540 - PORTIMONENSE

Foi na loja de Amadeu Figueiras d'Andrade, mestre sapateiro na cidade de Portimão, que um grupo de entusiastas do jogo da bola começou a juntar-se para discutir as incidências dos desafios passados e dos futuros. A localização do dito estabelecimento comercial, com vista privilegiada para o improvisado campo do Aterro do Cais, era, pelo ano de 1914, o sítio certo para os entusiastas do "foot-ball". Ora, tal hábito, com o patrocínio do dono da dita loja, e que víria a ser o sócio nº1 da colectividade, resultaria na fundação do Portimonense Sporting Clube.
Nesse dia 14 de Agosto de 1914, dar-se-iam os passos iniciais daquela que seria a história de um dos maiores clubes algarvios e, porque não dizê-lo, a nível nacional. Mas, se os primeiros anos de existência do clube viveriam muito à custa da carolice dos seus atletas, seria já uma década depois que tudo tomaria contornos mais sérios. Para tal, contribuiria a criação dos estatutos do clube, entregues no Governo Civil de Faro, em 1925. Nesse documento estipulavam-se, entre outras coisas, as cotas de cada associado, o emblema e, claro, as cores e formato do equipamento. Contudo, e apesar do caminho trilhado fazer crer que o Portimonense ia na direcção do sucesso, uma crise financeira quase deitava o sonho por água abaixo. Perder-se-ia a sede, inaugurada em 1923, mas, indo-se os anéis, rapidamente o emblema algarvio voltou a erguer-se.
Outro marco, veio com a construção do estádio, em 1937. Esse empreendimento, materializado no mesmo ano em que o clube se sagra pela primeira vez campeão algarvio, veio trazer aos atletas outras condições de trabalho. Anos mais tarde, já na década de 40, subir-se-ia mais um degrau na vida e progressão do Portimonense, com a chegada do treinador, campeão pelo Benfica e Real Madrid, Lipo Herczka. A contratação do técnico húngaro, com um vasto currículo como jogador e treinador, deu outra dimensão ao clube que, deste modo, e já com a ideia de se juntar aos grandes do futebol português, começa a disputar o campeonato da 2ª divisão.
No entanto, e apesar do perseguição de tal objectivo, o Portimonense apenas se estrearia no principal escalão nacional na temporada de 1976/77. Começa aqui a fase mais brilhante dos do Barlavento, com 13 épocas, excepção feita a 1978/79, de 1ª Divisão. Mas o ponto alto destes anos, seria a inesquecível participação nas competições europeias. Ora, para a temporada de 1984/85, sob o comando de Manuel José, estavam nomes como os de Skoda, Cadorin, Rui Águas ou Simões. Este grupo feito de craques, conseguiria uma campanha, a todos os níveis, memorável. O prémio viria com o 5º posto na tabela classificativa, e com a correspondente qualificação para a Taça UEFA da temporada seguinte.
Já sob alçada de Vítor Oliveira, que entretanto passara de jogador para as funções de treinador, ao Portimonense calha em sorte o Partizan de Belgrado. Com os jugoslavos, a eliminatória até começaria de feição. Vitória por 1-0 em casa, dava à turma algarvia a esperança de continuar em prova. Mas apesar deste alento, um Partizan recheado de internacionais e com alguns nomes bem conhecidos do nosso futebol - Djukic (Farense); Stevanovic (Farense, V.Setúbal, U.Madeira); Zivkovic (Benfica); Bajovic (V.Setúbal); Capljic (Esposende) -, haveria, na segunda mão, conseguir dar a volta ao resultado, com um contundente 4-0.
É já no início dos anos 90 que o Portimonense volta a cair na 2ª Divisão. A esta despromoção não é alheia uma nova crise financeira, que nem a fusão com o Grupo Desportivo Torralta, colectividade associada a um poderoso grupo económico, daria quaisquer frutos. A dita queda levaria o clube a militar, durante uma meia dúzia de anos, pela 2ª Divisão B. A recuperação, depois de a necessária consolidação, começaria já depois da viragem do milénio. Neste caminho, há que destacar nova presença na Liga principal (2010/2011), que, infelizmente, seria de pouca dura. Desde então, com mais ou menos sobressaltos, o Portimonense tem estado presente naquele que é o segundo patamar do nosso futebol. O futuro, num cenário que é o de um país em recessão, é, naturalmente, de contenção. Para já (2014/15), muito para além do que poderia ser um campeonato tranquilo, o Portimonense chega-se aos lugares cimeiros da classificação. Espera-se, para breve, que o mapa desportivo nacional volte a alargar-se a Sul e que possamos contar com os "alvi-negros", de novo, nos palcos principais do futebol.

2 comentários:

A Bola Indígena disse...

O Portimonense fez realmente furor nos anos 80. Faz falta ao divisão principal do futebol português clubes algarvios ou mesmo alentejanos !

Cumprimentos

A Bola Indígena

http://bolaindigena.blogspot.pt/

cromosemcaderneta@gmail.com disse...

Também tenho que concordar consigo nesse ponto. O mapa futebolístco nacional ficaria bem mais engraçado se se estendesse a outros pontos do país... não só ao Algarve, como ao Alentejo, Açores, Beiras e Trás-os-Montes.