85 - RONALDO

Em pequeno sonhava jogar no Flamengo, mas o custo do bilhete de autocarro, fez com que escolhesse um clube mais perto de casa. Optou pelo São Cristóvão e aí deu os primeiros passos. Porém, de Belo Horizonte surgiu uma nova oportunidade. Já no Cruzeiro terminou a sua formação e deu início à carreira profissional.
Logo aos 16 anos, considerado um fora de série, já mostrava os seus dotes no plantel principal. Foi durante uma digressão pela Europa, numa exibição de encher o olho, que, como sénior, marcou o primeiro golo. Onde? Espante-se! No Estádio do Restelo, num particular contra "Os Belenenses"!
As suas exibições durante a referida digressão, fizeram com que outros emblemas começassem logo a cobiçá-lo. Após ter sido recusada uma proposta do Inter de Milão, Ronaldo disputou o seu primeiro “Brasileirão”, no qual, em 14 partidas, marcou 12 golos. Todavia, o melhor estava para vir. Após a presença no Mundial de 1994, onde foi campeão, uma oferta de 6 milhões de dólares pôs Ronaldo na Europa.  No PSV Eindhoven de 1994/95, com 30 golos, sagrou-se no Melhor Marcador do Campeonato. Mas apesar do sucesso, o afastamento devido a lesão e uma zanga com o treinador, fez com que Ronaldo forçasse a saída do clube holandês.
Apareceu, então, o Barcelona, que levou o avançado para o Camp Nou. Na Catalunha, ao prémio atribuído pela FIFA, como o Melhor Jogador do Mundo de 1996, juntou o "Pichichi", galardão dado ao goleador máximo da "La Liga". Com tentos que ainda hoje estão na memória de todos, como um contra o Compostela em que, por entre puxões e rasteiras, conseguiu correr metade do campo e passar por mais de meia equipa galega, Ronaldo tornou-se numa lenda.
Na sua primeira época em Espanha, o Barcelona não conseguiu sagrar-se campeão. Ainda assim, nada fazia adivinhar que Ronaldo saísse. Foi o que aconteceu quando o Inter, ao pagar a cláusula de rescisão, aliciou o atleta com um contrato tão bom quanto aquele que já tinha pedido à direcção do clube catalão e que viu recusado. Em Itália as coisas começaram por correr bem. No ano de arranque, conseguiu ser o Melhor Marcador da “Serie A” e ganhar a Taça UEFA. O pior veio a seguir e as graves lesões levaram a pensar que a sua carreira estava em risco. A recuperação foi longa e complicada, mas quando, em 2002, no Mundial da Coreia e do Japão, aliou a vitória no torneio ao título de goleador máximo, soube-se que o jogador estava de volta. Fechou o ano com “chave d'ouro” e venceu, pela terceira vez, o prémio de Jogador do Ano da FIFA.
Depois da consagração no Campeonato do Mundo, a vida de Ronaldo virou-se, novamente, para Espanha. No Real Madrid, naqueles que, atrevo-me a dizer, foram os melhores anos da sua carreira, conquistou, muito à custa das suas arrancadas explosivas, uma série de títulos. Amealhou 2 “La Ligas”, 1 Supertaça e 1 Taça Intercontinental.
Mas os “Merengues”, sob a alçada de Florentino Perez, atravessavam a era dos "Galácticos". Durante essa época, à custa de contratações sonantes, o clube conseguiu brilhantes resultados financeiros, ficando os desportivos um pouco aquém. Com o desmantelamento progressivo da equipa de estrelas, Ronaldo viu-se, mais uma vez, a caminho do futebol italiano. Em Milão a sua passagem foi pouco proveitosa. A segunda experiência na Lombardia serviu apenas para revelar que o seu aumento de peso, devia-se a um problema de hipotireoidismo. Acabou o tempo de serviço no AC Milan novamente lesionado e sem ver o contrato renovado.
Ronaldo, na sua conhecida persistência, nunca desistiu. Contra todos os que davam o avançado como acabado, recuperou das mazelas e, já no Brasil, voltou aos relvados. Agora, é vê-lo com a camisola do Corinthians e com a mesma alegria de sempre. Quem quiser, pode ainda ver em campo porque é que este carioca ficou conhecido como "O Fenómeno"!

Sem comentários: