360 - NENO


Foi no FC Barreirense, agremiação sediada na terra que o acolheu aquando da chegada de Cabo Verde, que Neno encontrou o trampolim para uma enorme carreira enquanto jogador de futebol. Apesar de longe da ribalta de outrora, o emblema da Margem Sul do Rio Tejo continuava, à altura, a viver da fama de colectividade formadora de grandes atletas. Tido como um intérprete com muito potencial, depois da promoção a sénior na campanha de 1980/81, poucos estranharam que alguns dos poderosos conjuntos lisboetas começassem a olhar para o jovem guarda-redes como um bom reforço e, nessa senda, foi o Benfica a conseguir convencer o jogador a mudar de camisola.
Com a chegada às “Águias” a acontecer na temporada de 1984/85, o jovem atleta deparou-se com uma feroz concorrência. A presença no plantel de Bento, Delgado e Silvino, ao deixar pouco espaço para o guardião demonstrar o seu valor, levaram-no a procurar num empréstimo a solução para a carreira. Cedido ao Vitória Sport Clube na campanha da mudança para Lisboa, já em Guimarães, com poucos a apostar na sua titularidade, a verdade é que um início de época desastroso para os “Conquistadores”, fez com o belga Raymond Goethals afastasse o consagrado Jesus para dar o lugar a Neno.
Com uma agilidade espantosa e estiradas espectaculares, as exibições conseguidas no Minho, muito mais do que garantirem ao guarda-redes um lugar no “onze” vimaranense, acabaram a alimentar o seu regresso às “Àguias”. Porém, apesar do prémio que era voltar ao Benfica, o desenrolar da temporada de 1985/86 e da campanha seguinte, revelaram, pelo menos para o jogador, uma realidade diferente da esperada. Com Neno a ser relegado para segunda e, por vezes, para terceira escolha, nem a conquista do Campeonato Nacional de 1986/87 deixou o atleta convencido do estatuto auferido. Ao não ter grandes oportunidades para competir, mais uma vez pôs-se o cenário do empréstimo e na sua caminhada surgiu o Vitória Futebol Clube.
Depois da temporada de 1987/88 passada em Setúbal, Neno regressou ao Minho para voltar a envergar a camisola do Vitória Sport Clube. Em Guimarães encontrou novamente o caminho das boas exibições e a conquista da edição de 1988/89 da Supertaça Cândido Oliveira e a estreia, a 8 de Junho de 1989, pela selecção “A” de Portugal, serviram para sublinhar uma das melhores fases do seu trajecto competitivo.
O crescimento revelado, mais uma vez, abriu a Neno as portas do Estádio da Luz. No entanto, o cenário a contextualizar o seu regresso em 1990/91, destapou o guardião como um dos melhores a actuar em Portugal e, ajudado pelo estatuto de internacional, como um dos candidatos à titularidade. Nos anos seguintes, para além de mais de 100 partidas disputadas pelos “Encarnados”, o jogador conseguiu somar ao palmarés as conquistas de 2 Campeonatos Nacionais e 1 Taça de Portugal. Ainda assim, o guarda-redes também viveu momentos menos bons e a eliminação do Benfica nas meias-finais da edição de 1993/94 da Taça dos Vencedores das Taças tornou-se num deles. Em Itália, frente ao Parma, após a vitória por 2-1 na 1ª mão, as “Águias” claudicaram e perderam o desafio por 1-0. O pior é que Neno, no lance do golo sofrido, não ficou bem no “retrato”. Com uma saída em falso, o atleta assistiu à bola adversária a entrar na baliza sob a sua alçada e, com tal infelicidade, viu esfumar-se a oportunidade de marcar presença numa final das provas europeias.
Com a famosa “limpeza de balneário” perpetrada por Artur Jorge, o guarda-redes acabou por deixar o Benfica e regressar a Guimarães para a época de 1995/96. Foi nessa terceira passagem pelo Minho, durante a qual foi convocado por António Oliveira para o grupo de trabalho a disputar o Euro 96, que Neno passou por um dos momentos mais caricatos, e doloroso, da sua carreira. Num treino, após uma "estirada" em que caiu para dentro da baliza, enrolou-se nas redes, acabando por ficar preso pelos dentes! O resultado foi uma grave lesão no maxilar, que o levou à mesa de operações e a uma difícil recuperação!

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