465 - CARLOS GERMANO

Entrou para as categorias de formação do Vasco da Gama e foi no clube do Rio de Janeiro que, na temporada de 1990, deu os primeiros passos como sénior. Porém, por essa altura, o lugar mais experimentado por Carlos Germano era, tal como para a maioria dos estreantes, a posição sentada no banco de suplentes. Ainda assim, o seu estatuto não tardou muito a mudar e com a saída de Acácio para Portugal, o jovem guardião começou, com maior regularidade, a marcar presença na defesa das redes do “Gigante da Colina”. De 1991 para diante, olhando para o escalonamento inicial, foram raras as vezes em que o seu nome não constou no rol de onze atletas a começar os desafios da sua equipa. O estatuto de “intocável” acabou por fazer com que o jogador conseguisse atingir marcas espantosas, como são exemplo os 933 minutos sem sofrer golos ou as 632 partidas efectuadas pelos "Cruzmaltinos", presenças a tornarem-no no segundo futebolista com mais jogos na história da agremiação.
Tais cômputos são importantes numa carreira e para o antigo guardião, independentemente do que possa vir a acontecer, os números apresentados no final do parágrafo anterior, hão-de pô-lo sempre em destaque nos anais do Vasco da Gama. No entanto, também não é menos verdade que o mais relevante no futebol, como em qualquer outro desporto, são os troféus, principalmente os colectivos. No que a essas conquistas diz respeito, pode dizer-se que Carlos Germano foi um dos obreiros de uma série de títulos ganhos pela colectividade do Rio de Janeiro, isto é, a Copa Libertadores da América de 1998, o Campeonato Carioca de 1992, de 1993, de 1994 e de 1998 e, para finalizar o rol, o Campeonato Brasileiro de 1997. Ainda assim, nem sempre a relação entre o clube e o atleta, laço com mais de uma década, foi pacífica, com o tema “renovação”, sempre que vinha à baila, a criar uma grande celeuma entre o guarda-redes e os responsáveis directivos pela colectividade. Contudo, como é normal dizer-se, “tantas vezes vai o cântaro à fonte que um dia deixa lá a asa” e acabou por ser uma dessas discussões a pôr termo à ligação.
Com a sua saída do Vasco da Gama, o ano 2000 marcou uma nova fase na vida do jogador. Nesse sentido, para alguém com o currículo de Carlos Germano, no qual, para além do que foi dito, podemos ainda acrescentar as internacionalizações pelo Brasil, a conquista da Copa América de 1997 e o 2º lugar no Mundial de 1998, encontrar um novo clube tornou-se numa tarefa fácil. Todavia, a verdade é que o guardião começou a perder um pouco do fulgor. Mesmo ao ingressar no Santos, nunca mais conseguiu impor-se no futebol como até aí. Seguiu-se um constante pular de clube em clube, com a Portuguesa, o Botafogo, o Paysandu, o América e o Madureira a preencherem a sua caminhada. Por fim emergiria o reatar de uma paixão antiga e não, o atleta não regressou aos “Cruzmaltinos” – “O Oliveira viu o Vasco-Flamengo e abordou-me. Tinha 27 anos, mas não podia pegar nas malas e seguir o meu caminho, porque pediram um preço absurdo (…)”*. Não entenderam nada, pois não?! Eu explico melhor. Quando Vítor Baía deixou o FC Porto para assinar pelo FC Barcelona, António Oliveira, deliciado pelas qualidades do guarda-redes, tentou levá-lo para os “Azuis e Brancos”. Porém, pela razão que já leram, o negócio abortou. No entanto, como um verdadeiro amor nunca morre, o ex-treinador dos “Dragões” nunca esqueceu o futebolista “canarinho” e, numa altura em que cumpria os deveres de Presidente do Penafiel, o “namoro” veio a reatar-se e o “keeper” acabou a preencher um lugar no plantel de 2005/06 dos “Durienses”.

*retirado do artigo de Norberto A. Lopes, publicado a 11/07/2005, em https://maisfutebol.iol.pt

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