1077 - IBRAIM SILVA

Ainda a jogar no Âncora Praia FC, emblema da sua terra natal, os dotes de Ibraim começariam a chamar a atenção de outros emblemas. Na linha-da-frente, perfilar-se-iam o FC Porto e o Vitória de Guimarães como os principais candidatos à sua contratação. No entanto, o afinco demonstrado pelos seus dirigentes e, principalmente, a presença do irmão José Carlos nos seniores do clube, levariam com que o jovem jogador optasse pelo conjunto da “Cidade Berço”.
Bastaria uma temporada nas “escolas” vimaranenses para que o treinador Jorge Vieira, na campanha de 1970/71, integrasse o avançado nos trabalhos da equipa principal. Resultado de uma habilidade excepcional, também da Federação Portuguesa de Futebol começariam a surgir chamadas, para que passasse a integrar a equipa de sub-18. Participaria, pela referida categoria, no Torneio Internacional de Juniores da UEFA de 1971 e ao lado de nomes como Shéu, Jordão ou Rodolfo, ajudaria o conjunto português a chegar a final do certame, onde Portugal perderia frente à Inglaterra.
Visto como um prodígio, a sua integração na equipa principal aconteceria a um ritmo normal. Veloz, habilidoso e capaz de ler o jogo de forma superior, a sua presença em campo passaria a representar um acréscimo de qualidade nas manobras tácticas do grupo vitoriano. Esse facto também contribuiria para as boas campanhas do clube. Nos 3 anos a seguir à sua estreia nos seniores, o Vitória de Guimarães terminaria sempre em 6º lugar. Essas classificações serviriam de tónico para o interesse do Benfica que, na temporada de 1974/75, apresentaria o extremo-direito como reforço do plantel.
Em Lisboa, tapado por atletas de enorme gabarito, Ibraim Silva nunca chegaria a ser uma prioridade para o treinador Milorad Pavic. Na campanha da chegada à “Luz”, ainda conseguiria participar num número razoável de jogos. Essas inscrições na ficha de jogo permitir-lhe-iam vencer o Campeonato Nacional. Porém, a temporada seguinte, ao invés de consentir mais oportunidades ao atacante, levá-lo-ia à equipa de “reservas” e a encetar um périplo que faria o jogador experimentar o futebol da North American Soccer League.
Ao seguir uma norma que veio a tornar-se corriqueira naquela época, Ibraim Silva começaria a intercalar a participação nos Campeonatos Nacionais, com a presença nas provas futebolísticas da América do Norte. Maioritariamente nos Estados Unidos, o extremo vestiria a camisola dos Rochester Lancers, dos New York Arrows e, ao jogar ao lado de Víctor Baptista, dos San Jose Earthquakes. Também representaria os canadianos do First Portuguese e, em Portugal, envergaria as cores do Varzim, do Vianense e do Monção.
Já na derradeira fase da carreira como futebolista, a Académica de Coimbra, a disputar a 2ª divisão, receberia o atleta nas suas fileiras. Com Mário Wilson aos comandos da “Briosa”, treinador com quem já tinha trabalhado no Vitória de Guimarães e no Benfica, Ibraim ainda daria alguns passos no sentido de relançar a sua carreira por “terras lusas”. Após uma primeira temporada de bom nível, a campanha de 1982/83 revelar-se-ia deveras ingrata para o atacante. Na sequência de uma grave lesão, as mazelas daí resultantes impedi-lo-iam de voltar aos níveis exibicionais exigidos pela alta-competição. Não tardaria muito para que decidisse pôr um ponto final na sua caminhada. No Ancorense, ainda encetaria as tarefas de técnico. Porém, e com pouco mais de 30 anos, o ramo da restauração passaria a ser a sua actividade principal.

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