359 - PALERMO

Ao estrear-se, em 1992, pelos seniores da equipa da sua terra natal, os Estudiantes de La Plata, Martín Palermo, de forma incompreensível, para mais agora que sabemos a carreira que construiu como futebolista, enfrentaria sérias dificuldades para conseguir afirmar-se no "onze" inicial. O caminho que, nos primeiros anos como profissional, acabaria a percorrer, não seria nada fácil e cerca de 4 anos após a promoção ao conjunto principal, o avançado chegaria a estar na lista de excedentes do seu emblema. Porém, o acordo falhado para a sua transferência e a mudança do corpo técnico safá-lo-iam da venda do seu passe e a partir daí, talvez assombrado pela perspectiva da dispensa, as suas exibições mudariam radicalmente.
Os golos concretizados chamariam a atenção de agremiações de outra monta e o passo que daria em seguida, concretamente em 1998, fá-lo-ia caminhar na direcção de um dos "poderosos" da Argentina, o Boca Juniors. Já em Buenos Aires afirmar-se-ia como um dos grandes nomes a jogar no seu país, tanto pelos títulos conquistados colectivamente, onde está incluída a Copa Libertadores de 2000, como pelas distinções individuais, isto é, o prémio de Melhor Marcador no "Apertura" de 1998 ou a consagração como o Melhor Jogador em Campo na Taça Intercontinental de 2000, edição que o seu clube venceria frente ao Real Madrid.
No entanto, apesar do sucesso dessa primeira passagem pelo Boca Juniors, seria também nesse período cumprido na "La Bombonera" que o ponta-de-lança viveria um dos episódios mais caricatos da carreira e que, inclusive, haveria de pôr o seu nome no livro "Guinness dos Recordes”. A partida, a contar para a Fase de Grupos da Copa América de 1999; o desafio a opor as selecções da Colômbia e da Argentina; e o mais incrível aconteceria, com Martín Palermo, no decorrer do referido encontro e com a agravante da sua equipa ter perdido por 3-0, a falhar 3 grandes penalidades!
Se é possível dizer-se que a sua carreira desportiva decorreria em três partes distintas, então a segunda corresponderia à ida para Espanha. Mesmo tendo em conta o salto qualitativo, a verdade é que, tanto no Villarreal, como no Betis ou mesmo no Alavés, as suas prestações nunca convenceriam quem nele tinha decidido apostar. Salvo raras excepções, a sua passagem pela Europa seria discreta. Contudo, com um jogador a apresentar como "El Loco", tudo poderia acontecer. Nessa linha de raciocínio emergiria, talvez, o momento mais marcante da aventura pelo “Velho Continente”. O episódio sucederia num jogo para a Taça do Rei. Frente ao Levante, a equipa do Villarreal chegaria ao prolongamento empatada. Durante o tempo-extra, Martim Palermo lá conseguiria desfazer o referido impasse e na comemoração do golo decidiria correr para junto dos adeptos. Exaltados pelo tento do atacante, os fãs do "Submarino Amarelo" avançariam para junto de si e o resultado saldar-se-ia pelo desabamento do muro a separar as bancadas e o relvado, pelo jogador a ficar por baixo da estrutura e pela dupla fractura do perónio e da tíbia!
Em 2004, Palermo voltaria para o Boca Juniors e, dessa feita, dentro do possível, sem momentos de grande bizarria. Regressaria, isso sim, para assegurar o seu nome como um dos maiores da história do clube de Buenos Aires. Nesse sentido, muito para além de outro recorde do "Guinness", um golo de cabeça a 38,9m da baliza, ou da conquista da edição de 2007 da Copa Libertadores, a 12 de Abril de 2010, dois golos seus frente ao Arsenal de Sarandí, colocá-lo-iam como o melhor "artilheiro" de sempre dos "Xeneizes".

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