893 - OLIVEIRA MARTINS

Começaria por representar as camadas jovens do Sporting para, ainda em idade adolescente, chegar à 4ª categoria do futebol “verde e branco”. Mesmo sendo um atleta de excelência, a facilidade com que, ainda nesse primeiro ano de sénior, conseguiria chegar à equipa principal seria surpreendente. Essa celeridade, a mesma que o tinha levado a conviver com as maiores estrelas do clube, seria também aquela que empurraria o jovem atacante para o “onze” leonino.
Orientado pelo britânico Charles Bell, o sucesso que conseguia traduzia-se pela quantidade de golos que obtinha. Ao destacar-se na posição de avançado-centro, as suas exibições em muito contribuiriam para o sucesso da equipa. Ora, esse êxito levá-lo-ia também a vestir a camisola da selecção de Lisboa. Aliás, uma das histórias mais famosas na sua carreira envolveria as cores da capital. Numa altura em que era habitual jogar-se duas partidas no mesmo dia, Oliveira Martins, numa contenda frente à congénere do Porto, seria convocado para capitanear os “Alfacinhas”. Depois desse encontro disputado pela manhã, à tarde jogaria frente ao FC Porto. Nesse desafio a contar para a edição de 1928/29 do Campeonato de Portugal, o atacante seria o principal intérprete da vitória por 3-2, contribuindo com um “hat-trick”.
Todavia, aquilo que podia ter sido uma carreira de enorme sucesso, teria um final tão inesperado quanto o seu surgimento. Depois da contratação do avançado Rogério de Sousa em 1929/30, Oliveira Martins começaria a perder algum fulgor. Não sendo chamado a jogo com a mesma frequência, a solução passaria por representar as “Reservas” leoninas. O seu afastamento da equipa principal tornar-se-ia ainda mais notório com o agravamento de uma lesão. Distante das qualidades que o tinham tornado num ídolo da massa adepta, o fim do seu percurso como futebolista viria quando estava perto de completar 24 anos de idade.
Com o terminar da campanha de 1934/35, época em que se afastaria dos campos da bola, aqueles que pensaram que Oliveira Martins estava terminado para o desporto, enganaram-se. Separado da modalidade que o tinha empurrado para a popularidade, o antigo ponta-de-lança dedicar-se-ia a outras disciplinas. Basquetebol, onde chegaria a internacional português, andebol, râguebi ou atletismo fariam parte da lista de 11 modalidades em que também envergaria o “Leão” ao peito.
Sempre ligado ao Sporting, o ecléctico praticante também era um dedicado estudante. Licenciado em Ciências Económicas e Financeiras, as valências obtidas durante a vida académica levá-lo-iam a desempenhar diversos cargos de dirigente no emblema “verde e branco”. Tendo sido Vice-Presidente em diversas áreas e também membro do Conselho Fiscal, a dedicação de Oliveira Martins aos “Leões” permitir-lhe-ia a entrada na história da colectividade. O emblema lisboeta também não esqueceria a importância da sua devoção. Agraciado diversas vezes “pelos bons serviços” prestados ao clube, em 1950 seria condecorado como “Sócio Benemérito”.
Curiosamente, não só no desporto chegou ao estrelato. Tendo participado em diversos filmes, entre os quais “Maria do Mar”, “Fátima, Terra de Fé”, “Varanda dos Rouxinóis” ou “As Pupilas do Senhor Reitor”, Oliveira Martins foi um dos galãs do cinema português dos anos 30.

Sem comentários: