470 - PEDRO GOMES

"Os Cinco Violinos" não foram apenas a linha avançada mais famosa do Sporting! Esses jogadores foram também a inspiração para muitos jovens que, ao serem adeptos da prática desportiva, acabaram por escolher o futebol como a modalidade de eleição. Um deles foi Pedro Gomes que decidiu, contava 15 anos, ir prestar provas ao clube do coração. Foi aceite. Entrou para as camadas de formação dos “Leões” e com isso deu início a uma relação onde, como atleta, não conheceu outras cores.
Foram 17 os anos passados entre as diferentes categorias, tempo mais do que suficiente para que, já como sénior, conseguisse ficar na história, como o 8º jogador com mais partidas realizadas pelo clube lisboeta. Tanto tempo ao mais alto nível trouxe ao jogador uma série de troféus de que nem todos podem gabar-se. Foram 2 Campeonatos Nacionais e 3 Taças de Portugal igualmente a fazerem parte do rol de títulos que conquistou. Contudo, há uma vitória especial que todos os adeptos recordam e que contribuiu para a transformação de Pedro Gomes num dos melhores laterais dos anos de 1960, tanto em Portugal, como a nível da Europa. Claro, falo da conquista da Taça dos Vencedores das Taças de 1963/64. Na aludida temporada, o defesa teve um papel importantíssimo nessa caminhada recheada de glória. No desenrolar das rondas a levar à vitória final, o atleta não só mostrou uma enorme preponderância na manobra defensiva dos "Leões", como ajudou, com as corridas pelo meio-campo adversário, aos intentos dos seus companheiros do ataque. Aliás, essa propensão atacante era uma das suas imagens de marca. Faceta que, para a altura, não era muito usual num futebolista da sua posição e que, apesar de louvável, ainda trouxe um ou outro dissabor – "(...) posso dizer que fui dos primeiros laterais ofensivos. (...) uma vez, o Sporting multou-me, pelo facto de me ter adiantado muito no terreno num jogo com a Académica"*.
Também na selecção nacional, desde muito cedo, começou a mostrar-se como um jogador influente. Ainda júnior participou no Europeu de 1960, onde Portugal conseguiu atingir o terceiro lugar do pódio. No entanto, a maior façanha alcançada com a "camisola das quinas" acabou por ser a qualificação para o Campeonato do Mundo de 1966. Mas se a felicidade de ter participado na Fase de Apuramento foi enorme, já a tristeza que sentiu por não puder marcar presença no certame organizado na Inglaterra, transformou-se em algo de idêntica grandeza – "Fiz parte dos Magriços na fase de qualificação. Na vitória contra a Turquia por 5-1, fui considerado o melhor jogador em campo. Entretanto partiram-me uma perna e por isso não fui à fase final"**.
No final da temporada de 1972/73, quando ainda não havia completado 32 anos de idade, Pedro Gomes decidiu-se pelo fim da carreira como atleta. Apesar de afastado dos relvados, continuou bem próximo do futebol e a desempenhar as tarefas de técnico. Nas novas funções, pode dizer-se que o antigo futebolista não conseguiu atingir glória idêntica à granjeada enquanto jogador. Terá sido por falta de capacidade? Não! Mas por não querer alinhar, como o próprio sempre reconheceu, em jogos de bastidores e afins - "Eu sou um treinador sem empresário e por isso considero-me um «outsider», um desalinhado"**.
Nos exercícios de treinador, o antigo defesa deu aos seus grupos o cunho com que ficou reconhecido dentro das "quatro linhas". Disciplinados e batalhadores, os conjuntos orientados pelo internacional português sempre tiveram na entrega a característica de eleição. Por esse motivo, Pedro Gomes ficou conhecido como um “timoneiro” capaz de salvar equipas em situações bastante difíceis. Por outro lado, existiram na sua caminhada outros episódios, momentos dos quais sempre mostrou um grande orgulho e um deles prendeu-se com a descoberta de outro dos símbolos dos “Verde e Brancos” e ex-capitão leonino – “O Oceano jogava no Odivelas e eu quando estava desempregado ia ver os jogos na região e na periferia de Lisboa. Gostei da forma como ele se aplicava e entregava aos jogos e por isso quando fui contratado pelo Nacional levei-o comigo. Entretanto o Sporting voltou a contactar-me para trabalhar com um treinador estrangeiro [John Toshack]. (...) Entretanto falei com o Oceano e disse-lhe que o levaria para o Sporting"**.

*retirado do artigo publicado a 10/08/2013, em www.sporting.pt
**retirado da entrevista publicada em https://www.torcidaverde.pt/scp1906/entrevistas/586-entrevista-com-pedro-gomes


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