Beira-Mar, Desportivo de Benguela e Sporting de Catumbela seriam os clubes que, na Angola dos primeiros anos da sua caminhada competitiva, lançariam para o estrelato o avançado António Fernandes, popularizado pelo apelido Iaúca – “Herdei a alcunha do meu avô e gosto muito dela. Mas não se escreve Yaúca, escreve-se Iaúca, com I, tal como ele escrevia”*.
Como um atleta veloz, com um bom drible e com um enorme sentido goleador, a fama de Iaúca depressa começaria a despertar os interesses dos maiores emblemas da metrópole. Nessa corrida pelos seus préstimos, à frente apareceria o Sporting. Depois, com uma proposta mais tentadora, viriam as “Águias” e finalmente surgiria o emblema que conseguiria convencer o atleta a deixar a família – “Se não fosse a rápida interferência do capitão Soares da Cunha eu tinha ingressado no Benfica. Felizmente acabei por ir para o Belenenses. E digo felizmente, porque sinto orgulho no meu clube e encontrei nele uma camaradagem e um espírito de solidariedade que me impressionou profundamente”**.
Curiosamente, não consegui descortinar, de forma segura, a época da chegada do avançado à agremiação “alfacinha”. Há fontes a garantirem-nos a entrada de Iaúca na temporada de 1957/58. Por outro lado, não parece haver qualquer tipo de dúvida quanto à participação do jogador, pelos “Azuis”, nas provas agendadas para 1958/59. Aquilo que aparenta ser igualmente certo é dizer-se do enorme impacto que a sua contracção haveria de ter nos esquemas tácticos do Belenenses. Nesse sentido, num plantel a contar, só para o sector ofensivo, com Matateu, Dimas, Martinho ou Tonho, o avançado, que podia exibir-se no centro ou nas pontas do ataque, depressa convenceria Fernando Vaz da mais-valia da sua titularidade.
Como um dos membros mais importantes do “onze” do Belenenses, a projecção de Iaúca levá-lo-ia, com naturalidade, a ser chamado às pelejas da selecção nacional. O avançado que, durante a caminhada competitiva, também envergaria as divisas dos “esperanças” e do conjunto “B”, teria a estreia com a principal “camisola das quinas” a 11 de Novembro de 1959. Após essa partida frente a França, chamado ao desafio gaulês por José Maria Antunes, o atacante continuaria nos planos de Portugal. Apesar de apenas ter voltado a representar o agregado luso sensivelmente 1 ano e 4 meses depois, o atleta, na segunda aparição, brindaria o Luxemburgo com um “hat-trick”. Daí em diante e com maior regularidade, o avançado somaria mais jogos e conseguiria, para o currículo, um total de 10 internacionalizações “A”.
A preponderância nos desempenhos colectivos do Belenenses levá-lo-ia a viver momentos de enorme importância para o clube. O primeiro desses feitos viria com a edição de 1959/60 da Taça de Portugal, na qual, chamado por Otto Glória, marcaria presença na final disputada no Jamor e ajudaria, frente ao Sporting, à vitória dos “Azuis”. Mais à frente, emergiria o arranque dos homens do Restelo nas competições de índole continental. Nessa estreia, alcançada no âmbito da Taça das Cidades com Feira de 1961/62, Iaúca entraria em campo em ambas as mãos frente ao Hibernian. Já na época seguinte, na disputa da mesma prova, o avançado participaria na ronda com o FC Barcelona e contribuiria para os dois inesquecíveis empates conseguidos frente aos “Culés”.
Com a cotação a subir acentuadamente, Iaúca, no reavivar de um “namoro” antigo, encetaria negociações com o Benfica, com vista à sua mudança para a Luz. Depois do pagamento de bem mais de 2000 contos, à altura o recorde português para uma transferência, o jogador chegaria às “Águias” para integrar o plantel de 1963/64. Nesse primeira época com os “Encarnados”, mesmo no seio de tantas estrelas, o jogador manter-se-ia como uma figura influente. Todavia, daí em diante, o avançado quase desapareceria das intenções tácticas dos diferentes treinadores e no final da temporada de 1967/68, com o palmarés recheado pelas conquistas de 4 Campeonatos Nacionais e de outra Taça de Portugal, o atacante daria um novo rumo à carreira.
À procura de outros desafios, Iaúca, acompanhado por Germano, Santana e Melo, seria apresentado, na campanha de 1968/69, como reforço do Salgueiros. No emblema da cidade do Porto ainda jogaria na época seguinte. Depois viria a passagem pela América do Norte, onde, nas épocas de 1969 e de 1970, ao lado de Matateu e de Uria, integraria os planteis do First Portuguese vencedores das referidas edições da Canadian National Soccer League. Finalmente, o regresso a Portugal, para representar o Famalicão de 1970/71.
*retirado do artigo de Afonso de Melo, publicado a 31/03/2021, em https://ionline.sapo.pt
**retirado da revista “Ídolos do Desporto – 2ª série, nº3”, publicada a 31 de Outubro de 1959
Como um atleta veloz, com um bom drible e com um enorme sentido goleador, a fama de Iaúca depressa começaria a despertar os interesses dos maiores emblemas da metrópole. Nessa corrida pelos seus préstimos, à frente apareceria o Sporting. Depois, com uma proposta mais tentadora, viriam as “Águias” e finalmente surgiria o emblema que conseguiria convencer o atleta a deixar a família – “Se não fosse a rápida interferência do capitão Soares da Cunha eu tinha ingressado no Benfica. Felizmente acabei por ir para o Belenenses. E digo felizmente, porque sinto orgulho no meu clube e encontrei nele uma camaradagem e um espírito de solidariedade que me impressionou profundamente”**.
Curiosamente, não consegui descortinar, de forma segura, a época da chegada do avançado à agremiação “alfacinha”. Há fontes a garantirem-nos a entrada de Iaúca na temporada de 1957/58. Por outro lado, não parece haver qualquer tipo de dúvida quanto à participação do jogador, pelos “Azuis”, nas provas agendadas para 1958/59. Aquilo que aparenta ser igualmente certo é dizer-se do enorme impacto que a sua contracção haveria de ter nos esquemas tácticos do Belenenses. Nesse sentido, num plantel a contar, só para o sector ofensivo, com Matateu, Dimas, Martinho ou Tonho, o avançado, que podia exibir-se no centro ou nas pontas do ataque, depressa convenceria Fernando Vaz da mais-valia da sua titularidade.
Como um dos membros mais importantes do “onze” do Belenenses, a projecção de Iaúca levá-lo-ia, com naturalidade, a ser chamado às pelejas da selecção nacional. O avançado que, durante a caminhada competitiva, também envergaria as divisas dos “esperanças” e do conjunto “B”, teria a estreia com a principal “camisola das quinas” a 11 de Novembro de 1959. Após essa partida frente a França, chamado ao desafio gaulês por José Maria Antunes, o atacante continuaria nos planos de Portugal. Apesar de apenas ter voltado a representar o agregado luso sensivelmente 1 ano e 4 meses depois, o atleta, na segunda aparição, brindaria o Luxemburgo com um “hat-trick”. Daí em diante e com maior regularidade, o avançado somaria mais jogos e conseguiria, para o currículo, um total de 10 internacionalizações “A”.
A preponderância nos desempenhos colectivos do Belenenses levá-lo-ia a viver momentos de enorme importância para o clube. O primeiro desses feitos viria com a edição de 1959/60 da Taça de Portugal, na qual, chamado por Otto Glória, marcaria presença na final disputada no Jamor e ajudaria, frente ao Sporting, à vitória dos “Azuis”. Mais à frente, emergiria o arranque dos homens do Restelo nas competições de índole continental. Nessa estreia, alcançada no âmbito da Taça das Cidades com Feira de 1961/62, Iaúca entraria em campo em ambas as mãos frente ao Hibernian. Já na época seguinte, na disputa da mesma prova, o avançado participaria na ronda com o FC Barcelona e contribuiria para os dois inesquecíveis empates conseguidos frente aos “Culés”.
Com a cotação a subir acentuadamente, Iaúca, no reavivar de um “namoro” antigo, encetaria negociações com o Benfica, com vista à sua mudança para a Luz. Depois do pagamento de bem mais de 2000 contos, à altura o recorde português para uma transferência, o jogador chegaria às “Águias” para integrar o plantel de 1963/64. Nesse primeira época com os “Encarnados”, mesmo no seio de tantas estrelas, o jogador manter-se-ia como uma figura influente. Todavia, daí em diante, o avançado quase desapareceria das intenções tácticas dos diferentes treinadores e no final da temporada de 1967/68, com o palmarés recheado pelas conquistas de 4 Campeonatos Nacionais e de outra Taça de Portugal, o atacante daria um novo rumo à carreira.
À procura de outros desafios, Iaúca, acompanhado por Germano, Santana e Melo, seria apresentado, na campanha de 1968/69, como reforço do Salgueiros. No emblema da cidade do Porto ainda jogaria na época seguinte. Depois viria a passagem pela América do Norte, onde, nas épocas de 1969 e de 1970, ao lado de Matateu e de Uria, integraria os planteis do First Portuguese vencedores das referidas edições da Canadian National Soccer League. Finalmente, o regresso a Portugal, para representar o Famalicão de 1970/71.
*retirado do artigo de Afonso de Melo, publicado a 31/03/2021, em https://ionline.sapo.pt
**retirado da revista “Ídolos do Desporto – 2ª série, nº3”, publicada a 31 de Outubro de 1959

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