700 - MARTELINHO

De seu verdadeiro nome Joaquim Pereira da Silva, ganharia a alcunha que o notabilizou no futebol, aquando dos seus primeiros treinos – “A família da minha mãe é conhecida como os Martelos. A do meu pai, como Marretas. Quando comecei no Feirense, o meu primeiro treinador perguntou-me o nome e eu, como não gostava de Joaquim, disse Martelinho. Serve de homenagem à família e ficou até hoje”*.
Apesar de ter começado em Santa Maria da Feira, as qualidades que desde logo haveria de mostrar, levariam os responsáveis do Boavista a levá-lo para as suas camadas jovens. Neste sentido, seria no Bessa que terminaria a sua formação. Contudo, e ao invés de permanecer no clube, o jovem extremo daria início à sua carreira sénior através de uma série de empréstimos. Intercalando as passagens por Marco (1993/94) e Desportivo das Aves (1995/96) com um curto regresso ao emblema de origem, Martelinho acabaria por ganhar o traquejo necessário para o que a sua inclusão no plantel “axadrezado” fosse definitiva.
Sendo bastante rápido e de uma garra inconfundível, seria natural a sua permanência na equipa boavisteira. No entanto, e apesar de ver reconhecida a sua valia, os primeiros anos após o seu regresso não fariam dele um dos inconfundíveis no “onze” inicial. Curiosamente, seria com o avançar do Boavista em direcção aos lugares cimeiros do futebol português, que o extremo começaria também a catapultar-se. Na ala direita do ataque, Martelinho passa a ser uma das principais armas na manobra de Jaime Pacheco. Com o avançar da temporada de 2000/01, aquela em que o Boavista conseguiria sagrar-se campeão nacional, o atleta começa a tornar-se num dos mais utilizados. A maneira como conseguia romper pelas defesas adversárias e os golos que haveria de marcar, fariam dele um dos mais influentes na conquista do já referido título. Sem nunca mostrar o mais pequeno receio, Martelinho teria nos “jogos grandes” os seus grandes momentos. Os golos marcados frente a FC Porto e Sporting pô-lo-iam, em definitivo, como um dos mais amados pela massa adepta do emblema portuense.
Faltou-lhe talvez uma coisa para completar uma carreira feita de conquistas importantes. Ele que chegaria a vestir a camisola de Portugal nas camadas jovens, muito por culpa da presença de jogadores como Luís Figo ou Nuno Capucho, terminaria o seu percurso de futebolista sem nunca ter a oportunidade de representar a principal selecção lusa. Ainda assim, nada no seu currículo mostra uma experiência despida de momentos marcantes. Com uma Taça de Portugal (1996/97) e uma Supertaça (1997/98) a embelezar o seu caminho, o antigo avançado tornar-se-ia, na transição do milénio, num dos mais respeitados praticantes da modalidade.
Já depois de deixar o Boavista no final de 2004/05, as passagens pelo Portonovo (Espanha) e Penafiel marcariam o final da sua ligação com o futebol de “11”. Todavia, a sua paixão pela bola continuaria a ser nutriada através da prática do futsal. Tendo fundado o Martelinho SC, entretanto rebaptizado como Cidade de Lourosa, Martelinho continua a manter a sua forma física (quase) intacta. Sendo Presidente e atleta da dita colectividade, paralelamente tem dado passos importantes para cimentar conhecimentos na área técnica. Como treinador na variante de “11” já conta com passagens pelas camadas jovens de Feirense e Boavista. Já nos seniores, daria início ao seu percurso onde um dia havia sido recusado como jogador. No Lusitânia de Lourosa, onde, ainda muito jovem, tinha reprovado nos treinos de captação, começou o seu trajecto como treinador sénior. Hoje em dia (2016/17) no Campeonato de Portugal (nível 3), está ao comando dos destinos do Cesarense.

 
*artigo de Vítor Hugo Alvarenga, em www.maisfutebol.iol.pt, a 28 de Março de 2013

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