1235 - DECO


Após a passagem por vários emblemas durante o período formativo, a sua contratação por parte do Corinthians empurraria o jovem praticante, na temporada de 1996, à estreia no patamar sénior. Contudo, a pouca utilização levá-lo-ia a mudar de rumo, a rubricar uma ligação profissional com o Corinthians Alagoano e a ser “emprestado” ao CSA. Por essa altura, ao participar na Copa de São Paulo, seria observado por Toni, que, nesse ano de 1997, ocupava o cargo de director-desportivo do Benfica – “Lá vi o que todos viram. Um jogador que já tinha uma maturidade técnica e leitura de jogo que iriam fazer dele o grande jogador que foi mais tarde”*.
Com o acordo firmado com as “Águias”, Deco, inicialmente por um “empréstimo”, seguiria viagem na companhia de Cajú, outro atleta que viria a brilhar no futebol luso. No entanto, à chegada a Lisboa, os dois jovens acabariam recebidos por dirigentes do Alverca e encaminhados para o emblema ribatejano. Na colectividade, à altura, “satélite” do Benfica, o médio-ofensivo, apesar da desilusão inicial, conseguiria colorir a campanha de 1997/98 com exibições de qualidade. Porém, os “Encarnados” acabariam por recuar no momento de, em definitivo, contratar o jogador – “O Benfica não aproveitou, porque tinha de exercer a opção de compra pelo meu passe. É aí que entra o Jorge Mendes, que foi fundamental. Em dezembro desse ano [1997], tinha propostas de clubes da I Divisão do campeonato Paulista, entre os quais o Ituano e a Portuguesa Santista. Fiquei na dúvida se devia voltar ao Brasil, porque mesmo estando num clube da II Divisão portuguesa, estava a destacar-me”**.
Rejeitado pelo treinador benfiquista Graeme Souness, seria já pela mão do empresário Jorge Mendes que Deco chegaria ao Salgueiros. Em Paranhos, uma lesão atrapalharia o arranque da temporada de 1998/99. Todavia, e depois de recuperado, poucas jornadas seriam necessárias para aferir a extrema qualidade do atleta. De repente começaria a falar-se na sua transferência para emblemas de outra monta. Algumas hipóteses emergiriam de Espanha, mas seria o FC Porto a ganhar a corrida pelo criativo centrocampista. Mudar-se-ia para as Antas ainda no decorrer da campanha de chegada ao Estádio Engº. Vidal Pinheiro e, sob a batuta do técnico Fernando Santos, contribuiria para a vitória no Campeonato que selaria a conquista do mítico “Penta”.
No FC Porto, onde passaria 5 temporadas e meia, Deco participaria numa das mais gloriosas páginas da história “azul e branca”. Ao título aludido no parágrafo anterior, viria ainda a somar um longo rol de troféus. Outras 2 Ligas portuguesas, 3 Taças de Portugal e 2 Supertaças Cândido de Oliveira, serviriam para compor um ramalhete cujo destaque principal acabariam por ser as conquistas continentais. Nesse campo, já com José Mourinho a orientar o destino dos “Dragões”, o médio seria decisivo para as campanhas estonteantes na Taça UEFA de 2002/03 e na “Champions League” do ano seguinte. Respectivamente, em Sevilha frente ao Celtic, como em Gelsenkirchen contra o Monaco, o atleta seria escolhido pelo “Special One” para o alinhamento inicial. Ajudaria a vencer as duas competições e na final alemã, a que ditaria a vitória na mais importante competição mundial de clubes, ainda brindaria o resultado final com um golo da sua autoria.
Também no percurso da selecção, Deco deixaria a sua marca. Apesar de ter nascido no Brasil, o médio, após a conclusão do processo de naturalização, escolheria representar as cores de Portugal. Curiosamente, a estreia com a principal “camisola das quinas”, a 29 de Março de 2003, aconteceria frente ao “Escrete”. Chamado pelo treinador Luiz Felipe Scolari à peleja agendada para o Estádio das Antas, o centrocampista marcaria 1 golo de livre-directo e contribuiria para a vitória por 2-1. No cômputo da caminhada internacional, acumularia um total de 75 partidas e participaria em 4 fases finais de importantes torneios. Nesse contexto, para além dos Mundiais de 2006 e de 2010 e do Euro 2008, o jogador faria parte do tridente que, no miolo do terreno, conduziria a “Equipa de Todos Nós” à final do Euro 2004. Infelizmente para o grupo de trabalho conduzido pelo já citado técnico “canarinho”, a Grécia destruiria o sonho luso e, na derradeira partida disputada em Lisboa, venceria o torneio.
Seria também o certame organizado em Portugal que anteciparia a partida de Deco para Espanha. Transferido para o FC Barcelona, a caminhada trilhada na Catalunha daria continuidade à senda de sucessos alcançados do lado de cá da fronteira. Com o listado “blaugrana” venceria 2 “La Liga” e 2 Supercopas. Para além dos troféus internos, o médio voltaria a pôr a mão na Liga dos Campeões. Na final da edição de 2005/06, tal como tinha acontecido cerca de 2 anos antes, seria chamado à titularidade e ajudaria à vitória, por 2-1, frente ao Arsenal.
Seguir-se-ia na sua carreira o Chelsea orientado por Luiz Felipe Scolari e onde, no balneário, encontraria colegas como: Hilário, Ricardo Carvalho, Bosingwa, Paulo Ferreira e Ricardo Quaresma. Em Londres, apesar de um trajecto não tão faustoso em termos de títulos, a sua estadia ainda serviria para amealhar uns quantos “canecos”. Em 2 campanhas com os “Blues”, com os primeiros passos dados no Verão de 2008, o jogador conseguiria trazer para o palmarés pessoal a conquista da Premier League de 2009/10, mais 2 FA Cup e 1 FA Comunnity Shield.
Para o capítulo final da sua caminhada enquanto futebolista, Deco escolheria regressar ao Brasil e vestir as cores do Fluminense. Mais uma vez, como em quase todos os capítulos de uma carreira a tantos níveis brilhante, os troféus fariam parte dessa experiência nos “gramados”. Entre as temporadas de 2010 e 2014, e já com algumas mazelas a vincar o peso da idade, o centrocampista ainda conseguiria juntar ao currículo outros 3 títulos, a saber: o “Brasileirão” de 2010 e o de 2012 e o “Estadual Carioca” de 2012.
Depois de retirado da alta-competição, Deco, sem largar a modalidade, passaria a dedicar-se à gestão das carreiras de outros atletas. Nesse sentido, fundaria e passaria a orientar a agência “D20 Sports”, que tem ajudado nomes como Bruno Tabata (Sporting), Fabinho (Liverpool), Raphinha (Leeds Utd), Tiquinho Soares (Olympiakos), entre outros.

*retirado do artigo de João Tiago Figueiredo, publicado a 26/08/2013, em https://maisfutebol.iol.pt
**retirado do artigo publicado a 24/04/2020, em https://maisfutebol.iol.pt

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