1084 - HERNÂNI

Já a trabalhar com os seniores desde a temporada anterior, Hernâni estrear-se-ia pela equipa principal do Vitória Futebol Clube na campanha de 1982/83. Porém, mesmo visto como um jovem de imenso potencial, o médio, nos anos seguintes, não jogaria com regularidade. Depois de 3 épocas em que poucas vezes apareceria inscrito na ficha de jogo, o empréstimo ao Farense dar-lhe-ia a oportunidade para desenvolver as suas qualidades. A passagem pelo Algarve teria bons resultados e, no regresso ao Estádio do Bonfim, o atleta apresentar-se-ia com uma força bem diferente.
De volta ao plantel sadino na temporada de 1986/87, o “trinco” depressa assumiria uma posição preponderante nas manobras da equipa. Na sequência do seu papel como titular, também os responsáveis técnicos da Federação Portuguesa de Futebol haveriam de ver em Hernâni um elemento de valor. Chamado a jogo por Juca, a sua estreia com a camisola da principal da selecção portuguesa aconteceria em Dezembro de 1987, numa partida da fase de qualificação para o Euro 88. Alguns meses após essa internacionalização, o médio daria outro passo importante na carreira e, resultado do crescimento demonstrado, o Benfica decidir-se-ia pela sua contratação.
O período passado com os “Encarnados” até começaria de feição. A jogar com satisfatória frequência, o término da 2ª temporada na “Luz” traria um dos momentos mais altos ao seu trajecto desportivo. Com o Benfica a trilhar uma caminhada irrepreensível na Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1989/90, a presença do emblema português na final, revelaria Hernâni no alinhamento inicial. Na partida disputada em Viena frente ao AC Milan, as “Águias” acabariam por perder o jogo. Ainda assim, mesmo a contar com a derrota na Áustria, os 6 anos ao serviço do emblema lisboeta trariam outros troféus ao palmarés do atleta e as vitórias em 3 Campeonatos Nacionais e 1 Taça de Portugal serviriam para elevar o currículo do médio.
Apesar de reconhecidas as suas qualidades e de surgir sempre em campo como alguém de grande bravura, a verdade é que a passagem de Hernâni pelo Benfica ficaria aquém das expectativas. Muito assolado por lesões, o jogador, nas 4 últimas temporadas de “Águia” ao peito quase não entraria em campo. Mas nisso de maus momentos, o médio passaria também por outro episódio bem negativo. Ainda na temporada de estreia na “Luz”, o atleta acusaria positivo num controlo antidoping e após serem descobertos vestígios de cocaína nas análises à urina, o jogador seria castigado com 3 meses de suspensão.
Depois de deixar o Benfica em 1994, o regresso ao Vitória Futebol Clube e uma posterior experiência no Desportivo de Beja, marcariam a última fase da sua carreira. Para ser rigoroso, o ano de 1997 assinalaria, não o fim da sua passagem pelo desporto, mas a mudança do “futebol de 11” para o futebol de praia. Já na areia, Hernâni tornar-se-ia num dos grandes dinamizadores da emergente modalidade. Ao vestir, a nível das competições de clubes, as camisolas do Benfica e dos italianos do Cavalieri del Mare, seriam, no entanto, as cores de Portugal que elevariam o “fixo” à condição de estrela. Pela selecção, muitas vezes com a braçadeira de “capitão”, ajudaria a conquistar vários títulos internacionais. Claro que o destaque terá que ser dado ao Mundial de 2001. No certame disputado no Brasil, para além de ter ajudado à vitória colectiva, Hernâni haveria de ser eleito como o Melhor Jogador do torneio. Ainda com as insígnias lusas, venceria também 3 Ligas Europeias, 6 Taças da Europa, 1 Copa Latina e 2 Mundialitos.
No final da primeira década do novo milénio, Hernâni afastar-se-ia da vida de praticante. A partir de 2010, já a cumprir funções técnicas e de regresso à variante disputada nos relvados, passaria pelo Vitória Futebol Clube e, posteriormente, pelo Farense.

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