1575 - ISAURINDO

Natural de Vila Real de Santo António, Isaurindo Branquinho Parra iniciaria a caminhada no universo sénior do “jogo da bola” ao serviço da colectividade mais representativa da sua terra natal, o Lusitano FC. Com o arranque dessa caminhada a ocorrer, na temporada de 1939/40, com a agremiação na disputa do patamar secundário português, o jovem guarda-redes, apesar de dono de uma estatura baixa, depressa começaria a destacar-se pela enorme elasticidade e grande destemor. Durante vários anos, ao lado de Zezé Branquinho, o seu irmão mais velho, seria parte importante das equipas do emblema raiano, o qual, a seguir ao Olhanense, viria a tornar-se na segunda divisa algarvia a frequentar o escalão maior do futebol luso.
A estreia do Lusitano FC no convívio com os “grandes” ocorreria na época de 1947/48. Por essa altura, o atleta, a partilhar o balneário, no total do trajecto primodivisionário, com digníssimas figuras do desporto português, casos de Manuel Caldeira, Luís Vasques ou José Maria Pedroto, já era um praticante reconhecido além-fronteiras. A história conta-se depressa e emergiria de um particular do conjunto do Sotavento com o todo-poderoso Sevilha. A partida, vencida pelos portugueses e com uma enorme exibição do guarda-redes, valer-lhe-ia o epíteto de “El Niño de Goma” ou, a preferirem a tradução, “O Menino de Borracha”. Essas mesmas qualidades, inegáveis dentro de campo, apesar dos muitos golos sofridos pelo conjunto, acabariam assentes na quantidade inestimável de remates adversários espectacularmente defendidos. Tais números dar-lhe-iam, em grande parte das jornadas, a titularidade. A sua presença assídua no alinhamento inicial valer-lhe-ia então um cômputo de 59 jogos disputados na 1ª divisão e um lugar na história, entre os jogadores com mais presenças, pela agremiação algarvia, naquela que é a prova de maior relevo no calendário luso de futebol.
Ao fim de 3 anos a participar nas contendas agendadas para o cenário primodivisionário, o Lusitano FC acabaria por claudicar na luta pela manutenção. Isaurindo, apesar do desaire a afectar o colectivo, manter-se-ia fiel ao conjunto. No entanto, um novo descuido, a resultar noutra descida, fá-lo-ia trocar de emblema. Convidado pelo Sporting da Covilhã, o guarda-redes chegaria à cidade sediada numa das encostas da Serra da Estrela apresentado como reforço para a temporada de 1951/52. Na viagem de regresso aos palcos da 1ª divisão, o atleta far-se-ia acompanhar por Hélder Toledo, colega no Campo de Jogos Francisco Gomes Socorro. Como curiosidade, há também a referir os antigos lusitanistas, ao lado de quem viria a pelejar-se pelos objectivos dos “Serranos”, os irmãos Domiciano Cavém e Amílcar Cavém. Nesse aspecto, falta ainda aludir à presença de Fernando Cabrita, outro algarvio de nome igualmente incontornável nas sendas do futebol português e, como não poderia deixar de ser, nos anais da colectividade da Beira Baixa.
Com o termo de outro período de 3 anos, durante o qual só a espaços viria a conseguir ultrapassar a concorrência de António Fevereiro por um lugar no “onze” do Sporting da Covilhã, Isaurindo voltaria ao Algarve. Recebido, dessa feita, pelo Farense, a temporada de 1954/55 marcaria o começo de um novo e importante trecho na sua carreira como futebolista. Nos “Leões de Faro”, ainda que na 2ª divisão, o guardião conseguiria recuperar a importância de um titular e mesmo com o aproximar do fim da carreira a fazê-lo perder progressivamente tal estatuto, o jogador, ao longo de 7 anos consecutivos, viria a assumir um papel de enorme relevância num emblema sempre com os olhos postos no caminho para o escalão cimeiro.

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