295 - PAULO BENTO

Como o próprio já contou, quis a sorte, depois de, por vontade própria, abandonar os estudos prematuramente, ter sido descoberto no Futebol Benfica pelo antigo avançado Augusto Matine, à altura à trabalhar na prospecção do Estrela da Amadora. Porém, para Paulo Bento a primeira oportunidade dada pelo emblema da Linha de Sintra não correu da melhor maneira e não fosse a crença do “olheiro”, que insistiu para que o jovem praticante voltasse a ter nova chance e, provavelmente, o médio tinha sido, irremediavelmente, recambiado para o popular “Fofó".
A sua qualidade de passe e a visão de jogo finalmente convenceram. O treinador João Alves, apesar de não integrar o centrocampista logo no “onze”, ficou rendido às suas capacidades e por altura da finalíssima da edição de 1989/90 da Taça de Portugal, época de estreia do jogador na Reboleira, concedeu ao atleta de 18 anos um lugar como titular. Nessa partida disputada no Estádio Nacional frente ao Farense, Paulo Bento teve um papel importantíssimo e ao marcar um dos golos com que o Estrela da Amadora venceu o encontro, ajudou, de que maneira, a erguer o prestigiado troféu.
Passado um ano sobre a referida conquista, Paulo Bento rumou ao Vitória Sport Clube, encontrando-se novamente com João Alves. Na “Cidade Berço”, o seu crescimento como jogador tornou-se notório, ao ponto de ser chamado à estreia na Selecção Nacional. Curiosamente, foi também com a camisola das “quinas” que o atleta viveu um dos piores momentos da carreira. O episódio passou-se nas meias-finais do Campeonato Europeu de 2000, quando, durante o prolongamento e na sequência de um lance muito polémico, foi assinalada uma grande penalidade a favor da França, equipa que disputava com Portugal o acesso ao derradeiro encontro do torneio. No meio dos exaltados protestos dos jogadores lusos, Paulo Bento tirou o cartão vermelho da mão do árbitro e a consequência desse acto irreflectido, ele que sempre primou por um comportamento irrepreensível, foi uma suspensão de 5 meses.
Por altura do referido castigo, depois de uma passagem de 2 anos pelo Benfica onde também venceu a apelidada “Prova Rainha”, Paulo Bento, ao serviço do Oviedo, encontrava-se a disputar a “La Liga”. A transferência para um clube a vogar pela segunda metade da tabela classificativa, em termos de enriquecimento do palmarés, acabou por não ser a mais ajuizada. Já no plano da evolução pessoal, a mudança, pela experiência ganha num dos melhores campeonatos do mundo, permitiu que o médio conseguisse, de forma definitiva, afirmar-se como um dos grandes médios lusos. Essa avaliação, mesmo com a passagem por Espanha magra em troféus, permitiu-lhe a mudança para o Sporting. Em Alvalade, após a especulada nega dada pelos responsáveis benfiquistas ao seu regresso à “Luz”, o jogador viveu um dos mais brilhantes capítulos da história recente dos “Verde e Brancos”. Com o treinador romeno László Bölöni ao comando dos desígnios colectivos, os “Leões”, em 2001/02, venceram a Liga e a Taça de Portugal e, com tal feito, conquistaram mais uma “dobradinha” para os escaparates do clube.
Após “pendurar as chuteiras” em 2004, Paulo Bento foi convidado pelos dirigentes leoninos para, nesse mesmo ano, ficar à frente da equipa de juniores do clube. O sucesso foi imediato e os jovens “Leões” venceram o Campeonato da categoria. Por essa razão, foi com alguma naturalidade que, com o despedimento de José Peseiro, o antigo médio passou a ser o homem escolhido para assumir a equipa principal. Sem grandes recursos financeiros, o técnico, à custa de aproveitar muitos dos jovens que com ele tinham trabalho na formação, conseguiu formar um grupo que, sem os grandes craques de outrora, ainda assim, venceu 2 Taças de Portugal e 2 Supertaças.
Já depois do seu despedimento do Sporting, assumiu as rédeas da Selecção. Após uma qualificação que, em abono da verdade, não foi a mais tranquila, todos começaram a apostar num desaire de Portugal no Euro 2012. No entanto, a equipa, meritoriamente, acabou por atingir as meias-finais do torneio. Com o arranque da nova temporada, o apuramento para o próximo Mundial começou tremido. Contudo, pela confiança revelada por Paulo Bento no rescaldo do empate caseiro frente à modesta Irlanda do Norte, há que acreditar que estaremos no Brasil.

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