440 - SUÁREZ

Quando alguém como Alfredo di Stéfano baptiza outro jogador, que ainda por cima foi sempre seu adversário, como "El Arquitecto", então muito se diz do mesmo. É verdade, se há maneira correcta e sucinta para descrever o antigo médio espanhol, então, a alcunha posta pela estrela do Real Madrid, serve às mil maravilhas.
O seu jogo era magistral. Diziam dele que conseguia pôr a bola onde e a que distância queria. A sua exactidão era estonteante, ao ponto de outro dos grandes mitos do futebol, o treinador argentino Helénio Herrera (passou pelo Belenenses), que foi seu treinador tanto em Espanha como em Itália, dizer que tê-lo em campo era o seu conceito de tranquilidade.
Ora, Suárez, ou, se quiserem, Luisito, começou por jogar, profissionalmente, no clube da sua terra natal, o Deportivo La Coruña. Contudo, pouco foi o tempo que aí passou, pois a sua excelência no campo, agoirava outros voos. Dali, com 18 anos apenas, partiu para a Catalunha. Em Barcelona, começavam a lançar-se os alicerces para uma equipa mítica. Ramallets, Czibor, Kubala, Kocsis são só alguns dos nomes que, com Suárez, partilharam o balneário. Foi, então, sob o comando do, já referido, técnico argentino que o Barcelona venceria 1 Taça do Rei, 2 Taças das Cidades com Feira e 2 Campeonatos. Aliás, seria este último título de campeão que lançaria o Barcelona para a campanha, já sob o comando do espanhol Enrique Orizaola, da Taça dos Campeões Europeus de 1960/61. É vos estranho tal número?! Pois não devia ser!!! 1960/61 é a época em que o Benfica ergueria, em Berna, o dito troféu. Pois é, foram as "Águias" as responsáveis, sem saberem que mais tarde haveriam de sofrer uma "vendetta", pelo primeiro dissabor na carreira de Luis Suárez. O que é certo é que nem isto impediu o jogador de, nesse mesmo final de temporada, conseguir protagonizar a maior transferência de sempre, no futebol daquela altura.
O Inter acabava de acenar, tanto a ele como ao emblema "Blaugrana", com duas propostas irrecusáveis. Para os cofres dos catalães seguiriam qualquer coisa como 200 mil euros e para o atleta, ele já com o estatuto do Ballon d'Or ganho em 1960, mais uma pequena fortuna.
Bem longe de estar alheio à mudança de ares do médio, mais uma vez, estava a incontornável figura de Herrera. O treinador, que agora orientava os de Milão, precisava de alguém que desenhasse as suas jogadas com exactidão, de alguém que municiasse os seus atacantes de forma precisa e o nome que lhe veio à cabeça, naturalmente, foi o do internacional espanhol.
Ao lado de nomes como Facchetti, Mazzola, do brasileiro Jair ou, ainda, do português Jorge Humberto, Suárez, rapidamente, tomou conta da zona central do terreno de jogo. Com todas as suas geniais jogadas, lançou o Inter para uma série de títulos, tanto nacionais como internacionais, onde se destacam 3 "Scudettos", 2 Taças Intercontinentais e 2 Taças dos Campeões Europeus, onde, lá está, se inclui a de 1965, conquistada frente ao Benfica.
Na selecção, tal como nos clubes por onde passou, o seu papel como pensador do jogo, assumiu grande relevância. Foi assim, muito à sua custa, que a Espanha conseguiria alcançar o seu primeiro grande título enquanto nação, ou seja, o Europeu de selecções de 1964.
Sendo inteligente como o era, nada mais normal após o final da sua carreira nos relvados, que fizesse a transição para a vida de treinador. É certo que, nestas funções, nunca conseguiu nem o prestígio, nem, tão pouco, os títulos alcançados enquanto futebolista. No entanto, a sua carreira não deixa de ter pontos de interesse, como é exemplo a presença no Mundial de 1990, onde, em Itália, comandou os destinos da selecção espanhola.

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