1606 - MÁRIO TORRES

Podendo também posicionar-se a lateral ou como “trinco”, seria como defesa-central que Mário Torres mais conseguiria destacar-se. Ao chegar a Portugal, muito novo, vindo da cidade angolana de Nova Lisboa, actual Huambo, o jovem jogador, cuja meta principal da viagem eram os estudos, passaria a integrar a equipa de juniores da Académica de Coimbra. Logo nessa temporada de 1949/50 ajudaria os “Estudantes” a vencer o Campeonato Nacional da categoria e, ao subir à categoria principal na campanha seguinte, depressa conseguiria afirmar-se como uma das principais figuras da colectividade sediada na Beira Litoral.
Orientado na estreia como sénior pelo argentino Oscar Tellechea, Mário Torres, sem demonstrar qualquer temor pelas pelejas primodivisionárias, logo viria a consolidar-se como um dos homens mais utilizados no plantel. Tal estatuto levá-lo-ia, com grande naturalidade, à presença na final da edição de 1950/51 da Taça de Portugal. Ao lado de Capela, Bentes, Melo, Azeredo, entre outros, o jogador entraria no Estádio Nacional para defrontar o Benfica orientado por Ted Smith. Mesmo tendo a “Briosa” começado o desafio praticamente a vencer, o golo de Macedo seria insuficiente para derrotar as “Águias” e um “poker” de Rogério de Carvalho serviria para cimentar a vitória por 5-1, com que os “Encarnados” sairiam do Jamor.
Seguir-se-iam diversos anos como figura maior dos combates futebolísticos no escalão máximo português. Aliás, seria a dupla que, durante largos anos, haveria de fazer com Mário Wilson, a oferecer um dos grandes esteios de uma Académica de Coimbra consolidada entre os “grandes”. Nessa caminhada, numa altura em que “Velho Capitão” já tinha deixado as lides de futebolista para passar a comandar os “Estudantes”, a 4ª posição conquistada na tabela classificativa da edição de 1964/65 do Campeonato Nacional surgiria como um recorde para a colectividade conimbricense.
Para além desses registos colectivos, emergiriam as distinções pessoais. Um dos melhores prémios que receberia pelas excelsas exibições conseguidas ao serviço da “Briosa” surgiria a 22 de Dezembro de 1957. Nesse dia, na cidade de Milão, Mário Torres, pela primeira vez na carreira, seria laureado com a honra de envergar a principal “camisola das quinas”. Chamado à peleja frente a Itália pelo seleccionador José Maria Antunes, o atleta encetaria em San Siro uma caminhada que o levaria a outras chamadas à equipa nacional. No trajecto por Portugal entraria em campo em outras 4 ocasiões e somaria, desse modo, um total de 5 internacionalizações “A”.
No que diz respeito à Académica de Coimbra, a juntar às prestações dentro de campo, há igualmente que destacar Mário Torres como a verdadeira personificação da mítica figura do jogador/estudante. Nesse contexto, paralelamente ao futebol, o defesa-central jamais descuraria os estudos e chegaria a licenciar-se em Medicina ainda na condição de atleta. Depois viria a especialização em Genecologia e um trajecto que o levaria, anos após “pendurar as chuteiras”, a Director da Maternidade dos Hospitais da Universidade de Coimbra. No que diz respeito aos registos conseguidos com as cores dos “Estudantes”, há a sublinhar as 16 épocas, sempre na 1ª divisão, ao serviço do clube e os 373 jogos oficiais cumpridos pela agremiação beirã, 320 dos quais nas lutas primodivisionárias.

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