Tendo o jogador aparecido por cá em meados dos anos 50,
seria certo pensar-se que os registos sobre o seu percurso desportivo fossem
mais conclusivos. No entanto, tudo aquilo que consegui apurar levou-me a uma
série de dúvidas ainda maiores! A primeira: de onde surgiu Forneri? Há quem
diga que, antes da sua viagem para a Europa, o médio já tinha jogado pelo
Quilmes. Outros, contudo, referem-no numa senda curiosa. Nela, sem ligação a
qualquer colectividade, terá andado pelo nosso país a bater de porta em porta,
à procura de um novo clube. A verdade, a única que consegui confirmar, é que a
primeira aparição deste argentino em Portugal remonta à temporada de 1953/54.
Foi, então, ao serviço do Juventude de Évora que Forneri
disputou as primeiras partidas nos nossos campeonatos. Aqui, mais uma dúvida.
Há quem o apresente como vindo de um empréstimo do FC Porto. Todavia, a fraca
consistência da dita informação faz-me pensar que tal não passa de mais um erro
no universo cibernauta.
Continuando… Já após cumprir essa época inicial, outros
pretendentes começaram a aparecer. Sendo um atleta de excepcionais qualidades,
e com os alentejanos a claudicarem nas derradeiras etapas da luta pela
promoção, novo convite haveria de surgir. Com Oscar Tellechea no lugar de
treinador, e havendo no balneário outros conterrâneos seus, foi fácil para os
responsáveis do Torreense convencer o atleta a mudar-se para o Oeste. Em Torres
Vedras assumiria um papel de tremenda importância naqueles que foram os melhores
anos da colectividade. Tendo a seu lado Américo Belen e José Maria Pellejero,
também eles argentinos, Forneri destacar-se-ia como um dos melhores centrocampistas
a actuar em Portugal.
Bom a defender e a atacar, o atleta conseguia ocupar várias
posições dentro do terreno de jogo. Essa polivalência, que o levava a ser médio
interior ou médio defensivo, seria uma das grandes armas para as boas campanhas
do seu clube. Muito para além de ser um titular indiscutível, seriam as suas prestações
que ajudariam o Torreense a atingir a final da Taça de Portugal de 1955/56. No
entanto, e depois de já ter marcado o golo que, nessa caminhada, ajudaria a eliminar
o Sporting, Forneri não evitaria a derrota na derradeira partida da prova.
Frente ao FC Porto, o emblema saloio não conseguiria sair do Jamor com a
vitória. Dois golos de Hernâni, sem qualquer tento em resposta, fariam com os
de “Azul e Branco” levassem o troféu para a “Cidade Invicta”.
Após mais algumas temporadas ao serviço do Torreense, é a partir
de 1959 que o seu nome deixa de aparecer nas fichas de jogo dos nossos
campeonatos. É também a partir dessa data que em Espanha surge um atleta que,
mesmo com algumas diferenças no nome e ano de nascimento, muitos relatam como
sendo a mesma pessoa. Contudo, Forneris Ocampo, também conhecido como Juancho
Forneri, tem muitas coisas em comum com o jogador que passou em Portugal. Ambos,
para além da similaridade do apelido, partilham Juan Carlos como os primeiros nomes;
a posição de campo também era a mesma; e, para concluir, há ainda a muito
relatada camaradagem que tinha com o antigo atleta do emblema do Oeste, José Maria
Pellejero.
Ora, partindo do princípio que Forneri e Forneris Ocampo são
o mesmo, então, e já depois de deixar Portugal, pode dizer-se que a carreira do
médio terá continuado no sul de Espanha. No Granada, e com o referido Pellejero
como companheiro no centro do terreno, o atleta abrilhantaria os campos do
escalão máximo espanhol. Tendo, ainda na mesma divisão, representado o Elche, seria
no Mallorca que a sua importância seria mais notada. Já um veterano, é nas
Baleares que faz a transição dos relvados para o corpo técnico. Durante anos a
fio ficaria ligado ao clube. Desempenharia as funções de treinador em todas as
camadas; seria chamado a observar jogadores; e, inclusive, faria de roupeiro. A
tamanha devoção ao emblema levá-lo-ia a figurar nos anais como um dos seus
históricos. Por altura do seu falecimento em 1995, uma partida frente ao Atlético
de Madrid seria disputada em sua homenagem.
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