481 - BIO


O nome Bio diz-lhe alguma coisa? E o de Bebiano Gomes? Se o primeiro é normal que pouco lhe diga, já o segundo, pelo mediatismo que ainda há pouco tempo teve, é capaz de o chamar a atenção! E o que têm um a ver com o outro? A ver vamos!
Em 1980, vindo da Guiné-Bissau, chega a Portugal um jovem jogador com duas cartas de recomendação. Passadas por um tal empresário português, que montara negócio em terras africanas, a dita correspondência destinava-se a Académica de Coimbra e Sporting, e nelas aconselhavam os referidos clubes a observar a qualidade do seu portador. A "Cidade dos Estudantes" foi a primeira paragem do rapaz. Teve sorte? Nem por isso, pois na "Briosa" não estavam em dia de captações. Volta a Lisboa e pernoita em Moscavide. No dia seguinte apanha o autocarro e pede ao motorista para o chamar aquando da chegada ao seu destino, o Estádio de Alvalade. O pior é que o condutor distrai-se, acabando por avisá-lo quando já iam mais adiante no percurso e nas proximidades do Estádio da "Luz".
Oportunidade perdida deu em oportunidade ganha e Bebiano decide oferecer os seus préstimos ao emblema da "Águia". Imediatamente agradou e acabaria por ficar integrado nas camadas de formação do clube e a morar no Lar do Jogador. Encontrou-se, logo aí, com grandes nomes do futebol nacional. Um deles, Jesualdo Ferreira, acabaria por ser um dos seus treinadores e o mesmo que o "baptizaria" de Bio. Já com nova identidade, a concentração que mostrava em campo, a disciplina com que cumpria as suas tarefas e a capacidade de nunca desistir, faziam com que da equipa principal o chamassem a participar em alguns treinos. Neles destacavam-se a sua veia lutadora e numa dessas situações ainda ouviu alguém a meter-se com ele - "Quando ia treinar com os seniores usava pitons de alumínio e no Estádio da Luz vínhamos do relvado para o balneário pelas escadas. Quando vinha a descer estavam os seniores cá todos em baixo, o Shéu, o Humberto... começavam a dizer ao Nené «olha que vem aí o Bio». Porque eu dava muita porrada...".
Com a chegada à idade sénior, Bio assina um contrato profissional, mas acaba por rumar ao Farense. Jovem como era, o defesa acaba por não jogar muito. Ainda assim, a experiência acaba por ser positiva, pois a convivência com jogadores de traquejo (Jorge Jesus, Carlos Alhinho, Paco Fortes, etc.) acaba por dar a Bio a força necessária para prosseguir a sua carreira de futebolista.
Seguiu-se o Penafiel, clube onde atingiria o auge como jogador... depois veio o Tirsense, Beira-Mar, Ac.Viseu e novamente o Penafiel. Seria nesta segunda passagem pelos "Rubro-Negros" que a vida de Bio mudaria radicalmente. Atingido por uma grave lesão, o defesa veria a sua carreira terminar apenas aos 28 anos. Mas como infortúnio não é palavra de que ele saiba o significado, Bio faria deste episódio uma janela aberta para novas oportunidades. Tirou o curso de Fisioterapeuta e foi, sob a alçada de Eurico, trabalhar para Santo Tirso.

Entretanto, o Penafiel decide convidá-lo para o seu "staff" e oferece-lhe o lugar de Secretário-Técnico. É já nestas funções que começa a participar em reuniões da Liga e repara que, excepção feita ao seu clube, todos os outros eram representados por advogados. Passados uns anos, inspirado por aqueles encontros, decide, então, tirar um curso superior, acabando por se licenciar em Direito. 
Seria, então, como advogado que o seu nome começou a ganhar destaque na imprensa nacional. Todos, pelo menos os que seguem o desporto regularmente, têm uma ideia do caso que opôs o jogador Bruma ao seu antigo clube, o Sporting. Pois bem, sem entrar muito a fundo em tal história, relembro-vos que o representante do avançado foi um tal de Bebiano Gomes.

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