342 - DIAMANTINO


Depois de completar a formação no Benfica e de ter feito, ainda como sénior, um par de temporadas nas "reservas" da "Luz", o passo seguinte para Diamantino Costa foi o normal empréstimo. A norte, no Varzim de 1968/69, o extremo, a ocupar preferencialmente a ala esquerda do campo, começou a ganhar traquejo. De tal forma foram bons os seus préstimos, destacando-se como titular indiscutível no grupo sob a alçada técnica de Monteiro da Costa e marcando ainda 5 golos, que o Benfica já não mais o deixou partir.
Com provas dadas na época de estreia na 1ª divisão e mais do que apto para enfrentar as agruras da competição ao mais alto nível, seguiram-se 8 temporadas a vestir a camisola das “Águias”. É certo que numa equipa onde, à altura, pontificavam jogadores como Simões, as oportunidades nunca poderiam ser muitas. Nesse sentido, com maior ou menor participação, Diamantino pouco mais conseguiu auferir do que o estatuto de suplente utilizado. Ainda assim, o avançado, em variadíssimas situações, transformou-se num bom trunfo para os seus treinadores.
Numa dessas chamadas a jogo, o extremo acabou por viver um dos episódios mais marcantes na sua carreira. Em Lisboa, na partida a opor o Benfica ao Celtic e depois de os “Encarnados” terem, em Glasgow, perdido, a 1ª mão da 2ª ronda da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1969/70, por 3-0, a equipa lusa, com o objectivo de seguir em frente na prova, tinha a obrigação de vencer a agremiação “católica” por um resultado mais dilatado ao verificado na Escócia. Depois de Eusébio e de Jaime Graça, ainda na metade inicial do encontro, terem apontado um tento cada um, Diamantino, ao entrar ao minuto 62 para substituir Raul Águas, conseguiu, já ao descer do pano, o tão almejado golo. Caricato é que entre a bola entrar e não entrar, ouviu-se o apito. Logicamente gerou-se a confusão entre as duas equipas, cada uma a reclamar o golo antes ou depois do sinal do árbitro. O juiz de jogo, com uma invasão de campo pelo meio, acabou a decidir a contenda a favor do Benfica. A partida seguiu para o prolongamento, em que nada ficou decidido. Como o desempate por grandes penalidades era coisa que ainda não existia, o passo seguinte foi dado por uma "moeda ao ar". No balneário do árbitro, a "cara" escolhida pelo capitão do Celtic, Billy McNeill, pôs cobro às dúvidas e empurrou os "The Bhoys” para a fase seguinte da competição - "Correu um boato de que o Benfica tinha ganho, mas só depois soube que tinha sido o Celtic. Foi uma grande desilusão, mas todos sentimos que tínhamos dado o nosso melhor. Nunca mais vou esquecer essa noite, com o meu golo, a lesão e o Estádio da Luz completamente lotado"*. O que provavelmente ninguém soube na altura foi que a lesão sofrida por Diamantino foi um braço partido e que fez o atleta, num sentido de abnegação pouco visto nos dias de hoje, terminar o encontro num esforço tremendo.
Depois de Portugal, a seu trajecto prosseguiu naquele que era o "El Dorado" do futebol, nos anos de 1970. Nos Estados Unidos da América, ao lado de Toni e de Eusébio, representou o Las Vegas Quicksilvers e, mais tarde, o Team Hawaii. Já regressado às provas lusas depois de ultrapassada a barreira dos 30 de idade, Diamantino fez o resto da carreira em emblemas de menor monta, como o Portimonense ou Estoril Praia, vindo a terminar, em 1984/85, no União de Tomar.

 
*retirado do artigo publicado a 17/10/2006, em https://maisfutebol.iol.pt

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