Seria o Dinamo de Zagreb a lançá-lo no mundo do futebol. Contudo, a existência no plantel de guarda-redes de maior tarimba, caso do internacional Zeljko Stincic, acabaria por tornar a sua presença em campo, de algum modo, condicionada. Mesmo não jogando pelo clube com a regularidade desejada, as qualidades que o tinham levado até ali, continuavam inalteradas.
Quem também não questionava essas ditas características, eram os responsáveis técnicos da selecção jugoslava, que, para si, pareciam ter um lugar garantido. Sendo um dos atletas habitualmente chamados às camadas jovens, Ivkovic haveria de marcar presença em importantes certames. Convocado para o Mundial S-20 de 1979 (Japão) e para os Jogos Olímpicos do ano seguinte (Moscovo), o estatuto que o guardião auferia no seio do seu emblema, era insuficiente para as suas ambições. Ainda assim, é certo que na condição de suplente, haveria de ser no Dinamo de Zagreb que Ivkovic conseguiria os primeiros títulos da sua carreira. A Taça de 1979/80 e o Campeonato de 1981/82 seriam, deste modo, os troféus que ilustrariam as primeiras páginas da sua vida como profissional.
No entanto, a intermitência com que era chamado à equipa, haveria de pesar no seu destino. É já depois de um empréstimo ao Dinamo Vinkovci, que o atleta assina pelo Estrela Vermelha. Em Belgrado, para a temporada de 1983/84, Ivkovic consegue, finalmente, chegar à titularidade. Esses dois anos no "gigante" do futebol europeu, seriam suficientes para que conseguisse repetir as vitórias alcançadas no seu antigo clube. Mais um Campeonato (1983/84) e uma Taça (1984/85), paralelamente à presença, em 1984, no Europeu de França e à Medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos disputados em Los Angeles, fariam dele um atleta apetecível.
Com os campeonatos europeus ainda muito condicionados ao limite máximo de forasteiros, a saída de Ivkovic para o estrangeiro dar-se-ia pela fronteira austríaca. A escolha pelo país dos Alpes acabaria por levá-lo a uma fase mais discreta da sua carreira. Com passagens pelo Wiener Sport-Club ou pelo Wacker Innsbruck e, ainda por cima, com a Jugoslávia afastada dos grandes torneios internacionais, a cotação do guarda-redes perderia alguma força.
Essa tendência inverter-se-ia já depois da sua estadia na Bélgica. A curta passagem pelo Gent haveria de ser com um prelúdio para um novo capítulo. Apresentado por Sousa Cintra como um dos melhores na sua posição, Ivkovic chegaria ao Sporting para a época de 1989/90. Com um físico imponente, e uma presença entre os postes capaz de assustar qualquer avançado, não custou muito para que se tornasse no "dono e senhor" das redes leoninas. Com os de Alvalade à procura de títulos nacionais, algo que escapava desde 1982, seria nas competições internacionais que o jogador mais brilharia. Nesse sentido, o seu ano de estreia pelos "Leões" ficaria para a posteridade, pela eliminatória frente ao Napoli de "El Pibe" - "Lembro-me que, quando ele chegou a Alvalade, vinha gordo, com barba (...). Começou no banco mas, quando entrou, Alvalade ficou em silêncio, tudo com medo. Em Nápoles (...) voltámos a empatar e, quando chegaram as grandes penalidades, fiz uma aposta num momento decisivo e inesperado. Lembrei-me. Cheguei ao pé do Maradona e saiu-me aquilo. O Maradona ficou surpreendido e o árbitro também. Apostei 100 dólares em como ia defender. Era o quinto penalty e defendi mesmo! No final do jogo, ele foi ao nosso balneário com a camisola 10 e o dinheiro"*.
Apesar do desafio superado, Ivkovic veria a sua equipa ser eliminada dessa edição da Taça UEFA. Curiosamente, alguns meses depois, a mesma dupla voltar-se-ia a encontrar dentro de campo. O contexto, em Junho de 1990, eram os quartos-de-final do Mundial italiano. Desta feita, as camisolas usadas por ambos eram, respectivamente, as da Jugoslávia e Argentina. Mais uma vez, o desfecho do desafio acabaria por se decidir na marca das grandes penalidades. Nova aposta haveria de ser lançada. Contudo, Maradona haveria de recusar. Quanto ao resto, tudo igual! Ivkovic defenderia o “castigo máximo" do astro das Pampas, e a sua selecção acabaria afastada do torneio.
Se estes foram os momentos mais marcantes do seu ano de estreia pelos "Verde e Brancos", os 3 que seguiram fariam dele um dos ídolos da massa adepta do Sporting. É certo que ninguém irá esquecer os seus "golpes de vista". Mas aquilo que, acima de tudo, ficará na memória daqueles que o viram jogar, será a maneira abnegada como defendia as balizas do clube.
Terá sido esta sua faceta mais desprendida que, após ter sido dispensado do Sporting, o levou ao Estoril-Praia. No emblema da "Linha" (corrijam-me, se estiver errado) o contrato que terá assinado, seria, em certa forma, simbólico. Lembro-me de ouvir dizer que não auferia qualquer salário e que a única condição posta por si, terá sido a desvinculação, caso uma outra proposta aparecesse.
A oportunidade surgiria a meio dessa época de 1993/94. O Vitória de Setúbal tornar-se-ia na sua nova casa até ao final da referida temporada. Depois, dando continuidade a essa fase descendente da sua carreira, durante a qual manteve intactas muitas das suas habilidades, Ivkovic começaria a vogar por diversos emblemas.
Belenenses, Salamanca (Espanha) e Estrela da Amadora seriam os passos que antecederiam a sua passagem para a vida de treinador. Tendo, nessas funções, começado no Sporting, a vida de adjunto, entre outros clubes, levá-lo-ia à selecção da Croácia. Hoje em dia, já depois de se ter lançado como técnico principal, é responsável máximo dos croatas do NK Lokomotiva.
* retirado da entrevista de Vítor Hugo Alvarenga, em "Mais Futebol"
Quem também não questionava essas ditas características, eram os responsáveis técnicos da selecção jugoslava, que, para si, pareciam ter um lugar garantido. Sendo um dos atletas habitualmente chamados às camadas jovens, Ivkovic haveria de marcar presença em importantes certames. Convocado para o Mundial S-20 de 1979 (Japão) e para os Jogos Olímpicos do ano seguinte (Moscovo), o estatuto que o guardião auferia no seio do seu emblema, era insuficiente para as suas ambições. Ainda assim, é certo que na condição de suplente, haveria de ser no Dinamo de Zagreb que Ivkovic conseguiria os primeiros títulos da sua carreira. A Taça de 1979/80 e o Campeonato de 1981/82 seriam, deste modo, os troféus que ilustrariam as primeiras páginas da sua vida como profissional.
No entanto, a intermitência com que era chamado à equipa, haveria de pesar no seu destino. É já depois de um empréstimo ao Dinamo Vinkovci, que o atleta assina pelo Estrela Vermelha. Em Belgrado, para a temporada de 1983/84, Ivkovic consegue, finalmente, chegar à titularidade. Esses dois anos no "gigante" do futebol europeu, seriam suficientes para que conseguisse repetir as vitórias alcançadas no seu antigo clube. Mais um Campeonato (1983/84) e uma Taça (1984/85), paralelamente à presença, em 1984, no Europeu de França e à Medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos disputados em Los Angeles, fariam dele um atleta apetecível.
Com os campeonatos europeus ainda muito condicionados ao limite máximo de forasteiros, a saída de Ivkovic para o estrangeiro dar-se-ia pela fronteira austríaca. A escolha pelo país dos Alpes acabaria por levá-lo a uma fase mais discreta da sua carreira. Com passagens pelo Wiener Sport-Club ou pelo Wacker Innsbruck e, ainda por cima, com a Jugoslávia afastada dos grandes torneios internacionais, a cotação do guarda-redes perderia alguma força.
Essa tendência inverter-se-ia já depois da sua estadia na Bélgica. A curta passagem pelo Gent haveria de ser com um prelúdio para um novo capítulo. Apresentado por Sousa Cintra como um dos melhores na sua posição, Ivkovic chegaria ao Sporting para a época de 1989/90. Com um físico imponente, e uma presença entre os postes capaz de assustar qualquer avançado, não custou muito para que se tornasse no "dono e senhor" das redes leoninas. Com os de Alvalade à procura de títulos nacionais, algo que escapava desde 1982, seria nas competições internacionais que o jogador mais brilharia. Nesse sentido, o seu ano de estreia pelos "Leões" ficaria para a posteridade, pela eliminatória frente ao Napoli de "El Pibe" - "Lembro-me que, quando ele chegou a Alvalade, vinha gordo, com barba (...). Começou no banco mas, quando entrou, Alvalade ficou em silêncio, tudo com medo. Em Nápoles (...) voltámos a empatar e, quando chegaram as grandes penalidades, fiz uma aposta num momento decisivo e inesperado. Lembrei-me. Cheguei ao pé do Maradona e saiu-me aquilo. O Maradona ficou surpreendido e o árbitro também. Apostei 100 dólares em como ia defender. Era o quinto penalty e defendi mesmo! No final do jogo, ele foi ao nosso balneário com a camisola 10 e o dinheiro"*.
Apesar do desafio superado, Ivkovic veria a sua equipa ser eliminada dessa edição da Taça UEFA. Curiosamente, alguns meses depois, a mesma dupla voltar-se-ia a encontrar dentro de campo. O contexto, em Junho de 1990, eram os quartos-de-final do Mundial italiano. Desta feita, as camisolas usadas por ambos eram, respectivamente, as da Jugoslávia e Argentina. Mais uma vez, o desfecho do desafio acabaria por se decidir na marca das grandes penalidades. Nova aposta haveria de ser lançada. Contudo, Maradona haveria de recusar. Quanto ao resto, tudo igual! Ivkovic defenderia o “castigo máximo" do astro das Pampas, e a sua selecção acabaria afastada do torneio.
Se estes foram os momentos mais marcantes do seu ano de estreia pelos "Verde e Brancos", os 3 que seguiram fariam dele um dos ídolos da massa adepta do Sporting. É certo que ninguém irá esquecer os seus "golpes de vista". Mas aquilo que, acima de tudo, ficará na memória daqueles que o viram jogar, será a maneira abnegada como defendia as balizas do clube.
Terá sido esta sua faceta mais desprendida que, após ter sido dispensado do Sporting, o levou ao Estoril-Praia. No emblema da "Linha" (corrijam-me, se estiver errado) o contrato que terá assinado, seria, em certa forma, simbólico. Lembro-me de ouvir dizer que não auferia qualquer salário e que a única condição posta por si, terá sido a desvinculação, caso uma outra proposta aparecesse.
A oportunidade surgiria a meio dessa época de 1993/94. O Vitória de Setúbal tornar-se-ia na sua nova casa até ao final da referida temporada. Depois, dando continuidade a essa fase descendente da sua carreira, durante a qual manteve intactas muitas das suas habilidades, Ivkovic começaria a vogar por diversos emblemas.
Belenenses, Salamanca (Espanha) e Estrela da Amadora seriam os passos que antecederiam a sua passagem para a vida de treinador. Tendo, nessas funções, começado no Sporting, a vida de adjunto, entre outros clubes, levá-lo-ia à selecção da Croácia. Hoje em dia, já depois de se ter lançado como técnico principal, é responsável máximo dos croatas do NK Lokomotiva.
* retirado da entrevista de Vítor Hugo Alvarenga, em "Mais Futebol"
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