622 - STOICHKOV

A sua faceta irascível levaria a que o próprio pai, funcionário do Ministério da Defesa, metesse uma “cunha” para que Stoichkov fosse jogar no CSKA de Sófia. Farto das condutas inadequadas do filho, a ideia era discipliná-lo no emblema pertença do exército. Pior, é que o seu mau feitio, bem presente nas passagens pelo Maritsa Plovdiv ou pelo FC Hebros, haveria de conservar-se intacto. Logo no ano de estreia pelos da capital búlgara, na final da Taça, Stoichkov envolve-se em confrontos com um adversário. A cena de pancadaria, envolvendo o guarda-redes Mihailov (Belenenses), acabaria por ter sérias repercussões.
O Partido Comunista Búlgaro haveria de tomar uma posição sobre o assunto e as sanções não tardaram a surgir. A pena, nessa época de 1984/85,passaria pela não atribuição do troféu. Paralelamente a este primeiro castigo, e com mão bem pesada, foi decretada a extinção de ambas as colectividades (CSKA e Levski). Já os jogadores acabariam por ser banidos de toda a prática desportiva.
No seguimento desta novela, o severo castigo acabaria por ser uma fachada. Os clubes contornariam a imposta cessação, mudando de nome. Já para os futebolistas, volvido um ano sobre o anúncio da sentença, uma pequena amnistia haveria de os devolver aos relvados.
O perdão viria a tempo de restituir Stoichkov aos grandes momentos. Dono de uma técnica apuradíssima e letal na hora de afrontar as balizas contrárias, o atacante tornar-se-ia na estrela maior do seu clube. Decisivo na vitória de 2 Campeonatos, para ele, conquistaria uma série de prémios individuais. Neste sentido, a “Bota d’Ouro” de 1990 acabaria por ser o móbil para uma nova etapa na sua carreira.
Com os olhos postos naquele que, por duas vezes consecutivas, tinha sido eleito o melhor jogador do seu país, andavam já muitos clubes. Quem melhor conseguiria aliciar o internacional búlgaro, acabaria por ser o Barcelona. Na Catalunha, num grupo recheado de craques, Stoichkov nunca deixaria de se destacar. Jogadores como Michael Laudrup, Guardiola, Zubizarreta, Koeman, Romário, entre tantos outros, seriam incapazes de ofuscar a genialidade do atacante. Claro está, com um balneário tão rico, o que também não faltou foram os títulos. A vitória na Taça dos Campeões Europeus de 1991/92, a Supertaça Europeia do ano seguinte, bem como as 4 Ligas espanholas conquistadas, seriam os marcos principais da sua primeira passagem pelos “Blaugrana”.
Muito mais do que as 5 temporadas ao serviço do Barcelona, a sua afirmação, viria, em definitivo, com o Mundial de 1994. Nos Estados Unidos da América, é certo que ladeado por jogadores como Balakov (Sporting) ou Kostadinov (FC Porto), Stoichkov empurraria os seus companheiros para uma campanha brilhante. Deixando para trás equipas como a Alemanha ou a Argentina, a Bulgária acabaria por ceder nas meias-finais. O 4º lugar acabaria por ser a posição final da sua equipa. Contudo, para Stoichkov o torneio tomaria proporções bem maiores. O caminho feito pela sua equipa, mas, principalmente, a maneira imaculada como Stoichkov enfrentaria todos esses desafios, levá-lo-iam a ser tido como um dos melhores a nível do globo. A confirmação desse estatuto viria alguns meses depois, com a “France Football” a atribuir-lhe o “Ballon d’Or”.
A saída do Barcelona no Verão de 1995, acabaria por marcar a última fase da sua carreira. A curta passagem pelo Parma (1995/96) e o regresso a Espanha, mostrariam um Stoichkov já a afastar-se das melhores prestações. Ainda assim, as 2 temporadas que passaria com as cores do Barcelona, dar-lhe-iam para acrescentar alguns títulos ao currículo. A Taça dos Vencedores das Taças de 1996/97 e a Liga espanhola do ano seguinte, seriam como o “canto do cisne” na sua vida profissional. Ainda jogaria mais alguns anos. No entanto, as passagens pela Bulgária (CSKA Sófia), Japão (Kashiwa Reysol), Arábia Saudita (Al Nassr) e Estados Unidos (Chicago Fire; DC United) não seriam mais do que a confirmação do fim.
Já depois de se retirar dos relvados, Stoichkov enveredaria pela carreira de técnico. Encetaria funções na selecção principal do seu país, para depois assumir os comandos de emblemas como o Celta de Vigo, os sul-africanos do Mamelodi Sundowns, Litex Lovech, ou, ainda na Bulgária, um conturbado mês passado ao leme do CSKA Sófia.

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