667 - JORGE SILVA

Produto das escolas “axadrezadas”, Jorge Silva seria promovido à equipa sénior na temporada de 1994/95. Contudo, e apesar de, finda a sua formação, ter sido logo integrado no plantel principal, a verdade é que a presença de outros atletas mais experientes haveria de trazer algumas dificuldades ao jovem futebolista. Ora, neste contexto, nem o percurso feito nas camadas jovens da selecção portuguesa, nem tão pouco o traquejo conseguido em algumas fases finais das respectivas categorias (Euro s-16 1992; Mundial s-20 1995), valeriam de muito perante a desenvoltura de nomes como os de Rui Bento ou Bobó.
Nas 3 épocas seguintes, com as cores da Académica (1995/96; 1996/97) e União de Leiria (1997/98), Jorge Silva passaria por uma sucessão de 3 empréstimos. Ainda que a disputar a Divisão de Honra, a aprendizagem feita pelo médio defensivo seria benéfica para a sua evolução. Esses 3 anos de ausência, acabariam por fazer ver aos responsáveis boavisteiros que as capacidades de Jorge Silva seriam um acrescento à qualidade do seu plantel. Ora, é nesse sentido que o trinco, para a temporada de 1998/99, regressa ao Estádio do Bessa.
Com Jaime Pacheco já ao leme do Boavista, Jorge Silva ainda penaria antes de conseguir afirmar-se no onze inicial. Só com a chegada da temporada 1999/00 é que o médio ultrapassaria o estatuto de suplente pouco utilizado, posicionando-se como um dos atletas influentes na estratégia do clube. Contudo, em boa-hora haviam surgido todas essas barreiras. Os obstáculos que acabaria por vencer, torná-lo-iam mais forte e bem preparado para os desafios que, de “Pantera” ao peito, estava à beira de enfrentar.
A viragem do milénio, daria a conhecer um Boavista cada vez mais vizinho dos denominados “3 grandes”. O 2º posto na tabela classificativa de 1999/00, muito mais do que uma aproximação, acabaria por ser o presságio para as épocas seguintes. Nesse sentido, Jorge Silva daria um contributo muito importante, ao fazer do meio campo, numa dupla que contava com Petit, um dos principais baluartes da equipa. Os resultados seriam surpreendentes, com o Boavista a conseguir uma série de excelentes campanhas europeias e, claro, a incomparável vitória no Campeonato de 2000/01.
Depois de se consagrar como campeão nacional, Jorge Silva continuaria, sempre numa primeira linha, a dar o seu contributo para o Boavista. Esta afirmação, faria com que da selecção principal chegasse a sua primeira convocatória. Chamado já na preparação para o Euro 2004 (torneio disputado em Portugal), mas ainda numa fase de transição, o médio seria eleito por Agostinho Oliveira para disputar os particulares com a Inglaterra (07.09.2002) e com a Suécia (16.10.2002).
Se é costume dizer-se que “depois da tempestade vem a bonança”, o contrário, muitas vezes, também é verdade! Ora, depois de atingir o auge da sua vida profissional, Jorge Silva vê a carreira a abrandar um pouco. É nesta altura que deixa o Bessa, para ingressar no Beira-Mar. No emblema de Aveiro, com uma despromoção pelo meio, faz a sua derradeira temporada no escalão máximo (2006/07). Depois começa a vogar pelas divisões secundárias e, é já neste patamar, que volta a encontrar-se com o Boavista.
Após jogar pelo Feirense, a crise económica e desportiva em que o Boavista havia mergulhado, levá-lo-ia a ir em auxílio do clube. Já com o fim da carreira a aproximar-se, Jorge Silva volta à casa que o havia formado. Mesmo com salários por pagar, e recusando-se sempre a pôr o clube em tribunal, o médio não deixaria o emblema, nem mesmo na descida à 2ª divisão “B” – “Procurei nunca ter que recorrer aos tribunais, porque seria extremamente doloroso para mim tomar essa atitude. Nunca a tomei e espero nunca a tomar (…).Ninguém tem a paciência que o Jorge Silva tem, ninguém é obrigado a gostar do Boavista como eu gosto”*.
Já depois de, ao serviço do Gondomar, ter abandonado os relvados (2010/11), Jorge Silva iniciar-se-ia como treinador. Nessas funções, ainda num caminho curto, passaria pelas equipas técnicas de diversos clubes. Com especial destaque para o cargo de adjunto, desempenhado no Paços de Ferreira, o antigo futebolista foi, na época que agora termina (2015/16), o responsável pelos juniores do Gondomar.

 
*retirado do artigo em www.maisfutebol.iol.pt, a 22/01/2009

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