1051 - TONINHO METRALHA


Numa altura em que estudava num colégio interno, Toninho e mais 3 colegas dessa instituição acabariam por fazer treinos de captação nas “escolas” do América do Rio de Janeiro. Ao chegarem ao local dos testes, os jovens praticantes do clube, ao verem os 4 aspirantes fardados de igual, começariam na brincadeira – “Olha os irmãos Metralha. Só que o pessoal foi todo embora. Fiquei só eu. Resultado: ficou Metralha, Metralha! Quando eu vim para Guaratinguetá, eu pensei assim: «agora me livrei do Metralha». Na hora que eu subi no clube, conheci um jogador que também era do América, chamado Beto. Aí, gritou lá de cima: «Olha o Toninho Metralha, gente». E permaneceu até hoje!”*.
Também a sua chegada à cidade do interior do Estado de São Paulo, resultaria de um episódio engraçado. Depois de jogar uma “pelada” com o seu amigo Walter Zum-Zum, histórico atleta do São Paulo Futebol Clube, este haveria de sugerir a Toninho que fosse tentar a sua sorte na Esportiva Guaratinguetá. Ainda que renitente, muito por razão do clima frio dessa região, Metralha acabaria por aceitar a proposta. Assinaria o primeiro contrato profissional, tornar-se-ia num dos craques da colectividade e, mesmo a jogar num emblema mais modesto, as suas exibições chamariam a atenção de uma das grandes estrelas do futebol “canarinho”.
O lateral Zé Maria, campeão do mundo pelo “Escrete” em 1970, ao ver alguns dos seus jogos, haveria de sugerir a sua contratação aos responsáveis do Corinthians. No “gigante” do futebol brasileiro, tapado por atletas mais experientes, o extremo-esquerdo acabaria por não conseguir grandes oportunidades. Pior ficaria a sua situação, quando uma grave lesão na zona lombar determinaria o seu afastamento da competição. Dispensado da equipa, acabaria cedido ao São José.
Mesmo afastado dos principais holofotes, a verdade é que do outro lado do Atlântico surgiria um convite que, dadas as circunstâncias, tomaria contornos surpreendentes. José Maria Pedroto, tendo arrolado o avançado como um bom reforço, requerê-lo-ia para robustecer o plantel de 1977/78. A sua entrada no FC Porto coincidiria com o regresso dos “Dragões”, após um jejum de 19 anos, às vitórias no Campeonato Nacional. Porém, e não tendo entrado em jogo algum da prova, Toninho Metralha não conseguiria acrescentar o referido troféu ao currículo.
Já o título do ano seguinte, mesmo tendo Toninho sido usado apenas uma vez, acabaria somado ao seu palmarés. Todavia, a pouca utilização ditaria a sua dispensa. Sem lugar no plantel do FC Porto, o Marítimo surgiria no horizonte como a solução para a sua carreira. Boa a escolha, pois o atacante, nas 3 temporadas que passaria na Madeira, acabaria por viver as melhores épocas em Portugal. Essas campanhas, entre 1980 e 1983, torná-lo-iam num dos atletas míticos do futebol nacional. As suas exibições, ajudadas pelo imaginário à volta dos relatos com o seu nome, transformá-lo-iam numa figura inolvidável. Porém, as suas qualidades e a promessa do que ainda teria para dar à 1ª divisão, acabariam diluídas na despromoção dos “Verde-Rubro”. As oportunidades seguintes, também não ajudariam no seu regresso aos palcos maiores do futebol. Sanjoanense, União da Madeira, Torralta, Vila Real e Moura dariam continuidade a um percurso desportivo, que terminaria em Hong Kong!

*adaptado da entrevista dada à Rádio e Televisão Bandeirantes, publicada no canal “Terceiro Tempo” do  www.youtube.com, a 27/04/2019

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