702 - ELPÍDIO SILVA

Com o arranque da carreira profissional feito no Atlético Mineiro, Silva, passados alguns anos, acabaria por tentar a sua sorte no Japão. No Kashiwa Reysol haveria de chamar a atenção de Vítor Oliveira, que aconselharia a sua contratação aos dirigentes do Sporting de Braga.
Seria desta maneira que o avançado natural de Campina Grande, a mesma cidade onde nasceu o internacional brasileiro Hulk (ex-FC Porto), chegaria a Portugal. Dono de um físico poderoso, a maneira como, no corpo a corpo, conseguia impor-se aos defesas adversários era uma ajuda preciosa no momento de chutar à baliza. Nesse sentido, seriam os seus remates, tantas vezes certeiros, que o levariam a afirmar-se como um dos melhores atacantes a jogar no campeonato português.
 Tendo chegado à cidade de Braga em 1998, os anos que passaria ao serviço dos “Arsenalistas”, torná-lo-iam num dos melhores marcadores da história do clube. Os registos conseguidos durante essas 2 temporadas, fariam com que de outros clubes começasse a surgir o interesse no seu concurso. Quem acabaria por ganhar essa corrida, haveria de ser o Boavista.
Ora, já no Bessa, a sua época de estreia coincidiria com o maior feito do clube. Vindo a ameaçar a hegemonia dos grandes fazia alguns anos, o Boavista de 2000/01 acabaria por surpreender quase todos, menos o recém-chegado ponta-de-lança – “Eu cheguei aqui em 2000, e foi muito engraçado porque quando assinei o contrato disse logo que era para ser campeão pelo Boavista. Toda a gente se riu de mim, mas eu acreditava mesmo que isso ia acontecer”*.
Num grupo que, ao longo da referida época, mostraria grande coesão, Elpídio Silva acabaria por ser a referência no ataque. Contudo, e muito mais do que um dos esteios na conquista do Campeonato Nacional, o atleta, nas épocas vindouras, ajudaria também os “Axadrezados” manter o nível competitivo. A sua presença na Liga dos Campeões, onde havia de marcar em Anfield Road, e a incrível campanha na Taça UEFA de 2002/03, serviriam para o confirmar como um jogador de topo. Tendo isso em conta, o Sporting acabaria por apostar na sua contratação. Em Alvalade, pouco, ou nada, correria de feição para Silva. Não conseguindo adaptar-se à realidade do novo emblema, os números que, até ali, o haviam caracterizado, acabariam por sofrer uma quebra considerável.
Sem conseguir, nem mesmo após um empréstimo ao Vitória de Guimarães, melhorar o seu nível exibicional, a ligação ao clube de Alvalade acabaria por terminar a meio da temporada de 2005/06. Livre de qualquer vínculo, o atleta acabaria por tentar a sua sorte no segundo escalão inglês. Já depois do Derby County, onde, tendo em conta a sua fraca forma física, ter-lhe-ão oferecido apenas contratos mensais, Silva entraria numa fase da carreira um pouco errante.
Coreia do Sul, já depois de um pequeno regresso ao Brasil, e Chipre, seriam os países que marcariam os derradeiros anos da sua carreira. Já depois de se retirar dos relvados, Silva haveria de dedicar-se aos seus projectos pessoais. De volta à sua cidade natal, o antigo avançado acabaria por abrir uma escola de futebol, onde acolhe os meninos mais desfavorecidos. Por outro lado, à beira do terreno onde construiria o necessário “campo da bola”, Silva e a sua esposa, nascida e criada no Minho, inaugurariam um restaurante de comida lusa, a “Adega da Portuguesa”.

 
*retirado da entrevista dada ao http://www.boavistafc.pt, a 14/07/2016

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