Nem todos os bons jogadores dão bons treinadores e nem todos os bons treinadores foram bons jogadores. Já Cruyff (ou Cruijff - maneira correcta de escrever) pode dizer-se que atingiu a excelência nos dois campos.
A sua história começou quando a mãe, empregada de limpezas no estádio do Ajax, pediu aos responsáveis pelo clube que dessem uma oportunidade ao filho e que o observassem. Esse momento curioso foi o primeiro passo para uma carreira brilhante. No entanto, mesmo com todos a reconhecerem a ímpar virtude do jogador, não posso deixar de referir o papel preponderante que teve, no desenvolver das suas habilidades, uma das míticas figuras do desporto mundial, isto é, o treinador Rinus Michels. Foi o falecido técnico holandês que, praticamente desde a estreia de Cruyff nos seniores, comandou a equipa do Ajax. Foi esse grupo de trabalho que, entre a última metade dos anos de 1960 e a década de 1970, arrebatou o futebol neerlandês e o europeu. Os registos dão-nos esse domínio como incontestável, por poucos alcançados e traduzidos nos seguintes números: 8 Campeonatos da Holanda; 5 Taças da Holanda; 3 Taças dos Campeões Europeus (seguidas!); 3 Supertaças da UEFA; 1 Taça Intercontinental.
É certo que no futebol, como em tantos outros desportos colectivos, um jogador sozinho, pouco ou nada vale. E num balneário onde coabitavam nomes como os de Johan Neeskens, Ruud Krol, Wim Suurbier, Arie Haan, Johnny Rep ou Piet Keizer, pouco conseguiriam destacar-se. Todavia, Johan Cruyff era mesmo de outro universo. A prova estava na maneira com se apresentava em campo. No ataque ou no apoio ao mesmo, era um jogador com uma percepção, uma inteligência e uma leitura de jogo, superior a qualquer um que, ao seu lado, estivesse no relvado. Tinha também uma capacidade de passe geométrica, o que fazia com que raramente falhasse uma assistência. Ainda por cima, como um qualquer goleador, sabia aparecer na área de finalização e marcar golos.
Melhor do que estar a tentar descrever aquilo que ele sabia, é ver um qualquer filme que ilustre o que conseguia fazer pelas suas equipas. A dinâmica que imputava ao jogo fazia com que a circulação da bola, e jogadores, fosse semelhante a um elegante carrocel. Foi nesse esquema, em que as posições de campo, fora da rigidez a que estamos habituados, eram algo muito relativo, que cresceu a selecção holandesa participante no Mundial de 1974. A famosa "Laranja Mecânica" acabaria por perder o troféu, na final, para a equipa organizadora do torneio, a Alemanha Federal. Contudo, o que ficou na retina de todos os que tiveram o prazer de ver as partidas dos Países Baixos, foi um futebol elegante e talvez o mais bonito que a história da modalidade testemunhou.
Por altura do Campeonato do Mundo referido no parágrafo anterior Cruyff representava o FC Barcelona. Antes ainda da chegada à Catalunha em 1973/74, merecidamente, já tinha conquistado diversos prémios individuais. Entre as mencionadas distinções, destacaram-se o Ballon d'Or de 1971 e de 1973 – haveria de vencer o terceiro no ano de 1974. Venceu também 4 títulos de Jogador holandês do ano e a edição de 1968 da Bota de Ouro. Em Camp Nou, para onde seguiu atrás de Rinus Michels, os triunfos voltaram a suceder-se. É certo que abaixo daquilo a que estava habituado. Ainda assim, teve o mérito de ajudar a sua equipa a levantar 1 Copa del Rey e 1 La Liga. Porém, muito mais importante do que os tais "canecos" ou das 5 temporadas em que jogou pelos “Blaugrana”, foi a admiração que conquistou entre os adeptos e, porque não dizê-lo, entre o povo catalão. Por isso mesmo, teve a oportunidade de vestir, num encontro contra a Rússia em 1976, a camisola da selecção daquela província.
A ligação com a Catalunha voltou a ter um novo encontro depois de Cruyff ter “pendurado as chuteiras”. Estou, como é óbvio, a referir-me a parte do seu percurso como treinador. No entanto, antes da passagem pelo comando técnico do FC Barcelona, Cruyff, bem à medida da sua polémica imagem, já tinha conquistado um primeiro título. Após ter ido, ainda como jogador, de Espanha para os Estados Unidos da América e de um novo regresso ao país de "nuestros hermanos", para representar o Levante, o atleta voltou ao Ajax. No entanto, apesar de planear ali terminar a carreira, os dirigentes do emblema sediado em Amesterdão recusariam tal projecto. Segundo dizem, por vingança, o jogador rumou aos rivais do Feyenoord e, em Roterdão, no papel de treinador-jogador, conquistou o Campeonato holandês de 1983/84. É verdade que a zanga não durou muito e pouco tempo após a referida vitória, mais precisamente em 1985, Cruyff estava ao leme do Ajax e pronto para vencer outros 2 Campeonatos e ainda a Taça dos Vencedores das Taças de 1986/87.
Como há pouco cheguei a dizer, a passagem de Cruyff pelo comando técnico do FC Barcelona foi também marcada pelo sucesso. E se os títulos que ganhou – 1 Taça dos Clubes Campeões Europeus; 1 Taça dos Vencedores das Taças; 1 Supertaça da UEFA; 4 Campeonatos espanhóis; 1 Copa del Rey; 3 Supertaças Espanha – sublinham a sua mestria, já a maneira como pôs toda a equipa a jogar, é a grande prova que, mesmo do lado de fora do campo, o antigo atacante sempre foi fiel à maneira como interpretou o jogo e o tornou num espectáculo ainda mais apaixonante.
A sua história começou quando a mãe, empregada de limpezas no estádio do Ajax, pediu aos responsáveis pelo clube que dessem uma oportunidade ao filho e que o observassem. Esse momento curioso foi o primeiro passo para uma carreira brilhante. No entanto, mesmo com todos a reconhecerem a ímpar virtude do jogador, não posso deixar de referir o papel preponderante que teve, no desenvolver das suas habilidades, uma das míticas figuras do desporto mundial, isto é, o treinador Rinus Michels. Foi o falecido técnico holandês que, praticamente desde a estreia de Cruyff nos seniores, comandou a equipa do Ajax. Foi esse grupo de trabalho que, entre a última metade dos anos de 1960 e a década de 1970, arrebatou o futebol neerlandês e o europeu. Os registos dão-nos esse domínio como incontestável, por poucos alcançados e traduzidos nos seguintes números: 8 Campeonatos da Holanda; 5 Taças da Holanda; 3 Taças dos Campeões Europeus (seguidas!); 3 Supertaças da UEFA; 1 Taça Intercontinental.
É certo que no futebol, como em tantos outros desportos colectivos, um jogador sozinho, pouco ou nada vale. E num balneário onde coabitavam nomes como os de Johan Neeskens, Ruud Krol, Wim Suurbier, Arie Haan, Johnny Rep ou Piet Keizer, pouco conseguiriam destacar-se. Todavia, Johan Cruyff era mesmo de outro universo. A prova estava na maneira com se apresentava em campo. No ataque ou no apoio ao mesmo, era um jogador com uma percepção, uma inteligência e uma leitura de jogo, superior a qualquer um que, ao seu lado, estivesse no relvado. Tinha também uma capacidade de passe geométrica, o que fazia com que raramente falhasse uma assistência. Ainda por cima, como um qualquer goleador, sabia aparecer na área de finalização e marcar golos.
Melhor do que estar a tentar descrever aquilo que ele sabia, é ver um qualquer filme que ilustre o que conseguia fazer pelas suas equipas. A dinâmica que imputava ao jogo fazia com que a circulação da bola, e jogadores, fosse semelhante a um elegante carrocel. Foi nesse esquema, em que as posições de campo, fora da rigidez a que estamos habituados, eram algo muito relativo, que cresceu a selecção holandesa participante no Mundial de 1974. A famosa "Laranja Mecânica" acabaria por perder o troféu, na final, para a equipa organizadora do torneio, a Alemanha Federal. Contudo, o que ficou na retina de todos os que tiveram o prazer de ver as partidas dos Países Baixos, foi um futebol elegante e talvez o mais bonito que a história da modalidade testemunhou.
Por altura do Campeonato do Mundo referido no parágrafo anterior Cruyff representava o FC Barcelona. Antes ainda da chegada à Catalunha em 1973/74, merecidamente, já tinha conquistado diversos prémios individuais. Entre as mencionadas distinções, destacaram-se o Ballon d'Or de 1971 e de 1973 – haveria de vencer o terceiro no ano de 1974. Venceu também 4 títulos de Jogador holandês do ano e a edição de 1968 da Bota de Ouro. Em Camp Nou, para onde seguiu atrás de Rinus Michels, os triunfos voltaram a suceder-se. É certo que abaixo daquilo a que estava habituado. Ainda assim, teve o mérito de ajudar a sua equipa a levantar 1 Copa del Rey e 1 La Liga. Porém, muito mais importante do que os tais "canecos" ou das 5 temporadas em que jogou pelos “Blaugrana”, foi a admiração que conquistou entre os adeptos e, porque não dizê-lo, entre o povo catalão. Por isso mesmo, teve a oportunidade de vestir, num encontro contra a Rússia em 1976, a camisola da selecção daquela província.
A ligação com a Catalunha voltou a ter um novo encontro depois de Cruyff ter “pendurado as chuteiras”. Estou, como é óbvio, a referir-me a parte do seu percurso como treinador. No entanto, antes da passagem pelo comando técnico do FC Barcelona, Cruyff, bem à medida da sua polémica imagem, já tinha conquistado um primeiro título. Após ter ido, ainda como jogador, de Espanha para os Estados Unidos da América e de um novo regresso ao país de "nuestros hermanos", para representar o Levante, o atleta voltou ao Ajax. No entanto, apesar de planear ali terminar a carreira, os dirigentes do emblema sediado em Amesterdão recusariam tal projecto. Segundo dizem, por vingança, o jogador rumou aos rivais do Feyenoord e, em Roterdão, no papel de treinador-jogador, conquistou o Campeonato holandês de 1983/84. É verdade que a zanga não durou muito e pouco tempo após a referida vitória, mais precisamente em 1985, Cruyff estava ao leme do Ajax e pronto para vencer outros 2 Campeonatos e ainda a Taça dos Vencedores das Taças de 1986/87.
Como há pouco cheguei a dizer, a passagem de Cruyff pelo comando técnico do FC Barcelona foi também marcada pelo sucesso. E se os títulos que ganhou – 1 Taça dos Clubes Campeões Europeus; 1 Taça dos Vencedores das Taças; 1 Supertaça da UEFA; 4 Campeonatos espanhóis; 1 Copa del Rey; 3 Supertaças Espanha – sublinham a sua mestria, já a maneira como pôs toda a equipa a jogar, é a grande prova que, mesmo do lado de fora do campo, o antigo atacante sempre foi fiel à maneira como interpretou o jogo e o tornou num espectáculo ainda mais apaixonante.
4 comentários:
Sabia: ela tinha medo que ele andasse em más companhias, e quis pôr o filho numa actividade extra-curricular (relembro que ele ficou orfão de pai muito novo, daí que talvez também tenham vindo esse receio); ora, certo, certo, é que o mundo do futebol de 11 agradece esse receio!
(Retirado do Facebook, a 22/01/14)
É verdade aquilo que conta? Nunca tinha ouvido esta versão detalhada da história! Obrigado.
Penso que sim.
É bem capaz... eu já tinha lido que tinha sido a mãe dele a ir falar com os responsáveis do clube, mas não sabia da história toda. Faz todo o sentido.
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