1280 - TOMMY DOCHERTY

Nascido num bairro pobre da cidade de Glasgow, seria num modesto emblema da zona de residência que Tommy Docherty, ainda nas camadas de formação, daria os primeiros passos no futebol. Com a carreira no Shettleston Juniors ainda no início, o jogador acabaria por ver interrompida a actividade desportiva pelo cumprimento do Serviço Militar Obrigatório. Contudo, os seus dias como soldado serviriam para catapultá-lo na modalidade. Descoberto ao representar a selecção militar britânica e depois de terminados os deveres com o exército, o médio-direito seria convidado a integrar o plantel principal do Celtic.
Com a entrada a acontecer na temporada de 1947/48, as duas campanhas passadas com os “The Bhoys”, sem nunca conseguir impor-se como um dos nomes mais importantes no alinhamento inicial, antecederiam o seu ingresso nos ingleses do Preston North End. Com a mudança para o novo clube, Tommy Docherty encetaria a fase mais representativa do seu trajecto como futebolista. As 9 épocas ao serviço dos “Lilywhites”, tendo também passado pela posição de extremo-esquerdo, ajudaria o médio a consolidar-se como um atleta de topo. Um desses momentos chegaria com a presença do clube na final da edição de 1953/54 da FA Cup. No entanto, o que de melhor emergiria nos anos com as cores do emblema sediado no condado de Lancashire, surgiria com as chamadas à equipa nacional escocesa. Com a estreia pela principal selecção da Escócia a acontecer a 14 de Novembro de 1951, a partida, disputada no Hampden Park frente ao País de Gales, serviria de arranque para uma caminhada que somaria um total de 25 internacionalizações “A”. Nesse itinerário, há que destacar a presença do médio em dois importantes certames futebolísticos: os Campeonatos do Mundo de 1954 e 1958, respectivamente disputados na Suíça e na Suécia.
Já conceituado como um dos grandes nomes do desporto escocês, o jogador transferir-se-ia para o Arsenal de 1958/59. Na agremiação de Londres, onde continuaria a ser chamado à selecção, experimentaria também a posição de médio-centro. Porém, o melhor teste feito à sua continuidade no futebol viria em 1961/62, com a transferência para outra colectividade da capital inglesa. Como elemento do Chelsea, começaria por abraçar os deveres de técnico logo na campanha de chegada. Primeiro como treinador-jogador para, na época seguinte, assumir, em exclusivo, as aludidas tarefas, Tommy Docherty iniciaria aí uma extensa e brilhante marcha. Com uma longa ligação aos “Blues”, o técnico, que iniciaria esse périplo com uma radical limpeza de balneário, ficaria também conhecido pela agitada relação com alguns jogadores. Mais importante que essa faceta flamejante, a sua passagem por Stamford Bridge acabaria glorificada pela presença do emblema na final da FA Cup de 1966/67 e, principalmente, pela vitória na edição de 1964/65 da League Cup.
Rotherham United, Queens Park Rangers e Aston Villa precederiam a sua chegada a Portugal. Todavia, apesar de afamado nas incumbências de treinador, a verdade é que a entrada de Tommy Docherty no FC Porto, não traria os resultados projectados pelo Presidente Pinto Magalhães. Ao assumir os destinos do clube a partir de Fevereiro de 1970, a sua primeira aventura no estrangeiro terminaria com os “Azuis e Brancos” a acabar o Campeonato Nacional na 9ª posição da tabela classificativa. Manter-se-ia à frente dos “Dragões” até à 25ª jornada do da temporada de 1970/71, mas em planteis que contavam com nomes como Pavão, Rolando, Seninho, Custódio Pinto, Nóbrega ou Abel Miglietti, o destaque terá de ir para a sua relação com António Teixeira, o nome que o sucederia na colectividade portista e que um dia, entre risos, disse não confiar muito!
Apesar do desaire vivido nas Antas, os melhores anos de Tommy Docherty como treinador chegariam não muito tempo depois da sua passagem pela “Cidade Invicta”. Os bons resultados obtidos à frente dos destinos da selecção escocesa, para onde entraria em 1971, levá-lo-iam a ser contratado pelo Manchester United. Apesar de não ter evitado a descida na temporada de 1972/73, o estilo de jogo, assumidamente ofensivo, mantá-lo-ia no comando dos “Red Devils”. Conseguido o regresso ao patamar máximo, o seu trabalho faria com que a equipa começasse a crescer e o zénite da sua experiência no histórico emblema inglês chegaria com a vitória na FA Cup de 1976/77.
O resto da sua carreira seria feito nuns moldes, um tanto ou quanto, erráticos. Derby County, os regressos ao Preston North End e ao Queens Park Rangers seriam intercalados pelas aventuras na Autrália, à frente do Sydney Olimpic e do South Melbourne. Finalmente, chegariam ao seu currículo o Wolverhampton Wanderers e, na temporada de 1987/88, a despedida com o Altricham.

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