405 - CHAÍNHO

Com os pontapés iniciais dados no Carcavelos, seria o fim da formação feita no Casa Pia que iria permitir a Chaínho, logicamente ao serviço do emblema de Pina Manique, subir ao escalão de sénior. No entanto, o primeiro grande salto da sua carreira ocorreria, um ano depois dessa estreia, aquando da sua contratação pelo Estrela da Amadora. A transição da Terceira Divisão, directamente para o patamar máximo do futebol nacional, revelar-se-ia, bem tranquila, com o médio, facilmente, a conseguir confirmar as qualidades que o tinham destacado nos "Gansos".
Médio trabalhador, de físico portentoso, Chaínho, ao nunca virar as costas à luta no centro do terreno, facilmente conquistou um lugar na equipa titular e, acima de tudo, a confiança dos treinadores sob a batuta dos quais ia jogando. Assim, ao fim de quatro temporadas como elemento indiscutível no "onze" inicial do emblema sediado no bairro da Reboleira, Chaínho, viu Fernando Santos, que acabara de ser contratado para assumir os destinos técnicos do FC Porto, sugerir a sua transferência para o Estádio das Antas.
Nessa temporada de 1998/99, ao lado daquele que o médio viria a considerar como o melhor treinador que teve durante a sua carreira, Chaínho faria parte do grupo que viria a concluir, pelos "Dragões", o ciclo de cinco vitórias consecutivas no Campeonato Nacional, que, sem margem para dúvidas, ficou conhecido como o "Penta". Essas três épocas em que passaria pela "Cidade Invicta", serviriam, muito para além dos troféus conquistados (para além do Campeonato, venceu ainda 2 Taças de Portugal e uma Supertaça), para o consagrar e afirmar como um dos atletas mais valiosos a jogar no nosso país. O reflexo disso mesmo viria com a aposta do Zaragoza na sua aquisição.
A passagem pela "La Liga", por consequência da descida do seu clube ao segundo escalão, seria curta, com o centrocampista, logo ao fim desse ano a procurar outras paragens para poiso do seu futebol. Mais uma vez no encalço de Fernando Santos, o destino de Chaínho levá-lo-ia, desta feita, a Atenas e para envergar a camisola do Panathinaikos. Mas se em Espanha, a frequência com que jogou já ficou um pouco abaixo daquilo que nos havia habituado, na Grécia, a sua capacidade de se afirmar como o verdadeiro "patrão" do meio-campo, pareceu, inexplicavelmente, extinta.
Essa meia dúzia de partidas disputadas fizeram com que Chaínho decidisse regressar a Portugal.
Na Madeira, primeiro ao serviço do Marítimo e depois ao defender as cores do Nacional, o médio volta a recuperar o estatuto de peça fulcral para as suas equipas. É por essa altura, em 2006, e com o aproximar de mais um Mundial de futebol, que surge o convite para representar a selecção de Angola, país onde tinha nascido. Contudo, tendo já sido internacional s-21 por Portugal, Chaínho, e por razão de não cumprir alguns dos pressupostos exigidos pela FIFA, vê o organismo que gere o futebol mundial, negar-lhe o intuito de vestir a camisola dos "Palancas" nesse grande certame desportivo, realizado na Alemanha.
Daí em diante, poucos mais seriam os anos durante os quais Chaínho praticaria a sua modalidade de eleição, e depois da passagem pelo Alki, no Chipre, e pelo Shahin Bushehr do Irão, decide pôr fim à sua vida como profissional. Desde então, a sua rotina diária, sem se separar do futebol, tem sido feita de várias valências. Assim, para além de estar à frente de uma Dragon Force, uma das reconhecidas escolinhas do FC Porto, o antigo jogador tem dado uma perninha pelos canais desportivos nacionais, Sportv e, mais recentemente na Bola TV, assumindo o papel de comentador. Mas a saudade dos balneários foi maior do que a que conseguiu suportar, ultimamente, voltou a calçar as chuteiras. Assim para quem quis voltar a ver o jogador que ficou conhecido pela frase “Posso não ser o melhor jogador português, mas sou o jogador com os lábios mais giros”, foi só ir assistir às disputas dos Biqueiras D´Aço.

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