221 - LUCHO GONZALEZ

É até compreensível numa equipa que, no ano anterior, fez uma temporada praticamente a roçar o fabuloso, que haja alguma ansiedade por novas vitórias. Por isso, também é perfeitamente normal que, quando essas mesmas expectativas acabam por sair defraudadas, haja uma procura por alterações que, o mais cedo possível, contrariem ou atenuem, um trilhar de caminho em direcção à desilusão.
O que aconteceu no meio-campo portista durante a última “janela” de mercado, acabou por ser um bocadinho mais do que o desejo de mudança. Com a saída, por empréstimo, de atletas como Guarín (Inter), Belluschi (Genova) e Souza (Grêmio), presenciou-se a uma autêntica revolução. Está claro que, com tanta movimentação, o FC Porto teria de arranjar alguma forma para conseguir compensar todas essas transferências. No entanto, aqueles que pensaram que tudo ficaria resolvido com a contratação de mais um batalhão de jogadores para o sector intermediário do campo, enganaram-se! Bastou a chegada de Lucho Gonzalez!
O regresso de "El Comandante" ao Estádio do Dragão acabou por ser, a nível desportivo e financeiro, a melhor aquisição deste Inverno por parte de uma equipa portuguesa. É que, para além de todo o valor futebolístico reconhecido ao internacional argentino, Lucho acabou por não custar, por assim dizer, um cêntimo. Ao que parece, o salário que auferia no Marselha, um dos mais elevados do plantel, começou a ser incomportável para os cofres do emblema gaulês, não restando solução ao clube senão "libertar" o médio. Agradeceu o FC Porto que assim, mais uma vez, pode contar para as próximas batalhas com um dos grandes ídolos da sua massa associativa.

220 - CÉSAR PEIXOTO

Quando, no início de temporada, César Peixoto informou Jorge Jesus que, doravante, só deveria contar com ele para ser utilizado no meio-campo e a "número 10", não sei se chegou a pensar que o treinador fosse, de alguma forma, ceder ao seu pedido!
Se assim foi, enganou-se completamente, pois, ao invés de privilegiado com tal exigência, o canhoto, que até ali, maioritariamente, ocupara o lugar de defesa-lateral esquerdo, acabou excluído das contas do técnico benfiquista. Esse isolamento, causado pelo próprio jogador, resultou, apesar da sua inscrição na Liga dos Campeões, numa total abstinência competitiva. Sem jogar uma só partida, para o internacional português não houve outra solução senão sair da alçada do treinador que outrora, talvez em demasia, o havia protegido. Ao não ser utilizado e com o contrato a terminar no final da corrente época, a direcção “encarnada” decidiu corresponder às expectativas do jogador e libertá-lo do vínculo laboral.
"Tive alguma pena que ele tivesse saído"* - afirmou à comunicação social Jorge Jesus. Porém, nem o desabafo do timoneiro das “Águias” fez com César Peixoto olhasse para trás e, sem qualquer compromisso contratual, rumou ao Minho para assinar e fazer a segunda metade da temporada ao serviço de uma das boas surpresas da Liga, o Gil Vicente.
 
*retirado do artigo publicado em www.cmjornal.pt, a 28/01/2012

219 - CÉSINHA

Para que não seja acusado de dar atenção apenas aos emblemas maiores do futebol poruguês, decidi, claro que essa não foi a razão principal, “colar” na nossa colecção aquele que, a meu ver, foi para a Liga Orangina a contratação mais sonante deste “Mercado de Inverno”.
Pois é, Césinha, após uma aventura de 4 anos no Rapid de Bucareste e depois de, esta temporada, já ter jogado pelo Larissa da Grécia, está de volta às competições lusas. Aquele que chegou a ser uma das grandes promessas do futebol bracarense, onde entrou em 2004, assinou este Janeiro pelo Moreirense, afirmando-se, para já, como um dos grandes reforços do emblema minhoto.
O clube, que tem vindo a afirmar-se na presente época como um dos mais fortes candidatos à luta pelos lugares de promoção à Primeira Liga, conseguiu com o regresso do avançado brasileiro, juntar a um plantel bem interessante, mais um bom jogador e que poderá tornar-se muito importante na árdua disputa pela subida de escalão. Nesse sentido, mas com alguma cautela, e para além do golo por si concretizado, o extremo já prometeu aos seus adeptos que o colectivo de Moreira de Cónegos tem como objectivo trabalhar com determinação e conseguir bons resultados.

218 - RÚBEN AMORIM

Apesar de irmos apenas no início da segunda metade da temporada, é inegável que a boa prestação que o Benfica tem tido, põe o clube como o principal candidato à vitória final no Campeonato Nacional de 2011/12. Claro que, a todo este óptimo prenúncio, não é indiferente o excelente trabalho da equipa técnica comandada por Jorge Jesus. No entanto, apesar do bom rumo que a época “encarnada” está a tomar, têm existido certos pormenores que, no meu entender, deveriam ser repensados.
Um dos detalhes a que faço referência prende-se com a gestão do plantel, nomeadamente com a pouca utilização de alguns dos elementos que compõem o mesmo. É verdade que, para qualquer argumento que eu possa apresentar contra os métodos utilizados, hei-de ter sempre os resultados a provarem-me o contrário. Contudo, mesmo ao saber que o tema que venho discutir poderá não ter, directamente, grande influência sobre as ditas metas colectivas, no que diz respeito à condição anímica dos elementos com menos "minutos", acho que é deveras importante. Assim, é por essa razão que tenho defendido que, em encontros onde, desportivamente, já não há muito a disputar ou mesmo a partir de certos momentos do jogo em que o resultado final está praticamente garantido, o treinador deverá sempre dar, sem com isso desequilibrar a harmonia da equipa, primazia aos elementos que em condições normais não terão a sua preferência.
Um dos casos que todos conhecemos e que acaba por resultar no que tenho estado a falar, é o de Rúben Amorim. Atenção, não quero com isto, de maneira alguma, desculpar a atitude do internacional português, que, segundo veiculado, terá recusado as ordens dos seus técnicos. Por outro lado, também posso pensar que, posta em prática a minha “sugestão”, poderia ter sido evitada toda a “novela” de inquéritos, culpas e castigos e, principalmente, um impensável e incompreensível empréstimo de um ano e meio ao Sporting de Braga.

217 - YANNICK DJALÓ

Depois de ter sido, à imagem de uma boa novela, protagonista da transferência mais polémica do Verão, Yannick Djaló voltou a ser um dos nomes mais badalados deste Inverno.
Após ter iniciado a esta temporada com o Sporting, e de ter, inclusive, disputado as primeiras jornadas da edição 2011/12 da Liga portuguesa ao serviço do clube de Alvalade, o avançado, nos dias que antecederam o fecho do "Mercado", viu os seus direitos desportivos serem cedidos ao Nice. Até aqui tudo normal. Todavia, ao que parece, chegado o jogador a França, o que constava nos "papéis" estava longe de ser o que tinha sido acordado em Lisboa. Por razão do desfasamento entre o apalavrado e o registado nos documentos a assinar, o atleta recusar-se-ia a rubricar o contrato. As negociações haveriam de entrar numa nova fase, mas abeirando-se estas da hora limite, a meia-noite de 31 de Agosto, tudo ficaria mais complicado e a formalização do laço acabaria, devido a um atraso de escassos minutos, por dar entrada já fora de horas.
Com a FIFA a aferir a inscrição como inválida, Yannick Djaló atravessaria um calvário de longos dias sem jogar e que terminaria com a rescisão entre o extremo e o emblema gaulês. Liberto de qualquer compromisso, logo viria a especular-se sobre qual seria o próximo emblema do avançado. O FC Porto, o Aston Villa e outros emblemas ingleses começariam a ser alvitrados como possíveis interessados na contratação do atleta. A verdade é que, depois de muitas notícias a esse respeito, seria o Benfica, por indicação expressa do treinador “encarnado”, a conseguir os seus serviços.
Apesar da desconfiança, por parte de alguns adeptos, sobre a mais-valia do internacional português, a verdade é que este acabaria por ser recebido em euforia. Com o público a aplaudi-lo sempre que tocava no esférico e depois da estreia em encontro a contar para a Taça da Liga, Yannick Djaló já prometeu que "para a próxima deito o estádio abaixo”*!

*retirado do artigo publicado em https://www.publico.pt, a 06/02/2012

216 - MEYONG

Tem sido perfeitamente normal, sempre que abre uma nova janela de transferências, ver-se veiculado no meio jornalístico desportivo, notícias a especular sobre a possível dispensa de Meyong. No entanto, apesar dos múltiplos destinos atribuídos ao avançado, o camaronês acabou sempre por ser incluído nos planos dos técnicos do Sporting de Braga. Porém, a verdade é que a crescente falta de utilização, pôs o ponta-de-lança cada vez mais à beira da tão badalada saída. A inevitabilidade de tal destino acabou por materializar-se este Inverno e o jogador deixou mesmo a "Cidade dos Arcebispos".
O recente capítulo na carreira de Meyong não é uma novidade para o atacante. A mudança para Setúbal, mais especificamente para o Vitória Futebol Clube, é apenas um retorno à casa que primeiro o acolheu em Portugal. Esperemos, e com certeza que também é esse o anseio dos adeptos sadinos, que este regresso ajude a colectividade na difícil luta pela manutenção. Por outro lado, tenho a expectativa de ver mais em campo um dos bons intérpretes a actuar em Portugal e que, como recordam, já conseguiu sagrar-se como o Melhor Marcador do Campeonato Nacional.

215 - MORENO

Está de regresso ao Campeonato Nacional aquele que tenho vindo a considerar como um dos bons centrais que, nos últimos tempos, actuou em Portugal. Depois de um ano, mais precisamente duas meias temporadas, em Inglaterra, Moreno, talvez um pouco desiludido com os resultados do projecto que decidiu abraçar, resolveu voltar, desta feita, para representar o Nacional da Madeira.
Ao Leicester City chegou pela mão do treinador sueco Sven-Goran Eriksson e apresentado como um dos reforços contratados no “mercado de Inverno” de 2011. Passou a partilhar o balneário com o guarda-redes internacional Ricardo e com Miguel Vítor, mas nunca conseguiu conquistar um lugar no “onze” inicial da equipa inglesa. Já na corrente campanha, com os desempenhos colectivos a reter o clube na zona intermédia da tabela classificativa do Championship e ao ver a sua situação pessoal a manter-se, a rescisão amigável acabou por ser a melhor solução para a carreira de Moreno.
Foi desse modo que, a “custo zero”, o polivalente defesa - também desempenha, com resultados muito satisfatórios, funções no meio do terreno - chegou à Choupana. Agora, com 30 anos e possivelmente no auge dos seus desempenhos, procurará, com esta nova transferência, relançar a sua carreira. Para já, o começo foi prometedor, com Moreno, para além de facilmente ganhar a titularidade, a marcar, na estreia, um dos golos que ditaram a vitória dos "Alvi-Negros" frente ao Feirense.

214 - RENATO NETO

A onda de lesões que, durante a primeira metade de temporada, assolou o meio-campo leonino, agravada com a perda de protagonismo de André Santos nas contas de Domingos Paciência, levaram o técnico a procurar outro elemento para o sector intermediário da equipa. Como o dinheiro, confirmado pelo relatório recentemente apresentado e que põe o clube em falência técnica, é coisa que não abunda para os lados de Alvalade, nada melhor do que resolver a questão, conseguindo um reforço que já fazia parte dos quadros do emblema leonino.
Por essa razão, depois de um ano e meio a representar, por empréstimo, os belgas do Cercle de Brugge, Renato Neto regressou ao Sporting, a "casa" onde chegou com apenas 16 anos. Mas se houve alguém que viu o jovem brasileiro como um elemento “para fazer número”, ter-se-á espantado quando, logo para o embate entre o Sporting e o FC Porto, foi anunciada a sua estreia no Campeonato Nacional. Porém, apesar de uma aposta auspiciosa, a escolha do médio, resultou, tal como no resto das opções, numa partida envergonhada e mediana.
Verdade seja dita, os jogos seguintes, em Olhão e, em casa, frente ao Beira-Mar, muito por razão da má fase que os “Leões” tem vindo a atravessar, não foram, para o jogador, muito melhores que o “clássico”. Contudo, não duvidem: Renato Neto é um belíssimo intérprete e será, num futuro próximo, um dos bons elementos do plantel “verde e branco”.

213 - OZÉIA

Com a chegada de Henrique Calisto ao comando técnico dos pacenses e ao ter encontrado a equipa no último lugar da tabela classificativa, uma das conclusões a que o treinador terá chegado, foi que parte da culpa dessa situação estava relacionada com um sector defensivo que, na sua maneira de ver, encontrou um pouco debilitado.
A primeira solução para resolver este problema, foi promover a vinda de um velho conhecido do Paços de Ferreira, o central Ozéia. Independentemente das conjunturas aqui apresentadas, o certo é que, com este regresso, o defesa brasileiro arriscou-se a transformar-se num dos grandes fenómenos nacionais do mercado de transferências de Inverno! Ora vejam! Depois da primeira passagem pelo clube, o jogador voltou à Mata Real no ano passado e também por esta altura. Já no Verão passado viu-se transferido para a Roménia, mas por razão das complicações de ordem burocráticas não chegou a jogar pelo FC Vaslui. Por esse motivo, repetiu novamente a “graça” e, mais uma vez em Janeiro, voltou a ser inscrito como reforço dos “Castores”.
Não há dúvidas que Ozéia é um dos melhores jogadores que passou pelo plantel do Paços de Ferreira nas últimas temporadas. Veremos se, com esta contratação, ficam resolvidas as carências defensivas do grupo e se, finalmente, a equipa da “Capital do Móvel” volta à luta pela permanência.

MERCADO DE INVERNO '12

Cada vez mais, vejo a existência do mês que passou apenas no sentido de proporcionar um pronto-socorro para os aflitos! O que consigo constatar é isso mesmo: são os mais apertados, os que necessitam de tapar os buracos, financeiros ou desportivos, deixados abertos pela primeira metade da temporada, que recorrem a esta janela de oportunidade. Ainda assim, no meio de muitas vendas e de verdadeiros "remendos", tivemos algumas contratações interessantes. Por isso, no rescaldo de mais um mês transferências, vamos dedicar este Fevereiro aos "cromos" do "Mercado de Inverno".