1045 - CASAGRANDE

Alto, possante, com boa técnica e um exímio jogo de cabeça, Casagrande seria visto como uma das grandes promessas saídas das “escolas” do Corinthians. A sua promoção ao escalão sénior, no início da década de 80, assim parecia sublinhar todos esses predicados. Porém, uma atitude deveras polémica, faceta que acompanharia o atleta durante toda a carreira, iria causar-lhe alguns problemas. Ao entrar em conflito com Oswaldo Brandão, o ponta-de-lança ver-se-ia proscrito pelo treinador e acabaria emprestado ao Caldense. O ano de 1981, passado no emblema de Minas Gerais, seria suficiente para ordenar a sua volta. O seu regresso traria, num espectro muito aberto, imensas coisas ao seu percurso. Primeiro, em 1982 e 1983, as vitórias no Campeonato Paulista. Depois, a participação na Democracia Corintiana, movimento na luta conta a Ditadura Militar. Por fim, as noitadas, a controvérsia resultante com o treinador e a cedência, em 1984, ao São Paulo.
Incondicionalmente, o seu valor desportivo haveria de sobrepor-se a todas as discórdias. A valia com que era visto faria com que, em 1986, Têle Santana escolhesse o jogador para fazer parte do grupo que viajaria para o Campeonato do Mundo. No México participaria em 3 partidas e, desde logo, o interesse mostrado por outros emblemas levaria a que a sua transferência fosse negociada. O acordo entre o Corinthians e o FC Porto traria o avançado até Portugal. Todavia, sua acomodação aos “Azuis e Brancos” revelar-se-ia com grandes dificuldades. Muitos atribuiriam a inadaptação à boémia. A verdade é que a concorrência também era grande e a presença de Fernando Gomes, Madjer e até de Juary, tornariam o internacional brasileiro num suplente de luxo.
A participação em poucos jogos e, principalmente, os desamores vividos com a massa adepta, levariam os responsáveis portistas a precipitar a sua saída. Com a vitória na edição de 1986/87 da Taça dos Clubes Campeões Europeus a figurar no seu palmarés, e com o prestígio, ainda assim, pouco beliscado, Casagrande haveria de conseguir um lugar na Liga italiana. Começaria no “calcio” com as cores do Ascoli. Os 4 anos passados no emblema da região de Marche serviriam, acima de tudo, para aferir as boas qualidades do avançado. Atentos à sua evolução e à procura de um reforço para o ataque, os dirigentes do Torino veriam no brasileiro o elemento ideal para assaltar objectivos maiores. Logo na temporada de 1991/92, a da estreia do ponta-de-lança, o 3º lugar na “Serie A” e a chegada à final da Taça UEFA seriam demonstrativos desse propósito. Na prova europeia, o ponta-de-lança tornar-se-ia fulcral para o desempenho colectivo. O golo marcado no Santiago Barnabéu seria crucial para levar de vencida o Real Madrid e, com isso, atingir o derradeiro capítulo da prova. Já na final, os 2 remates certeiros conseguidos pelo atacante na 1ª mão, seriam insuficientes para derrotar os holandeses do Ajax.
A última parte da sua carreira dar-se-ia no regresso ao Brasil e com as curtas passagens por diversos emblemas. Flamengo, Corinthians, Paulista e São Francisco transformar-se-iam nas cores desse último capítulo. Já depois de aposentado, Casagrande manter-se-ia ligado ao futebol. Porém, muito mais do que as aparições como comentador televisivo, as suas histórias fora do desporto dar-lhe-iam ainda maior visibilidade. Os excessos, um ataque do miocárdio, um grave acidente de viação, apenas seriam superados pela revelação da sua dependência de drogas. Maior celeuma surgiria ainda com a publicação da sua biografia e com a denúncia do uso de doping durante a sua passagem pelo FC Porto.

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