 1 “Champions League” e 1 Mundial de Clubes transformar-se-iam no sumário das suas vitórias pelo clube. Nisto de Inter, mais uma imagem em jeito de contraciclo. Na despedida do treinador português, Marco Materazzi não consegue controlar a sua tristeza. Incapazes de disfarçar os sentimentos, foi vê-los, nos braços um do outro, a chorar compulsivamente.
Em 2011, e depois de uma década ao serviço do emblema milanês, a sua ligação com o clube conheceria o fim. Contudo, aquele que seria o seu afastamento dos relvados sofreria um “volte-face”. Depois de ter anunciado o fim da sua carreira, Marco Materazzi decide aceitar novo desafio. Assinando contrato como “player-manager”, o antigo internacional viaja até à Ásia. Na Índia, ao serviço do Chennaiyin FC, assume as rédeas da equipa de futebol e vence a Superliga de 2014/15.

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