933 - GOMES

De quando em vez aparece-nos um desafio que, em muitos aspectos, o torna mais difícil que os demais. Como será simples de entender, a pouca informação encontrada sobre Gomes tornou este “post” num repto diferente da maioria. Para muitos daqueles que visitam o nosso “blog”, também não será fácil perceber o porquê da escolha do atleta para número 933. No entanto, e como poderão asseverar nas próximas linhas, o médio até conseguiria desenhar uma carreira desportiva com diversos pontos de interesse.
Tendo terminado a sua formação nos juniores da AD Fafe, seria no começo da década de 80 que Gomes faria as suas primeiras aparições na categoria principal do conjunto minhoto. Ainda que promovido numa altura em que o clube andava entre o segundo e terceiro escalão nacionais, os anos seguintes mostrariam uma equipa que, estando mais estável nas suas ambições, começava a sonhar com outros objectivos.
O culminar dessa ambição começaria a tomar forma, ainda que com algumas peripécias, na temporada de 1987/88. O grupo, então comandado pelo técnico José Rachão, muito mais do que conseguir atingir os quartos-de-final da Taça de Portugal, haveria de classificar-se na 3ª posição da 2ª divisão – Zona Norte. A posição alcançada, como é fácil de constatar, não dava lugar à tão almejada promoção. É então que, com a época de 1988/89 prestes a começar, rebenta um escândalo de suposta corrupção. Os campeonatos ainda dão os primeiros passos. Entretanto, a sentença saída do processo que envolvia o alegado aliciamento do Famalicão ao Macedo de Cavaleiros, pune os minhotos*. Tudo muda! O Famalicão, que tinha conseguido a promoção à 1ª divisão, é castigado com a descida à 3ª divisão. Como resultado, e para substituir os condenados, a AD Fafe é chamada à disputa do escalão máximo.
Com a inesperada convocatória, Gomes torna-se também numa das boas surpresas do Campeonato Nacional. Tanto nos planos do já referido José Rachão como, depois da 16ª jornada, nas fichas de jogo preenchidas por Manuel de Oliveira, o médio tornar-se-ia num dos atletas com mais presenças em campo. Ao lado de Rogério Leite, com quem faria dupla no miolo fafense, o centrocampista acabaria por ver o conjunto falhar a meta da manutenção. Após essa curta aventura primodivisionária, seria no regresso aos patamares secundários que o jogador daria seguimento ao seu percurso profissional.
Depois de mais de uma década a representar a AD Fafe, a descida significaria o divórcio entre o clube e o futebolista. Para esse facto muito contribuiria o convite de Manuel de Oliveira que, logo na temporada seguinte, o levaria para o Varzim. Curiosamente, alguns anos depois também voltaria a reencontrar-se com um dos treinadores que o haviam acompanhado no escalão maior do futebol português. Como que a asseverar a qualidade das suas exibições e entrega, um dos seus antigos técnicos lembra-se do velho discípulo. Após deixar os poveiros e de ter passado uma campanha com as cores do Louletano, é na histórica Académica de Coimbra que Gomes voltaria a trabalhar com José Rachão.
O que restou da sua carreira, mantendo sempre a preponderância de épocas anteriores, seria passada em emblemas mais modestos. Num percurso que ainda duraria muitos anos, destaque para o regresso ao Varzim em 1992/93 e para as diversas campanhas com as cores do Lixa. A sua caminhada sénior, de quase duas décadas e meia, terminaria nos “distritais” de Braga e com Gomes a ultrapassar a barreira dos 40 anos de idade.

*Sensivelmente um ano depois, o caso sofreria um “volte-face”. Tendo-se provado que tudo era mentira o Famalicão voltaria à 1ª divisão em 1990/91

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