343 - DIAMANTINO

Apesar de recordarmos o jogador, em maior parte do seu tempo como profissional, a jogar na ala direita do ataque, Diamantino, sem qualquer sombra de dúvida, era intérprete para qualquer posição do meio-campo para a frente. Prova disso, temos a época que antecedeu a sua presença no Euro 84 em França, na qual, ao jogar como avançado-centro, concretizou 19 golos, quedando-se, atrás de Nené e de Gomes, na terceira posição da lista dos Melhores Marcadores desse Campeonato.
Ora, pelas razões já expostas, do atacante podemos dizer que o seu talento era bem acima da média. Terá sido essa constatação que fez com que um tio seu o levasse a prestar provas no Vitória Futebol Clube. Pela cidade de Setúbal cresceu como futebolista e deu, na temporada de 1976/77 e ainda em idade de júnior, os primeiros passos na equipa principal. Com uma técnica individual estupenda, um sentido posicional e uma leitura de jogo extraordinários que, postos ao serviço de um passe preciso, faziam dele um adversário mortífero, o avançado rapidamente chamou a atenção dos "grandes" da Margem Norte do Rio Tejo. A escolha passou pela mudança para o Benfica, onde, após a entrada nas “escolas encarnadas” e a temporada de 1979/80 com pouca utilização, o atleta acabou emprestado, primeiro ao Amora e depois ao Boavista.
No Bessa, num grupo de trabalho comandado inicialmente por Mário Lino e depois por Álvaro Carolino, deu-se o cimentar de todas as características que até ali tinham prometido ao jogador um futuro de sucesso. A prova foram as suas 3 primeiras chamadas, pela mão de Juca, à principal selecção portuguesa e a aposta do Benfica, em definitivo, nos seus préstimos. Pela mão de Sven-Göran Eriksson, o atacante transformou-se numa das prioridades para compor o "onze" titular. Logo nessa temporada do regresso, a de 1982/83, Diamantino marcou presença na sua primeira final europeia, a da Taça UEFA, frente ao Anderlecht. O feito só não veio a repetir-se em 1988, dessa feita para a Taça dos Clubes Campeões Europeus, pois, dias antes, num encontro a opor o Benfica e o Vitória Sport Clube, Diamantino, num lance mais duro com Adão, lesionou-se gravemente e a rotura dos ligamentos cruzados do joelho direito afastou o capitão dos "Encarnados" da partida disputada frente ao PSV Eindhoven.
Curioso na sua carreira foi o facto de ter sido o mesmo técnico que o lançou na ribalta e para história das “Águias”, o treinador sueco mencionado no parágrafo anterior, também a dispensá-lo do Benfica É certo que Diamantino, no final dessa temporada de 1989/90, já havia ultrapassado os 30 anos de idade. Porém, duvido que esse factor reflectisse a sua disponibilidade dentro de campo. Por outro lado, também é sabido que o seu carácter reivindicativo, mormente na defesa dos seus interesses e dos da sua classe, podem não ter ajudado à sua permanência. Bem, na verdade tudo o que disse não passa de meras especulações. O que aconteceu mesmo foi que, com a sua saída do Estádio da Luz, o extremo-direito voltou à casa onde nasceu para o futebol e onde, anos mais tarde viria a dar nova cara à sua ligação com a modalidade. Nos "Sadinos" terminou a caminhada dentro dos relvados, passando a exercer as funções de treinador, as quais têm-no levado aos mais diversos emblemas e, desde 2012, a África e aos moçambicanos do Costa do Sol.

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