Filho de pai cabo-verdiano e mãe sueca, o jovem Henrik haveria de encontrar no futebol uma grande paixão. A jogar pelo Högaborgs desde tenra idade, o que haveria de chamar a atenção dos responsáveis pelo clube, seria habilidade com ele tratava a bola. Ainda assim, e num país onde o físico é uma característica bem presente no desporto, o seu aspecto franzino haveria de travar a sua evolução. Preterido nesses primeiros tempos, só alguns anos mais tarde é que Henrik Larsson haveria de fazer com que a sua técnica conseguisse compensar algumas das suas lacunas físicas. Todavia, a maneira como o haveria de conseguir seria de tal maneira evidente que, com apenas 17 anos, o jovem avançado é chamado à equipa principal.
Mas se foi no Högaborgs que Henrik Larsson deu os primeiros passos no futebol, seria (espante-se!) o Benfica que mudaria a sua carreira. Numa altura em que na “Luz” moravam alguns nomes do futebol sueco, o jovem jogador seria convidado para treinar à experiência. Mesmo não tendo convencido Sven-Göran Eriksson a contratá-lo, o facto de ter conhecido Mats Magnusson haveria de alterar o seu rumo. Ora, quando o avançado deixou as “Águias” para ir jogar no Helsingborgs, este aconselharia o atleta aos responsáveis do seu novo clube. Larsson, que até aí era apenas semiprofissional, aceitaria o desafio. Já Magnusson acabaria por acertar na aposta, e o jovem atleta, que assim passaria a dedicar-se a tempo inteiro ao futebol, rapidamente conseguiria tornar-se numa das estrelas da equipa.
Dois anos no Helsingborgs, e a estreia pela selecção sueca, seriam mais do que suficientes para que outros clubes fossem no seu encalço. Nesse sentido, a época de 1993/94 veria Larsson transferir-se para o Feyenoord. Contudo, os anos que passaria na Holanda não seriam, de todo, os melhores para o jogador. Já depois de ultrapassar as dificuldades de uma normal adaptação, a instabilidade em que o clube andava mergulhado também não ajudaria na evolução do jogador. Por outro lado, a sua presença no Mundial de 1994, servira para confirmar que o atleta não tinha perdido as qualidades que o haviam projectado no futebol. Uma técnica superior, a maneira como se movimentava na frente do ataque e a facilidade com que conseguia marcar golos, faziam dele um dos bons avançados nos anos 90. Ainda assim, as suas prestações no campeonato holandês não serviam para sublinhar esses predicados. As constantes mudanças a que haveria de ser sujeito, tendo sido afastado do centro do ataque para jogar nas alas, ou, até, a maneira algo irregular com que seria chamado à equipa, acabariam por contribuir para o seu (relativo) insucesso.
É desta maneira que, no defeso de 1997, Henrik Larsson deixa o Feyenoord. Com apenas 2 Taças da Holanda no currículo, a sua ida para o Celtic proporcionaria ao jogador aumentar a sua lista de troféus. Contudo, muito mais do que as 4 Ligas, as 2 Taças e as 2 Taças da Liga, o maior feito do sueco seria a conquista da massa adepta. Nesse sentido, as coisas até nem começariam de feição. Logo no jogo de estreia, o atleta cometeria um terrível erro. Dessa sua falha, sairia o golo que haveria de permitir ao Hibernian terminar a dita contenta com uma vitória. Todavia, daí em diante tudo mudaria. Tendo tido um papel importante na quebra da hegemonia do Rangers, que chegou a vencer 9 ligas consecutivas, seria a sua entrega o principal tónico para a paixão dos adeptos. Também nas competições europeias, Larsson haveria de brilhar. O Celtic, em boa parte impulsionado pelos seus golos, conseguiria fazer algumas campanhas de destaque. Realce maior para a caminhada na Taça UEFA de 2002/03. Nessa edição, e já depois de ter eliminado o Boavista nas meias-finais, os de Glasgow encontram no derradeiro jogo o FC Porto. Nessa final de Sevilha, Henrik Larsson marcaria 2 golos. Contudo, a excelente exibição por parte do avançado seria insuficiente para conseguir uma vitória – “Eu preferia não ter marcado os dois golos e termos ganho o jogo. Não é uma memória feliz, mas eu já aprendi a viver com ela (…). Necessitei de muito tempo para ultrapassa-la. Estamos a falar de anos, porque nunca deveríamos ter perdido aquele jogo”*.
Seria já no final da temporada de 2003/04, que a ligação de Henrik Larsson com o Celtic conheceria um fim. 7 anos após a sua chegada e depois de uma interminável série de distinções e conquistas individuais, onde se inclui a Bota D’Ouro de 2000/01, o atacante sueco deixava o carismático emblema escocês. Envergando a braçadeira de capitão e com a face cheia de lágrimas, Larsson, recordista de golos da “Scotish Premier League”, poria um fim à longa relação com o clube. Ele que, durante anos a fio, havia recusado diferentes propostas, acabaria por reconhecer que tinha chegado o tempo de seguir outro caminho.
Surpreendentemente, e tendo em conta os seus 33 anos, o clube que se seguiria na sua carreira haveria de ser o Barcelona. Na Catalunha, mesmo sem ser titular, e com uma grave lesão a assombrar a sua época de estreia, Henrik Larsson acabaria por desempenhar um papel importante. Com um temperamento mais calmo, a sua presença no banco, para, nos momentos finais, entrar em jogo, valeria alguns sucessos ao clube “blau-grana”. Nesse sentido, e com 2 “La Ligas” à mistura, há sempre que destacar a vitória na Liga dos Campeões. Nessa edição de 2005/06, e mais uma vez no papel de suplente utilizado, Larsson acabaria por ser determinante na conquista do troféu. Na final, e já com o Arsenal a vencer, o atacante é chamado a entrar em campo. A rapidez que traria ao jogo seria decisiva e, estando nas duas jogadas dos golos, acabaria por transformar o desfavorável 1-0, num vitorioso 1-2.
Os últimos anos da sua carreira, muito mais do que o regresso à Suécia, trariam uma curiosidade preciosa. Já depois de em 2006 ter assinado pelo Helsingborgs, eis que um antigo “namoro” consegue ganhar corpo. Sem grandes soluções para o sector mais avançado, Alex Ferguson decide ir atrás daquele que tantas vezes tinha tentado contratar. Desta feita, Henrik Larsson não recusaria o convite e, vestindo a camisola do Manchester United apenas por alguns meses, ajudaria na conquista da “Premier League” de 2006/07.
Após os derradeiros capítulos de uma carreira que terminaria bem perto dos 40 anos de idade, Larsson, em 2009, dá início à sua actividade como técnico. Já com passagens pelo Landskrona e Falkenbergs, o antigo internacional, por achar que ainda não está preparado para tamanho desafio, acabaria por recusar a ideia de treinar o Celtic. Enquanto o momento certo não chega, eis que no Helsingborgs (2016), onde orienta o seu filho Jordan Larsson, Henrik dá continuidade à sua vida de treinador.
*retirado da entrevista de Tom English, a 14/08/2015, para a BBC Scotland
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