943 - ARCONADA

Aos 16 anos, aquando da sua chegada à Real Sociedad, poucos apostariam que o nome de Arconada iria tornar-se numa lenda do clube. É bem verdade que não tardou muito até que os primeiros sinais começassem a surgir. A rapidez, os reflexos e, o que não é muito comum nos da sua posição, a habilidade que tinha com a bola nos pés, faziam dele uma enorme promessa. Na transição para o patamar sénior, onde começaria por representar a San Sebastián (equipa “b” da Real Sociedad), as convocatórias para as camadas jovens espanholas serviriam para sublinhar todas as esperanças nele depositadas. Depois, foi só esperar a oportunidade certa e, passados poucos anos após a sua estreia como profissional, o guardião conseguiria tornar-se no dono e senhor das balizas “Txuri-urdin” e espanhola.
Pela Real Sociedad, Arconada iria ficar associado às melhores campanhas da história da colectividade basca. Tendo, na equipa principal, chegado à titularidade na temporada de 1976/77, as suas exibições assegurar-lhe-iam um lugar no “onze” inicial durante anos a fio. Como um bastião de toda a estratégia táctica da equipa, muito dos títulos que estavam na calha dever-se-iam à segurança que passava aos seus colegas. A confiança que conseguia transmitir tinha como base, logicamente, todas as bolas que parava. Todavia, o guarda-redes, para além de exímio nas funções desportivas, também era uma voz de comando. Dentro de campo, o jogador era uma voz de incentivo, um grito de coragem, a alma de todo um conjunto.
Os títulos que conquistaria pela Real Sociedad tornar-se-iam num marco da sua carreira. No despontar da década de 80, o emblema basco conseguiria um feito único. Depois de na temporada anterior terem ameaçado a hegemonia dos seus rivais com um 2º posto na classificação final da “La Liga”, a época de 1980/81 traria o primeiro de dois títulos consecutivos de campeão nacional. A juntar a esses dois troféus, Arconada conseguiria ainda outras tantas conquistas para o seu palmarés. A Supercopa de 1982/83 e a edição de 1986/87 da Copa del Rey serviriam, desse modo, para reforçar o currículo do guardião.
Como já aqui foi dado a entender, também na selecção Arconada deixaria a sua marca. Após ser convocado para os Jogos Olímpicos de 1976 e para o Mundial de 1978, a sua presença no Europeu de 1980 já mostraria o atleta como um dos indiscutíveis nas convocatórias da “Roja”. Como jogador da equipa nacional espanhola, o guardião ainda acumularia a passagem por outros dois grandes torneios, o Mundial de 1982 e o Euro de 1984. Destacando-se em todos pela qualidade das suas exibições, o último certame aqui referido ficaria na memória de muitos pela pior das razões. Tendo a Espanha, nesse campeonato disputado em França, atingido o derradeiro jogo, a partida frente aos anfitriões ficaria manchada por um pequeno deslize do guarda-redes. Na sequência de um livre-directo assinalado à entrada da grande-área espanhola, Platini assume a marcação do castigo. A bola é rematada de forma a contornar a barreira feita pelos jogadores espanhóis. Arconada lança-se ao prejuízo e parece travá-lo. Porém, a fracção de segundo a seguir mostraria o contrário. A bola, caprichosamente, arranjaria maneira de escapar-se por entre o corpo do guardião e o relvado. Arconada ainda consegue virar-se e pular na direcção das redes. No entanto, o esforço de pouco serviria e, ingloriamente, acabaria a ver o esférico a entrar na sua baliza.

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