559 - HÉLIO

Quando em Fevereiro de 1989, Portugal cumpre os seus primeiros encontros no Mundial s-21, ainda Hélio era um (quase) desconhecido do futebol português. É certo que a sua estreia como sénior do Vitória de Setúbal, remontava à temporada de 1987/88. Mas as poucas partidas que ia disputando com a principal equipa sadina, normal para um atleta da sua idade, fazia com que o seu nome ainda não tivesse grande destaque nos órgãos de comunicação nacionais.
Tudo mudaria após a vitória frente à Arábia Saudita, e que consagraria a selecção portuguesa como a vencedora do torneio acima referido. A partir desse momento, a vida do médio prometia mudar radicalmente. Seguro, lutador e bastante inteligente na hora de abordar os lances, Hélio começava a despertar cobiça noutros clubes. No entanto, o evoluir da sua carreira haveria de sofrer um pequeno desaire.
A despromoção do Vitória de Setúbal, no final da época de 1990/91, projectava um cenário no qual o jogador não haveria de merecer tanta atenção. O engraçado, é que seria este tropeção que levaria Hélio a, definitivamente, conseguir um lugar no "onze" inicial. A jogar regularmente, o contexto que, de início, se mostrava desfavorável, acabaria por alavancá-lo. Falou-se numa hipotética mudança para Lisboa... segundo se disse, praticamente combinada! A verdade é que tal nunca haveria de se concretizar. Dizem que uma violenta entrada sobre um jogador "encarnado" (salvo erro sobre Schwarz ou Thern, num jogo para a Taça de Portugal de 1991/92) teria deitado tudo por terra.
Mas se é correcto dizer-se que Hélio nunca vestiu de "Águia" ao peito, já dizer-se o mesmo em relação à "Cruz de Cristo" seria mentira!!! A história, mais uma caricata na vida do centrocampista, remonta à temporada de 1995/96. No Restelo, os "Azuis" eram comandados por João Alves. Uma das contratações do "Luvas Pretas" era, como já adivinharam, Hélio. Internacional "A", com a estreia na principal "Equipa das Quinas" feita num amigável frente à Noruega (20/04/94), o médio perfilava-se como uma das principais aquisições do Belenenses. Apresentação feita, foto oficial tirada e... alguém descobre nele uma gravíssima lesão!!! Contrato rescindido e, como contaria Pedro Barny, o atleta volta à origem - "O Hélio iniciou a época connosco... mas ainda antes do início do campeonato regressou ao Setúbal... ainda hoje não sei o motivo!!"*.
Depois de mais esta, tão típica no futebol português, intrigante novela, Hélio prosseguiria a sua carreira no clube que sempre havia representado. Cumpridor, de uma entrega exemplar, voltaria a ser, como era constatável dentro de campo, um dos pilares da sua equipa. Seria com a responsabilidade desse estatuto que, em 1998/99, ajudaria os seus colegas a atingir a 5ª posição da tabela classificativa. A brilhante posição no Campeonato Nacional, valeria aos da margem norte do Rio Sado uma presença na Taça UEFA da época seguinte. Nessa edição da prova europeia, e apesar da copiosa derrota da primeira mão (7-0), o Vitória de Setúbal, com Hélio a titular, haveria de conseguir, perante o seu público, a proeza de derrotar a poderosa AS Roma (1-0).
Mas apesar deste feito, com certeza que Hélio há-de concordar que, se tivesse que escolher o melhor momento com a camisola do Vitória de Setúbal, o do triunfo perante os italianos não mereceria a primazia. Ora, há um outro capítulo da sua vida de profissional que, sem sombra de dúvida, é bem mais brilhante. Esse aconteceria no fecho da temporada de 2004/05. Depois de ajudar bater o Benfica por 2-1, Hélio, envergando a braçadeira de capitão, sobe à tribuna presidencial do Estádio Nacional, para erguer a terceira Taça de Portugal do Vitória de Setúbal.


*Retirado da página "Cavaleiro Andante", Facebook (20/10/2011)

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