615 - VITORIANO

Tendo feito a sua formação no Varzim, haveria de ser chamado à primeira categoria na temporada de 1974/75. No entanto, muito mais do que o futebol, na vida de Vitoriano também havia a escola. Estudante aplicado, e percebendo que o tempo de que dispunha era limitado, acabaria por deixar o clube para se dedicar, com mais afinco, aos livros.
Apesar do assédio do Varzim, com os sentidos postos no seu regresso, Vitoriano foi conseguindo resistir à tentação de voltar a jogar como profissional. Ainda assim, havia que alimentar a paixão pelo futebol e durante os anos que se seguiriam, conciliando a actividade académica com a desportiva, o defesa foi jogando com as camisolas do Guilhabreu e Ribeirão.
O tão desejado regresso às lides varzinistas, aconteceria para a época de 1979/80. Por essa altura, quem estava aos comandos da equipa era António Teixeira. Imediatamente, o treinador viria em Vitoriano um grande jogador. Contudo, e ao contrário do que até então se passara, Teixeira encostaria o atleta à direita. Daí em diante, trocando o centro da defesa pelo lado destro, Vitoriano afirmar-se-ia como um indiscutível dos “Lobos do Mar”.
O estatuto de titular levá-lo-ia a metas maiores. Alcançaria a Selecção Nacional de “Esperanças” e, sonho de um qualquer futebolista português, despertaria a atenção dos denominados “Grandes”. Nesta senda, a mudança para o FC Porto aconteceria no Verão de 1984/85. Veloz, inteligente e, sobretudo, com uma atitude briosa, Vitoriano era o reforço certo para os “Dragões” de Artur Jorge. A concorrência que tinha na disputa por um lugar, era enorme. Mas ao contrário do que haveria de supor, João Pinto acabaria por nem ser a sua maior dor de cabeça. As lesões, isso sim, acabariam por ser o seu inimigo – “Eu entrei em Agosto, e em Outubro desse ano tive uma lesão grave, em que estive o ano todo parado. Fui operado ao músculo posterior da coxa. Recuperei alguma coisa em 1985/86 (…). No FC Porto nunca consegui estar a mais do que 60-70% do meu valor real. Fiquei menos rápido e com algumas dificuldades a nível psicológico, porque a jogar tinha sempre medo que [o músculo] rebentasse; tinha alguma dificuldade em tomar o jogo de forma aberta”*.
As lesões que o assombrariam durante esses anos de “Azul e Branco”, fariam com que não conseguisse celebrar o primeiro de 2 Campeonatos, que o FC Porto conquistaria entre 1984 e 1986. Só o regresso à Póvoa faria com que Vitoriano voltasse à sua velha forma física. Totalmente recuperado e no “onze” inicial, o lateral direito conquista, mais uma vez, o estatuto de indispensável. Vitoriano, que antes da ida para o Estádio das Antas já havia merecido o posto de “capitão” varzinista, voltaria a envergar a braçadeira.
Em 1990, com o clube na 2ª divisão, chega ao fim a ligação de Vitoriano ao Varzim. Esse defeso acabaria por marcar, também, o começo da última fase da sua carreira como futebolista. Seria, então, já depois de vestir as camisolas de Leça e, novamente, a do Ribeirão que Vitoriano se decide pela actividade de treinador. Nessas funções, ora como adjunto, ora nas camadas jovens, tem estado ligado ao clube do seu coração, ao Varzim Sport Clube.


*Retirado do programa "Preto no Branco", emitido na Varzim TV a 18/03/2014

Sem comentários: