776 - RUI CORREIA

Descoberto por Osvaldo Silva, antigo craque leonino, Rui Correia deixaria a Sanjoanense para integrar o plantel de juniores “Verde e Branco”. Cumprindo um sonho de menino, o jovem guardião chega a Alvalade com apenas 16 anos de idade e passa a fazer parte de uma equipa que contava com promessas como Jorge Cadete.
Duas temporadas nas “escolas” do Sporting e, terminada essa etapa formativa, a sua passagem à categoria principal dá-se no início da época de 1986/87. Todavia, num plantel que contava com Vítor Damas e Vital, as oportunidades já se previam escassas e o atleta pouco haveria de jogar. Curiosamente, e logo na campanha seguinte, a chegada de Keith Burkinshaw iria alterar esse cenário. Tendo consciência que Rui Correia tinha tudo para conseguir afirmar-se como titular, o técnico inglês passa a incluí-lo no “onze” inicial.
O despedimento do referido treinador faz com o destino do guarda-redes sofra uma pequena contrariedade. Já depois de perder espaço no escalonamento da equipa, o Verão de 1988 torna-se ainda mais penoso. Sem lugar no Sporting, é Manuel Fernandes, outra estrela dos “Leões”, que o leva para Setúbal. Ainda assim, pouco muda para si e, durante os anos que seguiriam, as chances que teria para demonstrar o seu valor seriam praticamente inexistentes.
Poder-se-á dizer que o seu caminho só voltou a entrar nos eixos, já no início da década de 90. Ainda que sem nunca abandonar a 1ª divisão, só a sua ida para Trás-os-Montes é que acabaria por trazer uma lufada de ar fresco à sua carreira. O Desportivo de Chaves acabaria por marcar uma verdadeira mudança de paradigma e elevá-lo à condição de um dos melhores a defender as redes no Campeonato Nacional.
Bem, para dizer a verdade, o emblema flaviense acabaria por servir apenas de passagem. É certo que a titularidade aí conseguida muito contribuiu para aos sucessos vindouros. Todavia, seria já no Sporting de Braga, para onde se transferiria na temporada de 1992/93, que conheceria aquele que, segundo o próprio, daria um enorme alento à sua progressão – “Quando dizem que treinador x dá-se bem com jogador y, isso é verdade. O meu caso com António Oliveira é elucidativo e nem o consigo explicar. Eu gostava muito dele, pronto. E eu dava-me bem com ele. Tão simples com isso. Por isso, joguei com ele em Braga e depois na selecção e depois no Porto. São aquelas relações de empatia imediata”*.
Como dá para entender, a convivência com António Oliveira terá tido grande influência naquilo que Rui Correia conseguiria alcançar como profissional. Como já tiveram oportunidade de ler, seria pelas mãos do antigo seleccionador nacional que o guarda-redes faria a sua estreia por Portugal. Aliás, muito mais do que esse jogo de qualificação frente ao Liechtenstein, a sua presença num dos maiores certames futebolísticos, neste caso o Euro 96, muito se deve à admiração que o técnico sempre teve por ele.
É esse mesmo respeito que faria com que Oliveira, já aos comandos do FC Porto, o escolhesse para defender o último reduto “Azul e Branco”. Já nas Antas, onde chegaria para a temporada de 1997/98, o atleta faria parte das equipas que ajudariam a selar o inesquecível “Penta”. Na “Cidade Invicta” e nos 4 anos que passaria de “Dragão” ao peito, Rui Correia acrescentaria ao seu currículo nada mais, nada menos, do que 2 Campeonatos, 3 Taças de Portugal e, ainda, 1 Supertaça.
Depois desse período no FC Porto, e numa altura em que já entrava na fase descendente da sua carreira, a passagem pelo Salgueiros marcaria a sua despedida do nosso escalão máximo. No que restou do seu percurso de futebolista, Rui Correia acabaria por representar Feirense, União de Lamas e Estoril-Praia.
No “Emblema da Linha” decidiria, então, ser a altura certa para “pendurar as luvas”. Ainda assim, logo de seguida, daria os primeiros passos como técnico e, no Portimonense, aceitaria o cargo de treinador de guarda-redes. Nestas funções, o antigo internacional ainda passou por diversos emblemas nacionais e pelos gregos do OFI Creta. Neste momento (2017) é o coordenador da formação dos guardiões do Shandong Luneng (China).


*retirado de https://ionline.sapo.pt/; entrevista publicada a 26/02/2015

2 comentários:

Francisco Emanuel disse...

Foi um bom e seguro guarda-redes.
Um abraço.
Autografos Futebol

cromosemcaderneta@gmail.com disse...

Francisco, concordo com a sua apreciação. Talvez a sua estatura tenha feito com que não atingisse um patamar mais elevado. Aliás essa foi uma "crítica" que teve de enfrentar ao longo da sua carreira! Ainda assim, não deixou de ser um dos grandes guarda-redes do futebol nacional.