894 - ACÚRSIO

Nascido em Oeiras, seria na localidade dos arredores de Lisboa que Acúrsio, juntamente com o irmão mais novo, daria os primeiros passos no hóquei. Já a entrada na maioridade levá-lo-ia a outra aventura. Em Moçambique, para onde iria à procura de trabalho, as cores do Ferroviário de Lourenço Marques passariam a fazer parte da sua vida. No emblema da actual Maputo, o ecléctico praticante partilharia o tempo entre duas actividades desportivas. No futebol destacar-se-ia como guarda-redes. Já na modalidade em patins, curiosamente, a sua posição era no ataque.
Na sua evolução como desportista, e apesar da maior popularidade que o futebol sempre auferiu, seria no ringue de patinagem que Acúrsio mais depressa conseguiria destacar-se. Ainda em África, começaria a ser chamado à selecção nacional portuguesa, pela qual participaria no Mundial de 1954. Contudo, também no futebol dava cartas. A sua altura faria com que, nas bolas altas, conseguisse impor-se com relativa facilidade. Ainda assim, não era desprovido de bons reflexos e, entre os postes, as defesas que fazia eram fonte de grandes louvores.
Sendo um craque no futebol e no hóquei, o FC Porto, que procurava reforços para ambas as modalidades, veria nele um bom elemento para envergar as cores do clube. Tendo regressado a Portugal para a temporada de 1955/56, mais uma vez seria de setique na mão que começaria por destacar-se. Tornando-se no primeiro internacional “Azul e Branco” na disciplina dos ringues, já no “campo da bola” as coisas não começariam assim tão bem. Com Dorival Yustrich a dar preferência a Pinho, Acúrsio teria poucas oportunidades para jogar. Mesmo tendo conseguido vencer o Campeonato e a Taça logo no ano de estreia, o guarda-redes só conquistaria a titularidade no decorrer da 3ª época de “Dragão” ao peito. Curiosamente, seria nessa campanha de 1957/58 que viveria um dos momentos mais marcantes da sua carreira. No desafio da última jornada, num pontapé de baliza a baliza, o guardião inscreveria o seu nome na lista dos marcadores. Nessa vitória frente ao Belenenses, e já depois do tento conseguido, o atleta fracturaria o braço. Todavia, e ao contrário daquilo que seria esperado, não sairia e, aguentando as terríveis dores, terminaria o encontro.
As boas exibições na guarda da baliza do FC Porto, levá-lo-iam, por fim, a vestir as cores nacionais. Com a estreia em Maio de 1959, esse “amigável” disputado em Gotemburgo marcaria o começo de uma caminhada que, sensivelmente um ano depois, terminaria com um total de 7 internacionalizações. Às parcas partidas disputadas com a camisola de Portugal não é indiferente a decisão por si tomada, pouco tempo depois. Numa altura em que a profissionalização era um facto incontornável no nosso país, Acúrsio teria que dedicar-se em exclusivo ao futebol. Ainda assim, o atleta pouco tempo conseguiria viver com tal resolução. Desejando voltar a praticar ambas as modalidades, a solução encontrada fá-lo-ia voltar a Moçambique. Com mais um Campeonato (1958/59) a embelezar-lhe o palmarés, Acúrsio, no final da época de 1960/61,transfere-se de novo para o Ferroviário. Seria no emblema de Lourenço Marques, que o antigo jogador portista faria a transição para as tarefas de técnico. Ainda como treinador de hóquei, destaque para o seu regresso à terra natal, onde orientaria o AD Oeiras.

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