Aos 16 anos, aquando da sua chegada
à Real Sociedad, poucos apostariam que o nome de Arconada iria tornar-se numa
lenda do clube. É bem verdade que não tardou muito até que os primeiros sinais começassem
a surgir. A rapidez, os reflexos e, o que não é muito comum nos da sua posição,
a habilidade que tinha com a bola nos pés, faziam dele uma enorme promessa. Na
transição para o patamar sénior, onde começaria por representar a San Sebastián
(equipa “b” da Real Sociedad), as convocatórias para as camadas jovens
espanholas serviriam para sublinhar todas as esperanças nele depositadas. Depois,
foi só esperar a oportunidade certa e, passados poucos anos após a sua estreia
como profissional, o guardião conseguiria tornar-se no dono e senhor das
balizas “Txuri-urdin” e espanhola.
Pela Real Sociedad, Arconada iria
ficar associado às melhores campanhas da história da colectividade basca.
Tendo, na equipa principal, chegado à titularidade na temporada de 1976/77, as
suas exibições assegurar-lhe-iam um lugar no “onze” inicial durante anos a fio.
Como um bastião de toda a estratégia táctica da equipa, muito dos títulos que
estavam na calha dever-se-iam à segurança que passava aos seus colegas. A
confiança que conseguia transmitir tinha como base, logicamente, todas as bolas
que parava. Todavia, o guarda-redes, para além de exímio nas funções
desportivas, também era uma voz de comando. Dentro de campo, o jogador era uma
voz de incentivo, um grito de coragem, a alma de todo um conjunto.
Os títulos que conquistaria pela
Real Sociedad tornar-se-iam num marco da sua carreira. No despontar da década
de 80, o emblema basco conseguiria um feito único. Depois de na temporada
anterior terem ameaçado a hegemonia dos seus rivais com um 2º posto na
classificação final da “La Liga”, a época de 1980/81 traria o primeiro de dois
títulos consecutivos de campeão nacional. A juntar a esses dois troféus,
Arconada conseguiria ainda outras tantas conquistas para o seu palmarés. A
Supercopa de 1982/83 e a edição de 1986/87 da Copa del Rey serviriam, desse
modo, para reforçar o currículo do guardião.
Como já aqui foi dado a entender,
também na selecção Arconada deixaria a sua marca. Após ser convocado para os
Jogos Olímpicos de 1976 e para o Mundial de 1978, a sua presença no Europeu de
1980 já mostraria o atleta como um dos indiscutíveis nas convocatórias da
“Roja”. Como jogador da equipa nacional espanhola, o guardião ainda acumularia
a passagem por outros dois grandes torneios, o Mundial de 1982 e o Euro de
1984. Destacando-se em todos pela qualidade das suas exibições, o último
certame aqui referido ficaria na memória de muitos pela pior das razões. Tendo
a Espanha, nesse campeonato disputado em França, atingido o derradeiro jogo, a
partida frente aos anfitriões ficaria manchada por um pequeno deslize do
guarda-redes. Na sequência de um livre-directo assinalado à entrada da
grande-área espanhola, Platini assume a marcação do castigo. A bola é rematada
de forma a contornar a barreira feita pelos jogadores espanhóis. Arconada
lança-se ao prejuízo e parece travá-lo. Porém, a fracção de segundo a seguir
mostraria o contrário. A bola, caprichosamente, arranjaria maneira de
escapar-se por entre o corpo do guardião e o relvado. Arconada ainda consegue
virar-se e pular na direcção das redes. No entanto, o esforço de pouco serviria
e, ingloriamente, acabaria a ver o esférico a entrar na sua baliza.
Sem comentários:
Enviar um comentário