138 - JOÃO PINTO

O aspecto franzino terá feito com que muitos olhassem para si com algum desdém. Puro engano. Um esférico posto nos seus pés sempre foi razão suficiente para logo dissipar qualquer ideia de fragilidade. Dono de uma velocidade e controlo de bola muito acima da média, João Pinto nunca hesitou na altura de carregar contra os seus adversários. No ataque, o frágil menino sempre soube agigantar-se contra os calmeirões e, com uma intrépida agilidade, trilhar caminho por entre as defesas contrárias.
Ainda bem cedo, aos 17 anos de idade, as suas qualidades já garantiam ao jovem praticante um lugar no balneário sénior do Boavista. Porém, seria passado um ano, em 1989, que o título Mundial de sub-20, em Riade, catapultaria o avançado para as “bocas do mundo”. As boas exibições ao serviço da jovem selecção portuguesa, fariam com que o Atlético Madrid, cuja estrela era o extremo Paulo Futre, decidisse apostar no emergente talento luso. "El português", albergando o atleta em sua casa, apadrinharia a ida de João Pinto para a capital espanhola. No entanto, a experiência sairia gorada e sua passagem por Espanha, resumida a jogos na equipa “B” dos "Colchoneros", terminaria no final dessa temporada.
O regresso ao Bessa, já após nova conquista do Campeonato do Mundo de sub-20, dessa feita em Lisboa, traria novo folego à sua carreira. Uma época exemplar, onde seria titular indiscutível, levá-lo-ia a assinar pelo Benfica. No tempo que passaria na "Luz", iria experimentar de tudo: títulos, doenças, jogos memoráveis, encontros violentos e até o despedimento, iriam fazer parte dos seus oito anos de “Águia” ao peito. Com um começo pouco desejado, onde um pneumotórax, contraído após um encontro da selecção, chegou a pôr a sua carreira em risco, os anos seguintes fariam dele um dos mais acarinhados pelos adeptos.
Em 1993/94, Benfica e Sporting lutavam "taco-a-taco" pela liderança do Campeonato. À 30ª jornada, o "derby" em Alvalade oponha os dois rivais lisboetas. As “Águias” começariam a perder, mas uma estupenda exibição de João Pinto e o seu "hat-trick", iriam pôr termo ao intento leonino de vencer o título. O 3-6 ficará, por certo, como a marca de um jogo inesquecível. Tão inolvidável quanto a exibição de João Pinto, merecedora, pela primeira vez na história do jornal “A Bola” da nota 10. Já para não falar dos seus golos! Principalmente o remate bem fora da área, na jogada em que fintou meia equipa, mas também o golo de cabeça.
Outras batalhas travaria. Tornaram-se míticos os embates com Paulinho Santos. Muitas foram as partidas em que trocou "mimos" com o jogador do FC Porto. Resultado das querelas? As óbvias expulsões, o maxilar rachado e a “partida” pregada por António Oliveira que, na condição de seleccionador, obrigou os atletas, nos estágios da selecção, a dormir no mesmo quarto, para que fizessem as pazes.
A importância do avançado, para os lados da “Luz”, depressa começou a ser incontornável. Por abraçar a mística benfiquista, em 1995, após a despedida de Veloso, passou a envergar a braçadeira de “capitão”. Dois anos volvidos e mais um prémio para a sua entrega. Aos 26 anos assinava com o Presidente Manuel Damásio um novo elo com o clube – ligação de 7 anos, considerado, pela longa duração, como "vitalício"! No entanto, a chegada de João Vale e Azevedo iria inverter a sua situação. Várias foram as tentativas para vendê-lo. Depois de várias recusas por parte do jogador, em que sempre negou a saída, o novo líder “encarnado” decidiu, por fim, “despachá-lo” e rescindir o seu contrato. A notícia seria anunciada nas vésperas da partida para o Europeu de 2000. Logo choveram convites de emblemas estrangeiros e de Portugal. A escolha de João Pinto recairia no Sporting, onde, ao formar uma dupla mortífera com Mário Jardel, ganharia o Campeonato Nacional de 2001/02.
O ano 2002 traria também um dos maiores incidentes ocorridos na sua carreira. No Mundial organizado entre o Japão e a Coreia do Sul, torneio de má memória colectiva, após expulsão no jogo que ditaria a eliminação dos portugueses, João Pinto agride o árbitro Ángel Sánchez. Grande foi o seu castigo e o afastamento da selecção seria o primeiro sintoma do “terminus” do seu percurso nos relvados. Depois dos “Leões”, ainda voltou ao Boavista e, por fim, vestiu a camisola do Sporting de Braga.

1 comentário:

António Omar Spencer disse...

n jogou no meu clube... fez.me nervos ve-lo marcar golos, mas antes de ser adepto do FCP sou do futebol e sei reconhcer e dar o merito a qm o tem...
e este foi um sr jogador

(Através do Facebook, a 23 de Junho de 2011)