1044 - PENTEADO

Em Angola, onde nasceu, Penteado começaria por praticar atletismo. Sem que o futebol profissional estivesse ainda no seu horizonte, a verdade é que os anos passados entre as pistas e os saltos haveriam de contribuir, em muito, para aquilo que viria a ser enquanto jogador. Já a mudança para Portugal acabaria por introduzir a bola nas suas práticas desportivas. Ainda em idade adolescente, em Monção, no Desportivo local, daria os primeiros passos como sénior e a estreia, com um “hat-trick”, transformá-lo-ia na estrela maior da colectividade minhota.
O Académico de Viseu, onde jogaria ao lado do irmão José, só chegaria à sua carreira volvidos alguns anos. A transferência, consumada para a temporada de 1979/80, lançaria o avançado na alta-roda do futebol nacional. Porém, a experiência na Beira Alta seria de curta duração. Na época seguinte, o ponta-de-lança envergaria o emblema que acabaria por tornar-se na sua grande montra. No Leixões, orientado pelo argentino Filipo Núñez, Penteado faria uma época tremenda e ao destacar-se pela velocidade e impulsão, as suas exibições e os golos, levariam os “grandes” do futebol nacional a ir no seu encalço.
Depois de recusada a abordagem do Benfica, o FC Porto conseguiria cativar o jogador. Sem nunca ter pisado um palco primodivisionário, Penteado, ainda assim, seria visto como um elemento com imenso potencial. Todavia, a concorrência viria a ser enorme. Jacques, Costa e, já na 2ª temporada, o regressado Fernando Gomes e Mikey Walsh acabariam por vetá-lo ao banco de suplentes. Com a saída em mente, seria a persistência de José Maria Pedroto que convenceria o atleta a renovar o contrato. No entanto, a pré-temporada de 1983/84 revelar-se-ia, em tudo, idêntica aos 2 anos já vividos nas Antas, pelo atacante. Apesar de prometida a sua inclusão no “onze”, o avançado decidir-se-ia pela rescisão unilateral da ligação laboral. Acabaria por assinar pelo Salgueiros e, depois de acordada a trégua entres dois emblemas da “Cidade Invicta”, o encarnado passaria a ser a cor da sua camisola.
Em Paranhos, Penteado voltaria a jogar com maior regularidade e a exibir-se em bom nível. Ainda assim, seria a entrada numa casa já bem conhecia que voltaria a elevá-lo à condição de predilecto da massa apoiante. De regresso ao listado alvo-rubro do Leixões, nem a disputa da 2ª divisão haveria de tirar qualquer motivação ao avançado. Os 3 anos corridos nos palcos secundários resultariam na promoção e numa 4ª campanha já no convívio dos “grandes”. Pelo meio, um episódio caricato, com uma interveniente “sui generis” e que é contado assim – Antes ainda de confirmada a subida, a confusão gerada por resultados veiculados de forma errada, levaria os adeptos, no ímpeto de festejar, a invadir o campo. Entre outras coisas, uma das chuteiras do avançado seria roubada. Subtraída ao seu equipamento e sem tempo para ajustar o pé a outro par, far-se-ia o apelo nas rádios para que o item fosse devolvido. O novo “dono” lá apareceria e mediante promessa de devolução, a bota seria “emprestada”. A jornada seguinte selaria, em definitivo, a tão almejada ascensão. Nova invasão e, mais uma vez, a chuteira acabaria por desaparecer. Pior que lixado haveria de ficar o antigo “proprietário” que, apesar da jura feita pelo atacante, nunca mais veria a peça de calçado!
Apesar de sempre sublinhar o Leixões como o emblema que mais marcaria o seu percurso desportivo, o capítulo seguinte na sua caminhada haveria de empurrar Penteado para mais um episódio relevante. Apesar de, no FC Porto, ter feito parte do plantel que ganharia a Supertaça de 1981/82, seria já ao serviço do Beira-Mar que ficaria, mais uma vez, perto de ganhar um troféu. Na 2ª temporada com o clube de Aveiro, o ponta-de-lança ajudaria o conjunto a chegar à final da Taça de Portugal. No Jamor, os “Auri-Negros”, que contavam com nomes como Sousa, Abdelghany, Oliveira ou Petrov, conseguiriam levar a decisão do desafio para o prolongamento. Aos 100 minutos, Penteado seria chamado a jogo. Contudo, a aposta ofensiva do treinador Vítor Urbano em nada alteraria o rumo do “placard”. Os “Dragões” acabariam por vencer a peleja e Penteado perderia a oportunidade de adicionar tão importante título ao seu currículo.
A partida no Estádio Nacional seria a última disputada por si nos palcos maiores do futebol português. Seguir-se-iam, numa senda um pouco errante, uma mão-cheia de clubes e os escalões inferiores. Depois da Ovarense, Leça, Lusitânia de Lourosa, Esposende e Souselo, Penteado ainda experimentaria as funções de treinador. Hoje, afastado dos holofotes do desporto, trabalha como Assistente no Museu de Serralves.

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