927 - CÉSAR PRATES

Jovem estrela revelada pelo Internacional de Porto Alegre, César Prates conseguiria destacar-se pelas soberbas qualidades físicas e técnicas. A sua velocidade e os cruzamentos certeiros, muito mais do que o pôr em destaque no seu clube, levariam a que outros agentes do futebol começassem a prestar mais atenção aos seus desempenhos. Já depois de, no Outono de 1996, ter feito a estreia pela principal selecção brasileira, o Real Madrid decidiria apostar na sua contratação. A transferência do lateral-direito ocorreria em Janeiro de 1997. No entanto, a mudança para Espanha acabaria por não trazer os resultados esperados.
Conseguindo pouco mais do que jogar pela equipa “b” dos “Merengues”, o futuro de César Prates passaria pelo regresso ao seu país. Numa série sucessiva de empréstimos, o defesa acabaria por conseguir mostrar as suas habilidades com as cores do Vasco da Gama, Coritiba, Botafogo e Corinthians. Durante as referidas cedências, também o seu palmarés sairia revigorado. A juntar ao “Estudual Gaúcho”, ainda ganho ao serviço do Internacional, o currículo do atleta ficaria preenchido pelas vitórias no “Brasileirão” de 1997 e 1999.
Também o Sporting entraria no caminho do defesa através de um empréstimo do Real Madrid. Contratado no “Mercado de Inverno” de 2000, a sua transferência, a par da chegada de jogadores como André Cruz ou Mbo Mpenza, seria fulcral na conquista de um dos títulos mais importantes da história recente dos “Leões”. Após esse Campeonato de 1999/00, que poria fim a um jejum de 18 anos, o emblema de Alvalade tomaria a decisão de, em definitivo, adquirir o seu passe. Nas temporadas seguintes, manteria a sua importância no seio do plantel leonino. Tanto de início, com Augusto Inácio, como com Laszlo Bölöni, o atleta brasileiro conseguiria segurar o estatuto de titular. Dono da lateral direita, César Prates seria peça fundamental nas vitórias das Supertaças de 2000/01 e 2002/03 e na “dobradinha” conseguida na temporada de 2001/02.
Curiosamente, seria durante a sua estadia no Sporting que, das escolas “leoninas” emergiria um dos melhores jogadores na história do futebol mundial. Cristiano Ronaldo, ainda à procura de referências, veria no internacional brasileiro uma preciosa ajuda para a o seu crescimento técnica e também… na evolução do seu aspecto:
– “Uma coisa muito legal foi que eu batia faltas e chamava ele. Ensinava a fazer cobranças de falta (…). Quando eu vejo ele batendo na bola, fico muito feliz. Vejo que não sou responsável direto, mas era uma das virtudes que eu tinha e não queria que ficasse só comigo. Ele ficava batendo 20, 30 bolas depois do treino. Eu chamava ele e ensinava. Ele ouviu e colocou aquela postura”*.
– “O cabelo dele não era liso. E eu usava cabelo comprido e liso. E negão sempre tem cabelo ´black´. Eu usava cabelo comprido liso porque eu passava um produto pra alisar. E aí o que acontecia? Eu passava no cabelo dele também”*. 

Após a passagem por Lisboa, a falta de acordo para a renovação do contrato que o ligava ao Sporting, levá-lo-ia a optar pela Liga Turca e pelo Galatasaray. Daí em diante, até aos últimos dias do seu percurso profissional, o jogador encetaria uma caminhada que o conduziria a inúmeras colectividades. Em constantes mudanças de emblema, destaque para as suas passagens pela “Serie A” italiana, onde vestiria as camisolas de Livorno e Chievo, e pelo Figueirense, onde ajudaria à conquista do “Catarinense” de 2008.
Em 2010, o antigo futebolista decidiria pôr um ponto final na sua carreira. Desde então, a sua principal ocupação surgiria de outra das suas devoções. César Prates, sem nunca esquecer o futebol, começaria a exercer as suas funções de Pastor numa igreja da cidade de Balneário de Camboriú.

*retirado do artigo de José Ricardo Leite, publicado a 11/09/2012, em www.uol.com.br

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