675 - MICCOLI

Tendo passado pelas escolas do Milan, seria bem mais perto de casa que Miccoli terminaria a sua formação. No Casarano faria também a transição para os seniores, quando, na temporada de 1996/97, é chamado à estreia na Serie C italiana.
Desde esses primeiros anos, as suas habilidades técnicas fá-lo-iam destacar-se dos demais companheiros de equipa. Rápido e com um drible estonteante, a sua principal virtude, todavia, prendia-se com a maneira como sabia ler o jogo. Essa sua visão, aliada a uma qualidade de passe superior, fazia com que o avançado facilmente conseguisse desmarcar os seus colegas. E nisto de ataques, o entendimento que tinha sobre as manobras tácticas, permitiam que Miccoli, vezes sem conta, aparecesse em frente ao guardião contrário e, também ele, concretizasse algumas dessas ofensivas.
O passo seguinte na sua carreira, seria decisivo para aumentar a sua visibilidade. No Ternana e já disputar a Serie B, tudo o que nele era bom pareceu desenvolver-se ainda mais. Essas 4 épocas entre 1998 e 2002, torná-lo-iam num dos grandes fenómenos do “Calcio”. A atenção que, por essa altura, já merecia, levaria a que muitos, inclusive a imprensa, o comparassem a estrelas como Del Piero.
Após os merecidos elogios, o momento em que todo esse louvor se materializou, chegaria com a aposta da Juventus. No entanto, e apesar de contratado pela “Vecchia Signora”, a presença de inúmeros craques na equipa de Turim, fez com que o avançado, logo nessa temporada de 2002/03, fosse cedido ao Perugia. Curiosamente, mesmo afastado das grandes contendas, o seu nome começou a ser cogitado para representar a selecção principal de Itália. A sua primeira chamada à “Squadra Azzurra” aconteceria na mesma partida em que se estrearia um dos nomes mais importantes do futebol português dos últimos anos. Agendado para Génova, esse Itália x Portugal de Fevereiro de 2003, serviria, não só à estreia de Fabrizio Miccoli com a “camisola azul”, mas, igualmente, ao arranque da era Luiz Felipe Scolari.
A ligação do “Pequeno Bombardeiro”, alcunha que ganharia no decorrer da sua carreira, com o nosso país, não ficaria por aqui. Já depois de um regresso, pouco conseguido, à Juventus (2003/04) e de uma passagem pela Fiorentina (2004/05), o avançado seria emprestado ao Benfica. Na “Luz”, mesmo tendo passado por algumas lesões no primeiro ano, a empatia que criou com os adeptos, rapidamente o levariam a tornar-se num dos seus favoritos.
Foram 2 anos em que a magia dos seus passes e a alegria dos seus golos, contagiariam todos aqueles que acompanhavam o futebol das “Águias”. Para o jogador, como o próprio não se cansa de referir, a passagem por Lisboa, tanto em vivências pessoais, como desportivamente, seria extraordinária – “Sem sombra de dúvida que foi a experiência mais bonita da minha carreira, porque me tornei parte de um clube único. Éramos seguidos por adeptos de toda a parte do Mundo e Lisboa é uma cidade fantástica (…).Os melhores momentos da carreira são a estreia pela seleção italiana e o golo [“Champions” 2005/06] em Anfield diante do Liverpool, pelo Benfica”*.
As suas prestações no Campeonato Nacional, mas principalmente a presença na Liga dos Campeões, fariam com que de Itália o voltassem a chamar. Com o Benfica a tentar novo acordo com a Juventus, mas com o clube transalpino a tentar vender o seu “passe”, o destino acabaria por levá-lo até à Sicília. No Palermo passaria os 6 anos seguintes. Durante esse período, a sua paixão pelo jogo, mais uma vez, avassalaria as bancadas. O carinho que tinha dos adeptos e o respeito que a sua entrega conquistaria no balneário, levá-lo-iam a envergar a braçadeira de “capitão”. Por outro lado, os golos marcados, torná-lo-iam no melhor goleador de sempre do clube.
Mesmo amado por todos os adeptos, a sua saída do clube não deixaria de estar envolta em polémica. Tendo sido fotografado ao lado de um dos filhos de um dos líderes da Máfia siciliana, o nome do jogador acabaria por ficar manchado. Tendo sido aconselhado a deixar a região, especulou-se que o futuro do jogar passaria pela Austrália. Mesmo tendo havido um convite por parte dos Melbourne Victory, a escolha de Miccoli passaria por ficar em Itália e no clube do seu coração!
De volta à Serie C, desta feita com as cores do Lecce, o atacante começaria a preparar-se para a despedida. O fim da sua carreira, surpreendentemente, aconteceria em Malta. No Birkirkara, ajudaria a uma campanha europeia bem espantosa. Com um golo do italiano, os malteses conseguiriam, num desafio internacional, a sua primeira vitória forasteira. Esse jogo selaria a passagem à eliminatória seguinte, onde acabariam por defrontar o West Ham.


*retirado de artigo em www.maisfutebol.iol.pt, a 1 de Maio de 2015

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