668 - CACIOLI

Com uma carreira feita em modestos clubes, mas com algo mais faustoso no percurso escolar, Cacioli, no final dos anos 80, chega a Portugal.
Tendo sido capaz de conciliar a vida académica, na qual conseguiria formar-se em “Tecnologia e Computação”, com a actividade desportiva, a decisão de prosseguir a vida dentro dos relvados, levá-lo-ia, ainda no Brasil, a percorrer uma série de pequenos clubes. Mesmo afastado dos palcos maiores do futebol “canarinho”, as suas capacidades chamariam a atenção de um dos nomes mais conceituados do futebol do seu país. Ora, Abel Braga, antigo internacional brasileiro e, por essa altura (1988/89), a iniciar a segunda passagem pelos campeonatos portugueses, era o timoneiro do Famalicão. Para o Minho, com ele, traria Cacioli e este, rapidamente, assumir-se-ia como um dos indispensáveis na táctica do clube.
Ainda na 2ª divisão, a entrega do médio, aliada a uma técnica e visão de jogo excepcionais, fariam dele uma das principais armas no ataque à subida de escalão. Conseguida essa promoção, a visibilidade que Cacioli haveria de granjear, levá-lo-iam a ser cobiçado por emblemas com objectivos maiores. O Boavista seria um dos que, na vontade de o contratar, partiria na linha-da-frente. No entanto, o limite de estrangeiros, imposto por essa altura, fazia com que a transferência fosse mais difícil. Uma solução, muito em voga nesses tempos, ainda seria posta em cima da mesa. Contudo, o atleta acabaria por recusar tal saída – “Houve pessoas que me aconselharam a casar para ficar com nacionalidade portuguesa, mas eu pensei: vou lá eu casar por conveniência! Eu quero casar por amor! Sei lá com quem ia casar…”*.
Falhado o negócio com os do Bessa, a sua carreira prosseguiria no Sp. Braga. Na “Cidade dos Arcebispos”, contrariando até o que indicava o começo de época, Cacioli não alcançaria o sucesso desejado. Findo o ano futebolístico de 1991/92, o médio ver-se-ia em nova mudança. Contudo, aquilo que à primeira vista poderia ter sido visto com um passo atrás, acabaria por tornar-se nos melhores anos da sua carreira.
A transferência para o Gil Vicente, entre muitas outras coisas, permitiriam a Cacioli partilhar o balneário com alguns jogadores que marcaram o futebol português. Entre os internacionais Laureta, Dito e Miguel ou o seu conterrâneo José Carlos, Drulovic, até pela amizade que os havia de unir, mereceria o seu destaque – “Jogávamos quase de olhos fechados. Eu sabia onde ele ia aparecer e metia-lhe a bola. Depois ele fazia o resto. Chegou a dizer, numa entrevista, que eu era dos melhores estrangeiros a jogar em Portugal. Isso tocou-me muito”*.
Já depois da saída do avançado sérvio rumo ao FC Porto, o médio continuou a merecer o destaque no seio da equipa de Barcelos. Ora no centro do terreno, ora mais encostado ao lado esquerdo do sector, Cacioli, fosse no apoio ofensivo ou em manobras mais recuadas, cimentar-se-ia como um dos pilares da formação minhota. Esse destaque, em 1993/94, numa partida em jeito de “All-Stars”, valer-lhe-ia a presença na “Selecção dos Melhores Estrangeiros” a disputar o Campeonato Nacional.
Já depois de 3 temporadas ao serviço do Gil Vicente, e numa altura da sua carreira em que a idade já vazia prever um fim, o jogador ruma ao Sul do país. No Farense, com a qualidade com que sempre tinha pautado as suas exibições, tem a sua derradeira aparição no escalão máximo. No final desse 1995/96, com o emblema algarvio em plena crise financeira, Cacioli decide-se pelo ingresso no Varzim.
Após terminar a carreira de futebolista no Vizela, e de aí, já na condição de treinador/jogador, ter dado os primeiros passos como técnico, Cacioli decide dar continuidade a esse seu trabalho. Nesse trilho, tem tido passagens pelos escalões secundários, nos juniores do Gil Vicente e até uma pequena experiência numa equipa amadora de França.


*retirado do artigo de João Tiago Figueiredo, em www.maisfutebol.iol.pt, a 22/01/2014

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